A Paixão do Duque - Capítulo 658

Capítulo 658: O eu do presente

No reino de Karo, uma próspera metrópole no meio do deserto, era conhecida como a terra do ouro.

Lilou estava apoiando a bochecha na pequena mesa de jantar. Apesar da cozinha espaçosa da mansão em que estavam hospedados nos últimos quatro meses, não havia uma única alma dentro além dos dois.

“Lex… você vai me matar,” saiu uma voz preguiçosa, fazendo beicinho enquanto assistia aquele belo espécime jogar todos os ingredientes dentro da panela. Se ela não o ajudasse a preparar os ingredientes, ela tinha certeza de que ele apenas os lavaria rapidamente e jogaria todos em uma panela fervente como uma bruxa.

Stefan, que estava segurando um prato de batatas descascadas, olhou para cima. Seus olhos imediatamente captaram a figura dela preguiçosamente apoiada na mesa enquanto esperava a comida.

“Se você continuar reclamando, por que não assume?” ele perguntou sarcasticamente, arqueando uma sobrancelha diante da audácia dela. Lilou franziu a testa e estalou a língua em resposta.

“Você está ficando muito mimada,” ele acrescentou desapontado, balançando a cabeça levemente enquanto continuava a despejar o restante dos ingredientes para fazer um ensopado.

“Esta é a sua primeira vez cozinhando para mim. Eu já te ajudei a preparar,” Lilou resmungou, fazendo beicinho enquanto o observava criar veneno para o jantar. “Achei que viveria uma vida luxuosa se viesse com você. Apesar de eu poder agora comer e não ter problemas com comida, estou começando a duvidar se fugir com você é a escolha certa!”

Stefan deixou ela resmungar coisas e fechou a tampa depois de despejar o último ingrediente para seu ensopado. Ele suspirou pesadamente, pegando um pano e secando sua mão, caminhando até a mesa onde ela estava.

“Nós não fugimos,” ele corrigiu, ficando do outro lado da mesa, com uma expressão de quem sabe das coisas em seu rosto. “Estamos neste reino porque preciso ver alguém.”

“Você vai assassinar alguém?”

“Ver, no sentido de encontrar Lulu,” ele enfatizou, observando-a franzir o cenho desapontada. Stefan suspirou mais uma vez. Honestamente, isso não era o que ele esperava que as coisas se tornassem também. Como ele não levou Lilou a um monstro como fez na primeira linha do tempo, ele não esperava que ela fosse tão cansativa de se falar.

Ele sempre soube que Lilou era esperta. Ela era uma Bloodfang. A razão pela qual ele a tornou burra foi quando ele apagou as memórias dela com ele. Burra no sentido de que, mesmo se alguém a usasse, ela seria inútil. Lilou teve sorte ou azar, pois a pessoa que a descobriu primeiro foi Samael.

“Lex!” ele despertou seus olhos quando ela bateu palmas. “Você continua se desligando.”

“Uhhh…” Stefan estalou os lábios enquanto colocava o pano em cima da mesa vazia entre eles. “Então você vai me assistir fazer o jantar?” ele sorriu sutilmente, tentando mudar de assunto, mas Lilou o encarou em silêncio.

“Lex,” ela chamou justo quando seus lábios se abriram mais uma vez. “Você disse que veio do futuro. Digamos que eu acredite em você, então… por que você me procurou? O que um camponês pode fazer para o Reino do Coração que eventualmente se tornará um império?”

Ele piscou duas vezes, um pouco surpreso com sua súbita pergunta. Ele não deveria estar surpreso, já que já havia contado a ela os detalhes vagos, e era esperado que ela fosse investigar um dia. Mas ele ainda estava um pouco surpreso, no entanto.

“Mhm. Por que você está perguntando?” ele respondeu à pergunta dela com outra pergunta, cruzando os braços, apoiando-se na borda da mesa. “Eu te disse que só quando você estiver preparada para ouvir o pior é que te contarei tudo.”

Lilou pressionou os lábios e suspirou. “É só que… eu sei que você gosta de mim e ainda assim, por que você não está fazendo nenhum avanço em minha direção? Parece que você está perto demais, mas há algo que parece… que não estávamos.”

“Acho que ainda não estou pronta para o pior, mas… o que somos no futuro?” ela perguntou em uma voz suave e curiosa, olhando para ele calorosamente.

Houve um momento de silêncio entre eles enquanto se olhavam. Seus olhos opalescentes brilharam, buscando uma resposta clara dele. Lilou franziu as sobrancelhas, capturando aquela melancolia que piscou em seus olhos por um breve segundo.

‘Não é bom?’ ela se perguntou com um suspiro profundo.

“Você… está pronta para o pior?” ele perguntou mais uma vez, sugerindo a resposta para ela, pois era parte do pior que ela precisava antecipar.

‘Eu imaginei isso.’ Lilou estalou os lábios antes de pressioná-los, seus cantos virando para cima. Seus deslumbrantes olhos oliva brilharam, refletindo o simples homem em pé à sua frente.

“Lex.” Ela plantou as palmas das mãos na mesa, olhos fixos nele. “Eu não estou e… não acho que isso importa agora. Não sei que tipo de feitiçaria eu fiz para me tornar alguém relevante no império, mas isso não importa agora.”

Lilou bufou enquanto se apoiava na beirada da mesa com um ar de indiferença. “Quero dizer, tenho certeza de que o que você está fazendo tem algo a ver com o futuro. Mas… eu não sou a futura Lilou. Eu sou a Lilou do presente. O que eu quero dizer é que eu gosto de você e acho que sempre gostarei. Meu futuro… não é minha preocupação agora. Nunca foi uma.”

Isso estava certo. Lilou vivia a vida de uma camponesa. Ela estava acostumada com a vida de se preocupar apenas para sobreviver um dia de cada vez. Foram anos até que ela se tornasse uma pessoa totalmente capaz de vencer um vampiro de sangue puro e poderoso. Ela não mudaria drasticamente em apenas quatro meses.

Stefan sorriu, escondendo a melancolia por trás do sorriso. ‘Você disse o mesmo, Lu…’ ele sussurrou em sua cabeça, recordando sua última conversa com Lilou na primeira linha do tempo.

‘Você me ama, mas não desse tipo de amor. Você sempre vai gostar de mim… mas nunca me amará tão intensamente quanto a ele.’

“Se você realmente gosta de mim, coma bastante esta noite. Sou eu quem está cozinhando.” Ele sorriu de forma brincalhona, seus lábios se esticando mais ao ver seu rosto gradualmente ficar pálido. Stefan clicou a língua continuamente, pegando a concha para dar-lhe um leve golpe.

“Ai!” Lilou esfregou o topo da cabeça com uma profunda carranca.

“Eu não estou criando uma dama mimada.” Ele apontou a concha para esta Lilou chorosa. “Você costumava comer comida estragada. Pare de reclamar agora.”

“Esse é o meu ponto! Eu costumava comer comida estragada, mas por que eu comeria comida estragada se tenho uma opção?”

*bonk*

“Ah…!” Seu argumento lhe rendeu outro amor severo da parte dele. “Isso é abuso!”

“Meu Deus…” Stefan balançou a cabeça mais uma vez, incapaz de imaginá-la como a mesma Lilou do passado, que gostava de torturar nobres para passar o tempo. “Começarei a discipliná-la de agora em diante.”

Lilou reclamou mais uma vez, mas Stefan já havia decidido. Suas vozes ressoaram pela mansão vazia. Ela estava reclamando dele e tentando provar seu ponto, enquanto Stefan se mantinha firme em seu voto de escolher a paz antes da violência.

Mesmo assim, a atmosfera entre eles era leve e calorosa. Muito diferente de como o relacionamento deles começou na primeira linha do tempo, o que o fez se perguntar.

Se Stefan tivesse escolhido esse caminho na primeira vida, haveria a chance de… ela amá-lo com a mesma intensidade de seu amor por seu marido?

Ele poderia não obter suas respostas. No entanto, Stefan olhou para Lilou, que estava explicando seu ponto de vista com a expressão de alguém pronta para arrancar a cabeça dele.

“Eu sempre gostarei de você também, Lulu,” ele expressou do nada, fazendo-a parar de falar para olhar para ele, com os olhos arregalados. “Nunca esqueça disso.”