A Paixão do Duque - Capítulo 583
Capítulo 583: O que não foi escrito na história II
“Eu acho que você não quer mais a sua cabeça anexada aos seus ombros, Héliot.” Os olhos de Samael, que não mostravam absolutamente nada, fixaram-se nele. Vida ou morte não significavam mais nada para ele.
Poder?
Dever?
A única razão pela qual Samael assumiu a posição de imperador foi que ele queria proteger sua amada esposa.
Mas agora que ele a havia perdido… Samael não via nenhuma razão para não queimar esta terra maldita.
“Seu…” Héliot apertou a manga de Samael, mas sem sucesso. Samael era mais forte que ele, especialmente em seu estado atual.
“Vossa Majestade, por favor, ouça –” Fabian nem conseguiu terminar sua frase quando uma força repentina o lançou contra a parede.
“Fabian, você ousou mostrar seu rosto para mim. Isso significa que você não valoriza mais sua vida? Então eu não me importo em levar duas como aquecimento.” Samael olhou para onde Fabian caiu, rindo fracamente. “Este Império do Grande Coração… e todas as pessoas nele… terão que morrer.”
Samael fez uma pausa enquanto olhava para Héliot, apertando seu pescoço com mais força. “Esta terra tirou a vida da minha esposa. Eles roubaram a vida que eu mais valorizo neste mundo, então eu roubarei a vida deste mundo.”
Assim que Samael deixou essas palavras, seus olhos se estreitaram enquanto apertava o pescoço de Héliot ainda mais. Ele iria matar Héliot e depois Fabian, e depois todos que viessem em seu caminho. Samael estava decidido a destruir este mundo por completo — exatamente como ele o destruiu.
Héliot ofegou por ar, observando o nascimento de um monstro cuja finalidade era destruir o mundo. Ele não podia morrer sem deixar Samael ouvir sua proposta. Mas… com Samael decidido a matá-lo com olhos mortos, Héliot estava perdendo suas opções para detê-lo.
“Pai…” De repente, a voz de Law chegou ao ouvido de Héliot enquanto observava os olhos de Samael desviarem-se atrás dele.
Law desviou seus olhos de Héliot na mão de seu pai e depois para Fabian. Seus olhos então capturaram a figura na cama, fazendo com que cerrasse suas mãos antes de voltar seus olhos para Samael. Sem uma palavra, Law aproximou-se de seu pai e segurou na barra da camisa de seu pai.
“Pai…” Seus olhos ardiam enquanto ele olhava para a frente fria de Samael. “Mãe não ficará satisfeita se ela ouvir sobre isso.”
Samael soltou Héliot enquanto olhava para seu filho. O espaço entre suas sobrancelhas se enrugou, engolindo a tensão em sua garganta. Ainda havia uma razão para ele lutar, ele pensou. Esta pequena coisa aqui, o fruto do amor deles, ainda estava aqui.
“Pai,” Law chamou em uma voz abafada enquanto seu pai abaixava-se na sua frente. “Por favor, não me deixe também.”
Pela primeira vez, Law mostrou algo que não havia mostrado a seu pai no passado. Isso foi se tornar uma criança na frente dele enquanto avançava, envolvendo seus braços em torno do pescoço de Samael enquanto chorava.
Enquanto Law chorava, a expressão de Samael se desfez. Ele cuidadosamente colocou sua mão nas costas pequenas de seu filho, enterrando seu rosto no pequeno ombro dele, e chorou.
‘Você… me salvou mais uma vez, meu filho,’ ele pensou, lembrando-se de que Law também o salvou quando Samael não conseguia ver a luz nessa escuridão interminável em que ele estava preso há muito tempo.
“O que… eu vou fazer, Law?” ele perguntou através dos dentes cerrados, a voz trêmula. “É minha culpa… Eu não posso proteger sua mãe.”
Law mordeu o lábio inferior enquanto ele também não sabia o que fazer. Antes, os dois só podiam esperar que Lilou acordasse, não importando quanto tempo lhes levasse. Mas agora… eles não podiam mais fazer isso porque não havia ninguém para esperar. Lilou não acordaria mais. Isso estava matando os dois também.
Como… os dois aceitariam isso? Especialmente Law, que só pôde passar um curto tempo com Lilou. Eles deveriam deixá-la ir? Eles não podiam fazer isso. Mesmo se quisessem, não podiam. Eles não tinham coragem para fazer isso — isso destruiria não apenas Samael, mas Law também.
Héliot tossiu enquanto massageava o pescoço, observando Samael desmoronar enquanto abraçava seu filho. Se Law não tivesse vindo, Héliot tinha certeza de que ele teria morrido e Fabian também.
Ele respirou fundo, querendo aproveitar essa oportunidade antes que fosse tarde demais. “Vossa Majestade, como eu estava dizendo, Sua Majestade precisa de um enterro adequado o mais rápido possível. Ela precisa morrer… pelo menos, no conhecimento do povo.”
Héliot observou as costas trêmulas de Samael enquanto não recebia uma resposta. Então, ele aproveitou esta oportunidade para explicar.
“Nosso plano é que você passe a coroa suavemente, com razões suficientes que possam fazer o povo aceitar o próximo monarca. A morte de Sua Majestade dará mais razões para o povo respeitar isso. Afinal, todos amavam Sua Majestade e entenderiam o coração do imperador,” ele continuou no mesmo tom, observando Samael levantar a cabeça para ele.
“Héliot, só porque meu filho está aqui, não significa que eu não vou te machucar,” Samael alertou ao fixar seus olhos de volta nele.
Héliot manteve sua expressão firme sem desviar o olhar dele. “Estou dizendo essas coisas pelo bem de Sua Majestade. Se você a quer de volta, devemos prosseguir com nosso plano. Quanto mais cedo melhor, porque você… precisa se apressar e levar os restos dela para o continente. Isso é, se você quiser Lilou de volta.”
Desta vez, Law também levantou a cabeça e olhou para Héliot, não muito longe deles. Ele soluçou, fitando Héliot como se ele fosse sua única esperança. Samael também franziu o cenho enquanto estreitava os olhos.
“Os Grimsbanne são puro-sangues originais que praticavam bruxaria antiga. Ainda há uma Grimsbanne pura que permanece no continente.” Héliot olhou para Fabian. “Tenho certeza de que o mordomo sabe de quem estou falando.”
Fabian respirou fundo enquanto assentia. “Mathilda Grimsbanne.”
“Tenho certeza de que ela será de ajuda, Vossa Majestade.” Héliot voltou seus olhos para Samael solenemente. “O tempo está correndo, Vossa Majestade. Eu… também estimo a vida de minha amiga e não quero vê-la acabar aqui.”
Aquela conversa foi o que os levou ao tempo atual no continente. A conversa que não foi registrada na história.