A Paixão do Duque - Capítulo 637

Capítulo 637: A dama de companhia

Aquela manhã, após a primeira noite deles, Florence acordou sem Rufus ao seu lado mais uma vez. A dor em sua região inferior era suportável, já que ele a embalou com cuidado. Mas a dor e a decepção em seu coração eram difíceis de ignorar.

Seria melhor se Rufus fosse rude e cruel. Para ela, seria melhor se ele a fizesse sentir que era apenas uma ferramenta. No entanto, suas palavras cruéis e suas ações gentis eram confusas.

Como ela poderia odiar o homem que a olhava apaixonadamente? Mesmo que fosse apenas brevemente e por causa da luxúria, ela sentia como se Rufus fosse dela. Que aqueles olhos afiados podiam vê-la apenas por um momento.

Florence abraçou seus joelhos com o rosto enterrado neles. Ela não conseguia conter as lágrimas que escorriam de seus olhos enquanto a vergonha lentamente a consumia por dentro. Ela não amava Rufus, ou melhor, estava disposta a amar seu marido.

No fundo, ela desejava tornar esse casamento político mais suportável aprendendo a amar o homem com quem passaria o resto de sua vida. Mas ele deixou claro que isso era impossível.

Suas lágrimas eram por decepção? Vergonha? Talvez um pouco de tudo.

Aquela manhã, Florence teve que se forçar a se recompor. Ela simplesmente chorou em silêncio e sorriu quando Lavina chegou. Embora seus olhos estivessem inchados, ela usou uma desculpa boba, mas convincente, para não preocupar sua empregada pessoal.

Era como se nada tivesse acontecido ou ela não estivesse com dor enquanto passava o dia. E assim, já fazia uma semana desde que consumaram seu casamento. Florence não via seu marido desde então. Felizmente, seu treinamento para ser a empressa adequada a mantinha ocupada e a distraía de seu casamento já fracassado.

*Toc, toc*

“Entre.” Ela levantou a cabeça, olhos na porta enquanto estava sentada atrás da mesa do escritório da imperatriz. Suas sobrancelhas se ergueram quando uma cavaleira entrou.

“Duquesa Remington, o que a traz aqui?”

“Saudações a Vossa Majestade, a Imperatriz.” Kristina colocou a palma da mão sobre o peito, curvando-se formalmente assim que entrou no escritório. “Vim aqui por ordem de Sua Majestade sobre sua dama de companhia.”

Kristina marchou até a mesa e colocou os documentos sobre a mesa dela. “Aqui estão os nomes das candidatas para dama de companhia de Sua Majestade.”

“Oh…” Kristina estudou a imperatriz enquanto esta pegava os documentos e os checava um por um. “A Marquesa de La Lona é uma delas?”

“A Marquesa é a recomendação de Sua Majestade para você. Considerando seu status, origem nobre e contribuição para o império, ela era perfeita. No entanto, Sua Majestade quer deixar a decisão para você,” ela explicou, observando Florence acenar em entendimento.

“Mas por quê?” Florence inquiriu, fazendo Kristina franzir a testa.

“Perdão?”

“Ouvi muito sobre a Marquesa de La Lona. Embora ser minha dama de companhia possa ser considerado uma honra para a maioria das nobres, não acho que ela seja do tipo.” Ela apontou com um sorriso gentil e compreensivo, pegando Kristina de surpresa. “Não se surpreenda, Duquesa Remington. Estou apenas ponderando se a Marquesa não acharia ofensivo.”

“Claro que não, Vossa Majestade.” Os olhos de Kristina suavizaram enquanto parecia haver mais na imperatriz do que aparentava. Bem, ela era irmã de Héliot. Não era surpresa que ela estava cumprindo suas funções como imperatriz mesmo antes de se adaptar ao novo ambiente.

“A Marquesa é uma senhora sábia. Tenho certeza de que ela ficaria mais do que feliz em ajudá-la.”

Florence pressionou os lábios enquanto a olhava. “Então, se você diz assim.” Ela deu de ombros, não revisando mais os outros documentos. “Vou enviar-lhe uma carta.”

“Sua Majestade pode fazer isso…” Kristina interrompeu quando a imperatriz balançou a cabeça levemente.

“Por favor, diga a Sua Majestade que gostaria de enviar um pedido à Marquesa, em vez de um decreto real.”

“Uh… se é isso que Sua Majestade quer. Vou transmitir a mensagem a Sua Majestade.”

“Obrigada, Duquesa.”

Kristina fez uma reverência e sorriu de forma envergonhada antes de sair. Assim que a porta se fechou atrás dela, ela olhou para trás e suspirou.

‘Não posso esperar nada menos da irmã do Príncipe Héliot. Sinto pena dela por ter se casado com uma muralha ambulante.’ Outro suspiro escapou dos lábios de Kristina, pensando que Héliot ofereceu sua inteligente irmã para ser a imperatriz. Mas ela parecia do tipo que se apaixonava facilmente por homens, especialmente por homens como Rufus.

Alguém que conseguia fazer uma dama se apaixonar por ele com seu charme. Não apenas pela aparência, mas as ações de Rufus geralmente confundem o coração de uma dama. Não que ele fizesse isso intencionalmente. Ele era apenas um sedutor natural.

‘Eu costumava gostar de Sua Majestade, mas… ele realmente não é do tipo que arrisca o coração por alguém,’ Kristina se afastou enquanto coçava a parte de trás da cabeça.

No meio do corredor, Kristina de repente parou. Ela piscou inúmeras vezes enquanto a realização lhe ocorria agora mesmo.

“A Marquesa, o Imperador e a Imperatriz…” ela engasgou, cobrindo a boca com a palma da mão. “… tudo ficará bem, certo? Silvia agora tem Lorde Yulis e Sua Majestade já seguiu em frente.”

Kristina ruminou sobre a situação, descartando o passado enquanto todos já seguiram em frente. Neste momento, eles eram todos apenas amigos, independentemente de suas funções e status. Todos mantinham contato, embora raramente se vissem pessoalmente.

“Certo… tudo ficará bem. Silvia e Sua Majestade agora eram apenas amigos; bons amigos.” Ela bateu no peito, retomando seus passos. “Sua Majestade não entenderá mal. A Marquesa é muito mais sensível do que Sua Majestade. Então, tenho certeza de que ela esclarecerá as coisas antes que um mal-entendido possa acontecer.”

Kristina não estava errada em sua conclusão. Silvia era madura e uma mulher, assim como Florence. Portanto, ela não faria nada para criar uma barreira entre Rufus e sua esposa. Pode ser um casamento político, mas a Marquesa não faria nada que pudesse intencionalmente magoar outra mulher.

No entanto, um mal-entendido deveria ser a menor das preocupações deles. Porque às vezes, mesmo sem uma terceira parte envolvida, um casamento está fadado a fracassar se apenas um estiver disposto a se abrir.