A Paixão do Duque - Capítulo 651

Capítulo 651: Se você pudesse reverter o tempo, o que faria?

Se você pudesse reverter o tempo, o que faria?

Aquela pergunta cruzou a mente de Rufus pelo menos uma vez em sua longa vida. O que ele faria se pudesse voltar no tempo? Mudaria as coisas? Corrigiria as decisões que achava serem as melhores no momento?

Quando essa pergunta pairava sobre sua cabeça no passado, ele pensava que o resultado era melhor. Portanto, ele não se arrependia de deixar ir embora coisas, relacionamentos e amor. Embora, em algum momento, ele se arrependesse. Especialmente durante as vezes em que estava sozinho à noite, olhando para o céu sem ninguém ao seu lado.

Ou melhor, havia uma certa pessoa disposta a ficar ao seu lado. No entanto, ele não conseguia deixar completamente a mulher que seu coração ansiava.

Silvia entrou em sua vida e quando ela partiu, não deixou a porta de seu coração aberta para outra pessoa entrar.

Não era que ele culpasse Silvia por isso. Como eles terminaram foi culpa de Rufus. A razão, mesmo quando dói, ele sorria sempre que ela sorria, mesmo quando o motivo não era ele. A razão pela qual ele simplesmente olharia para o outro lado sempre que ela se deixava envolver nos braços de outro homem.

Seus olhos, que outrora estavam molhados de afeição, gradualmente se voltaram para outra pessoa. Alguém muito mais merecedor de seu amor, seu futuro e sua felicidade.

Rufus sabia que Silvia estava mais feliz com seu marido. Ela encontrou o amor que a construiu. Essa era a diferença entre ele e Yulis. O amor de Rufus apenas trouxe o pior dela, mas Yulis trouxe o melhor dela.

Pode parecer banal, mas eles eram perfeitos juntos, Silvia e Yulis.

Mas e se ela, Silvia, olhasse para ele com saudade mais uma vez? Aqueles olhos que costumavam olhar para outra pessoa com afeição retornassem para ele?

Isso nunca passou pela sua cabeça no passado, até agora que estavam frente a frente. Rufus olhava para Silvia em um estado de torpor, parado no meio do corredor do palácio interno. Eles não trocaram uma palavra, permanecendo parados como se congelados no tempo.

“Ru,” ela chamou com uma voz suave, sorrindo cansada. Seus olhos amoleceram ao vê-lo. “Faz tempo.”

Sua mão lentamente se fechou em punho enquanto sua mandíbula se apertava ao cerrar os dentes.

Neste tempo, para Silvia, fazia anos desde que ela conheceu Rufus. No entanto, para Rufus, ele a tinha visto algumas semanas atrás porque ela era dama de companhia de sua esposa, Florence.

“Eu não sabia que você visitaria a capital. O que te traz aqui?” ela perguntou suavemente, inclinando a cabeça para o lado.

Não havia dúvida, ele pensou. Ela não conseguia lembrar de tudo, assim como Fabian. Rufus passou por Whistlebird e Cunningham no caminho para cá. Noah e Cameron eram iguais. O primeiro ainda era o nobre rebelde enquanto Cameron ainda adorava Samael.

Tudo… além de Stefan e Rufus — eram as únicas pessoas que Rufus tinha certeza de que estavam cientes da reversão do tempo — todos não conseguiam se lembrar.

O Grande Império do Coração, Lilou, Law, Tilly, Kristina, Ramin, Charlotte… a lista continua.

As pessoas não podiam se lembrar delas, nem podiam se lembrar de suas memórias juntas. E ainda assim, lá estava ele, enfraquecendo à vista da mulher que ele ansiava. Só porque ela não conseguia lembrar de Yulis e de seu amor por seu marido. Ele estava vacilando apenas porque Silvia… sua Silvia estava olhando para ele com óbvia afeição.

“Você se juntaria a mim para uma xícara de chá?” ela perguntou, interrompendo seus pensamentos enquanto ele piscava. “Eu realmente apreciaria se você aceitasse, mas… eu entenderei se tiver assuntos importantes a tratar.”

“Silvia,” saiu uma voz firme, respirando fundo. Seus olhos cintilaram com amargura.

Se ele pudesse ser egoísta por um dia, poderia amá-la por um dia? Ele estava autorizado a expressar seu coração apenas uma vez?

“Eu aprecio seu convite, Vossa Alteza Real.” — é claro que ele não poderia. “Mas, enfim, eu vim aqui para ver Sua Majestade. Perdoe-me por recusar você.”

Rufus inclinou-se ligeiramente, fortalecendo seu coração antes de dar um passo à frente. Ele olhou adiante, mãos ainda cerradas em punho, passando por ela assim como havia feito no passado. Naquela época, fazer isso trouxe dor ao seu coração, mas devastou-a. Mas agora… ele se sentia igualmente devastado, sentindo seu coração afundar.

Esse reverso do tempo… estava começando a se tornar torturante, com certeza. Rufus tinha uma consciência. Mesmo que amasse Silvia, ele não poderia trair ela ou Yulis.

Logo antes de Rufus virar à direita, ele parou. Uma figura surgiu na direção que ele iria seguir e ele, também, parou na presença de Rufus.

“Sir Barret, que surpresa vê-lo aqui,” Yulis cumprimentou com um ar calmo em torno dele, piscando os olhos devagar.

‘Realmente… irritante…’ Rufus rangia os dentes em silêncio, olhando de volta para Yulis. “É bom vê-lo, Vossa Alteza. Espero que tenha um bom dia.”

Com isso dito, Rufus marchou em frente e passou por Yulis. Este último apertou os lábios em uma linha fina, olhando de volta para Rufus antes de fixar os olhos em Silvia, não muito longe. Mesmo sem perguntar a ela, ele já adivinhou o que acabara de acontecer.

Silvia franziu a testa e revirou os olhos ao ver o sorriso de Yulis. “Deixe-me em paz.”

“Vossa Alteza Real… você foi rejeitada novamente?” Yulis provocou enquanto corria para segui-la.

“Vá embora!”

Ele riu, diminuindo o passo enquanto caminhava ao lado dela. Ele inclinou a cabeça para trás, olhos em Silvia.

“Você viu Cassara?” ele perguntou.

“Não, e eu não quero lidar com ela.” A expressão de Silvia estava indiferente e afiada como sempre, muito diferente de como ela se apresentava na frente de Rufus. “Ela vem agindo de forma muito estranha há dias.”

Yulis balançou a cabeça enquanto diminuía o passo em frente à janela. Lá, no jardim, estava Cassara fazendo uma caminhada pacífica.

“É como… ela amadureceu da noite para o dia,” ele murmurou, arqueando uma sobrancelha quando Cassara de repente ergueu a cabeça e o olhou. Cassara sorriu docemente assim que seus olhos se encontraram, fazendo Yulis tremer.

“Meu Deus… ela é assustadora.” Ele esfregou os ombros, apenas para perceber que Silvia não esperou por ele. “Silvia, espere por mim.”