A Paixão do Duque - Capítulo 730
Capítulo 730: I don’t feel safe
Tilly comia alegremente os biscoitos servidos no quarto. Haviam servido a ela todos os tipos de doces, não deixando espaço na mesa. Héliot observava a mulher do outro lado.
Desde que chegaram ao quarto, os dois não trocaram uma palavra. Tilly apenas se sentou naquela cadeira e então esperou pacientemente que os servos lhe servissem os doces. Agora, mesmo enquanto comia, ela não proferia uma palavra, nem lhe lançava o olhar mais breve. Mantinha os olhos na comida enquanto comia um biscoito, como se estivesse pensando qual comer a seguir. Isso não seria um problema se ela estivesse comendo normalmente, mas suas mordidas eram menores do que as de uma criança pequena.
“Você vai embora depois de comer?” ele perguntou, quebrando o silêncio que reinava no quarto de estar.
Tilly parou e olhou para ele. Ela assentiu.
“Você veio aqui sozinha?” outra pergunta escapou de sua boca, e assim como anteriormente, Tilly respondeu com um aceno de cabeça.
O silêncio caiu mais uma vez no quarto enquanto ela continuava a comer e ele simplesmente a observava. Héliot não era estranho ao silêncio; gostava do silêncio, pois isso lhe trazia paz. No entanto, sua intriga com aquela mulher aumentava consistentemente.
“Você… é a mulher naquela casa, não é?” ele rompeu o silêncio mais uma vez, quase quebrando um recorde, já que raramente iniciava uma conversa casual. Desta vez, Tilly assentiu uma vez, mantendo o biscoito entre os lábios, olhos nele.
“Dizem que você nunca sai da floresta proibida,” ele continuou. “Isso tem algo a ver com o que os La Crox chamam de absorção?”
Tilly assentiu, dando uma mordida cuidadosa e pequena. Ela mastigava cada mínima quantidade como uma vaca, como se fosse engasgar se não mastigasse direito.
“Então é real?” Héliot murmurou. Embora desse a Samael e Stefan o benefício da dúvida, ainda havia uma dúvida persistente em seu coração. Aqueles dois tinham pouca ou nenhuma credibilidade, já que diziam qualquer coisa para atingir seus objetivos. No entanto, Tilly era diferente.
Como um homem que mantinha afiliações com o continente — particularmente a família real — ele ouvira algumas coisas sobre a mulher na floresta proibida. Não havia ninguém no continente que não tivesse ouvido falar dela, já que a floresta proibida era interditada por causa dela.
Não havia muitas histórias a respeito dela, mas todos estavam atentos à sua existência. Alguns a respeitavam por razões inexplicadas, enquanto outros não queriam nada com ela. Em outras palavras, Mathilda, Tilly em resumo, tinha uma reputação que não era feita para assustar ou idolatrar.
Sua reputação no continente era mais como um lembrete de que ela ainda estava naquela terra dos vampiros. Um vampiro mais forte que a família real, e sempre teria o direito de reclamar o trono no continente.
“Você teve notícias dele?” Héliot saiu de sua linha de pensamentos quando Tilly falou pela primeira vez desde que chegou a este quarto.
“Perdão?”
“Dele,” ela repetiu no mesmo tom suave e baixo. “O homem no continente.”
“Por ele… você está se referindo ao rei?” Héliot perguntou para obter alguma clareza. Havia muitos homens e mulheres no continente, então a pergunta dela era muito vaga.
“Mhm. Ele.” Ela assentiu.
“Não.” Ele balançou a cabeça. “A última vez que ouvi falar dele foi há meses. Foi também a época em que a delegação do continente visitou Karo. Posso saber o motivo deste interesse repentino?”
Tilly deu outra mordida e mastigou com cuidado. Felizmente, a paciência de Héliot era longa, pois ela demorou certamente cinco minutos inteiros para mastigar aquela pequena mordida. Quando ela a engoliu, seus lábios se abriram, e ele estava todo ouvidos.
“Nada.”
“…”
Héliot olhou para seu semblante inalterado com sua clássica expressão séria. Será que ele esperou por nada? Ela poderia ter respondido antes de comer! Por que ela tinha que fazê-lo esperar para ouvir aquela resposta de uma palavra?
“Karo é um lugar quente. Vai me fazer evaporar se eu ficar muito tempo,” ela acrescentou, fazendo qualquer um se perguntar de onde isso veio. Que comentário aleatório. “Estou praticando minhas habilidades sociais. Fabian disse que eu tinha melhorado e agora estou convencida.”
“…” Héliot olhou para ela sem a menor mudança em sua expressão. Quanto mais ela falava, mais sua percepção sobre ela mudava. De certa forma, era bastante decepcionante.
“De qualquer forma, posso levar os doces de volta?” ela perguntou, olhando para o banquete de doces na mesa. “Eu gostaria de compartilhá-los com todos.”
“Não.”
Tilly franziu a testa enquanto levantava a cabeça para ele. “Estou implorando.”
“Você tem um problema com o seu tom,” ele apontou. “Você não diz ‘Estou implorando’ como se estivesse simplesmente lendo.”
“Estou implorando,” ela repetiu, ajustando seu tom, mas sem sucesso. Ela soava igual!
Neste ponto, Héliot estava quase atordoado com ela. Esta mulher não tinha noção de como falar com as pessoas, nem sabia como expressar seus sentimentos. Não que Héliot fosse muito melhor, mas Héliot não sabia que isso era um problema, até agora, que ele estava falando com uma parede igual a ele.
“Claro.” Ele cedeu sem sequer lutar, vendo-a assentir com satisfação.
“Vou terminar este biscoito e ir embora,” ela comentou.
Héliot olhou para o biscoito na mão dela. “Você vai levar pelo menos um dia inteiro para terminar nesse ritmo.”
“Eu tenho tempo.”
“Não vou te acompanhar por um dia inteiro.”
“Tudo bem.” Ela assentiu. “Vou te seguir por aí.”
Héliot ficou novamente sem palavras diante da resposta dela. Ele geralmente não respondia às pessoas sempre que sentia que não valia a pena, mas nunca na vida ficou sem palavras. Isso era algo novo para ele, e deixou essa impressão estranha em sua vida padronizada.
“Não acho que gostaria de você ao meu redor,” ele expressou seus pensamentos honestos, fazendo-a franzir a testa. “Eu não gosto nem desgosto de você. Eu simplesmente quero proteger minha paz.”
Tilly piscou duas vezes, absorvendo suas palavras para entendê-las claramente. “Se você morrer… não precisará proteger sua paz.”
“…” Héliot olhou para ela sem expressão e soltou. “Eu não me sinto seguro.”