A Paixão do Duque - Capítulo 582
Capítulo 582: O que não foi escrito na história
Três anos atrás, quando Lilou levou o golpe por Samael, ela morreu. Sim, ela morreu. Foi um ataque fatal que mataria um poderoso vampiro de sangue puro. Portanto, o corte em suas costas era uma ferida que não cicatrizaria, perdendo muito sangue.
Samael não disse uma palavra depois disso e carregou sua amada esposa nos braços e voltou para a casa deles. Nem mesmo os gritos das pessoas que lutaram ao lado dela o impediram — aqueles cidadãos valentes que pegaram suas armas até caíram de joelhos ao ver o imperador com a imperatriz em seus braços.
O sangue dela deixou um rastro no caminho de seu marido.
Aquela noite… todos acreditavam que a morte de Sua Majestade também havia encerrado a aparentemente interminável noite de terror. Todos só podiam assistir as costas do imperador enquanto ele se dirigia para dentro da propriedade, levando Lilou para o quarto deles para descansar.
Graças a Héliot e Rufus, que se obrigaram a continuar, resolveram as questões no sul. Com a ausência do imperador, porque Samael não deixou o quarto por dias, os dois se uniram junto com outros vassalos de Samael para resolver as questões do feudo quase arruinado.
A união nunca aconteceu no continente, pois tramas e oposição ocorrem frequentemente. Mas o sul provou que a união era possível. Aqueles nobres que detinham poder e influência por todo o sul emprestaram seu conhecimento e cooperaram com o jovem conde para recuperar suas perdas.
Uma semana se passou, e Minowa estava se recuperando lentamente. Mas, infelizmente, nenhuma palavra foi ouvida de Samael. Até mesmo Law, que acordou uma semana depois, só pôde ficar em frente à porta de seus pais, olhando para ela com olhos cheios de preocupação. Ele ouviu tudo, mas não queria acreditar em uma palavra.
Mas Law não conseguiu reunir coragem para entrar neste quarto. Ele não teve a coragem de ver o que veria lá dentro. Ele não teve o coração, nem estava preparado para ver sua mãe deitada na cama mais uma vez.
“Mãe…” saiu uma pequena voz, plantando a palma da mão na porta que o separava de seus pais. “Pai…”
Enquanto isso, dentro do quarto, Samael estava sentado na poltrona ao lado da cama. Lá estava Lilou, sua amada esposa. Seus olhos estavam vazios, olhando para ela, piscando raramente. Depois que ele carregou Lilou de volta para o quarto deles, ele a limpou. A água na banheira até ficou vermelha enquanto ele a limpava, até mesmo a sujeira presa em suas unhas.
Dias depois, ela ainda não tinha acordado, e ele simplesmente ficou lá por dias. Samael sabia que ela nunca acordaria de novo, mas ele ainda esperava pelo milagre impossível. Ele se apegava àquela pequena esperança de que ela lutaria contra a própria morte — embora fosse ridículo.
“Law está do lado de fora,” saiu uma voz morta, quebrando o silêncio sufocante dentro do quarto. “Nosso filho… está do lado de fora esperando você para brincar com ele.”
Lilou não respondeu… assim como não respondeu aos gritos dele na primeira noite. Samael abaixou a cabeça, olhando para suas mãos trêmulas enquanto seus cotovelos repousavam em suas pernas.
Ele ainda podia senti-la. Suas mãos ainda podiam sentir o peso do corpo dela e como o calor do corpo dela lentamente escapava dela. Ele ainda podia se lembrar de como ela lentamente ficava fria sob seu aperto, forçando-o a parar de tocá-la com medo de sentir seu corpo rígido.
“Foi minha culpa,” ele sussurrou, enterrando o rosto nas mãos. “Ela não pode… morrer.”
Mais uma noite passou com Samael lamentando e se culpando, pensando em maneiras de ressuscitá-la. Ele até pensou em procurar bruxas para trazer os mortos à vida, mas não conseguia pensar em nenhuma bruxa que conhecesse, pois ele matou todos que encontrou em sua longa vida.
Samael quebrou a cabeça dia e noite, perdendo a conta de quantos dias se passaram. Às vezes, ele sentia a presença de seu povo do lado de fora da porta, mas ninguém além de Rufus e Ramin tinha coragem suficiente para falar do lado de fora da porta. O que quer que eles relatassem a ele, nada registrava na cabeça de Samael.
Ele tratava todos os relatórios como ruídos que ouvia constantemente.
Até que uma noite, Héliot finalmente o visitou com Fabian. Héliot não ficou do lado de fora, mas bateu na porta e pediu permissão para entrar. Embora não tenha recebido permissão para entrar, ele entrou mesmo assim. Assim que pisou dentro, seus olhos pousaram na figura perturbada de Samael e na morta deitada fria na cama.
Ao contrário de quando colocaram Lilou para dormir, ela parecia realmente morta. Ela estava tão pálida quanto o lençol, sem sinal de vida nela. Podiam perceber que ela já estava morta — embora um agradável cheiro de flores se misturasse ao cheiro do sangue seco.
“Vossa Majestade,” Héliot falou para ganhar a mínima atenção de Samael. “Eu sabia que Rufus e Ramin estavam lhe relatando sobre as questões do sul, mas vim aqui porque… Sua Majestade precisa de um funeral adequado.”
Sem resposta.
Héliot olhou para Fabian, que estava olhando para as costas de Samael em silêncio. Um suspiro raso escapou de seus lábios antes de voltar os olhos novamente para Samael.
“Se você mantê-la aqui, ela logo se decomporá,” ele acrescentou em tom solene, sabendo que isso poderia desencadear Samael. “Ela merece descansar em paz. Dê ao povo uma chance de lamentar pela morte da mãe da nação.”
Samael piscou os olhos gentilmente. “Héliot, mais uma palavra, e o povo do Reino de Karo lamentará por você.” Sua voz estava morta e vazia, mas sabia-se que não era apenas uma ameaça vazia. Era a benevolência de Samael por lhe dar um aviso. Héliot sabia que da próxima vez, Samael não apenas falaria, mas tomaria ação.
Mas isso não foi suficiente para detê-lo. Samael era o imperador, e eles tinham chegado até aqui. Portanto, não podiam parar.
“A morte dela…” Héliot interrompeu enquanto uma mão de repente agarrou seu pescoço, levantando-o com uma mão como se ele não fosse nada.
“Acho que você não queria mais sua cabeça presa aos ombros, Héliot.” Os olhos de Samael, que não continham nada, olharam para ele. Vida ou morte não significavam mais nada para ele. Poder? Dever? A única razão pela qual Samael assumiu o cargo de imperador foi que ele queria proteger sua amada esposa.