A Paixão do Duque - Capítulo 134

134: Claude 134: Claude O ar denso e sufocante pairou sobre nossa mesa. Sam e o garotinho mal piscavam.

Eu queria falar e quebrar esse ar sufocante ao nosso redor. No entanto, não consegui. As palavras ficaram presas na minha garganta. Tudo o que pude fazer foi desviar meus olhos de Sam para o menino.

Sam estreitou os olhos, estudando o menino. Embora este último continuasse adorável, ele não vacilou sob o olhar tão intimidador.

‘Como ele poderia…’ Afastei meus pensamentos.

Eu não queria duvidar desse menino agora. Afinal, já que era jovem, o medo dele poderia facilmente se tornar confiança. Ele talvez não soubesse o quão perigoso Sam poderia ser.

Embora acreditasse que Sam não machucaria uma criança, eu não queria que eles se desgostassem. Algo em mim queria que eles se aproximassem.

“Que tal uma sobremesa?” Juntei uma coragem de uma vida inteira para forçar essas palavras a saírem da minha boca.

“Sobremesa?” O garotinho soltou ao se virar para mim, inclinando a cabeça um pouco.

“Sim! Doces!” Bati palmas, fingindo não sentir a aura intimidadora de Sam. Mesmo que não houvesse fogo, eu podia ouvir o som crepitante das chamas invisíveis ao redor de Sam.

“Doces…” o menino murmurou pra si mesmo, piscando confuso.

“Você vai gostar deles.” Sorri e acariciei sua cabeça gentilmente.

Ele corou e sorriu brilhantemente. Ele agia como uma criança diante de mim, mas como ele poderia ter uma disputa de olhar com Sam, como se nada? Quase pensei que esse garoto estava desafiando Sam.

Mas ignorei. Provavelmente era minha imaginação, pensei.

“Certo. Vou pegá-los.” Assenti para ele antes de me virar para Sam.

Sam estava franzindo a testa. Os braços cruzados, seus olhos mostravam desinteresse. Ver sua expressão apertou meu coração. Senti culpa por ele, já que esse deveria ser nosso dia juntos.

No entanto, eu não poderia fechar os olhos para uma criança abandonada. Um suspiro escapou dos meus lábios.

Lentamente, estendi meu braço pela mesa. “Vamos ajudá-lo a encontrar seu tio, e então faremos como planejado, ok?”

Mexi os dedos, sugerindo que ele segurasse minha mão. Sam desviou o olhar irritado. Ainda assim, ele alcançou minha mão e a segurou.

“O que mais eu posso fazer? Você vai fazer o que quiser, de qualquer forma.” Ele reclamou num tom baixo.

Não pude evitar de dar uma risadinha. Sam estava certamente descontente, mas eu podia sentir que ele não me amava menos. Aprecio a consideração dele e seu entendimento incondicional.

“Sam… Eu –”
“Tia, doces.” De repente, o menino segurou minha outra mão e a puxou levemente.

Seu gesto chamou minha atenção enquanto eu olhava para ele. Sorri, mas assim que o fiz, Sam apertou levemente minha mão. Virei minha cabeça de novo para Sam.

“Acho que você estava tentando dizer algo?” Sam sorriu enquanto piscava lentamente.

“Ah… Eu —”
“Tia Lilove…” Mais uma vez, o garotinho puxou minha mão e então Sam apertou levemente a outra mão.

“…” Fiquei sem palavras. Justo quando pensei que eles haviam feito as pazes, mas eles ainda estavam nisso.

“Tia Lilove?”

“Minha Lilove?”

Trinquei os dentes, sentindo minhas têmporas latejarem. Quando me chamaram novamente, puxei minhas mãos lentamente do aperto deles. Mantendo um sorriso forçado enquanto desvia meus olhos do garoto para Sam.

“Vocês dois.” Respirei fundo. “Eu vou pegar alguns doces, tudo bem? Vocês podem se comportar? Sam? Por favor?”

“Por que você está só dizendo isso para mim? Aquela coisa ali que começou.” Sam estalou a língua enquanto franzia a testa.

*suspiro* “Ele tem um nome, Sam.” Virei para o garoto. Levantando as sobrancelhas. “Você é…?”

“Claude.” O garoto franziu a testa enquanto soltava um suspiro. Que nome bonito.

“Claude, Tio Sam não é uma pessoa má. Ele apenas valoriza muito a Tia. Então, você pode, por favor, ouvir o Tio?” Sorri, falando com ele mais suavemente já que eu não queria machucá-lo emocionalmente.

“Me desculpe, Tia Lilove.” Claude apertou os lábios enquanto seus olhos de cervo se encheram de lágrimas.

“Está tudo bem.” Meu coração derreteu enquanto suspirava desamparadamente. “Tia e Tio vão ajudá-lo a encontrar seu tio, certo? Por enquanto, comporte-se.”

“Sim, Tia Lilove. Por favor, não fique brava comigo.”

“Ah não. Eu não estou.” Acariciei sua cabeça amorosamente.

“Você não está?” Claude animou-se, seus olhos brilhando de esperança. Sorri com o quão adorável e inocente ele era.

“Eu não estou. Mas não irrite o Tio, tudo bem? Vou ficar brava se você não respeitá-lo.” Declarei firmemente.

“Certo.” Ele assentiu relutantemente enquanto olhava para Sam. Quando o fez, sua expressão mudou levemente.

Virei para Sam para ver por que a expressão de Claude havia mudado. Mas Sam estava apenas sorrindo. Provavelmente vi errado, pensei.

Mal sabia eu, Sam estava colocando a língua para fora quando Claude olhava para ele.

“De qualquer forma, vou pegar alguns doces. Vocês dois se comportem, certo?”

Pela última vez, desvie meus olhos determinados de Sam para Claude. Ambos assentiram com a cabeça relutantemente.

“Deixe-me ajudá-la.” Sam ofereceu, levantando-se. No entanto, eu parei ele levantando a mão e balançando a cabeça.

“Cuide de Claude. Não vai demorar.”

“Mas —”
“Está tudo bem.” Cortei Sam abruptamente antes que ele pudesse argumentar. Sam franziu a testa enquanto se sentava descontente.

Suspirei. Eu pediria a Sam para me ajudar, mas não queria deixar Claude sozinho. O tio dele o abandonou. Eu não queria que ele se sentisse ansioso esperando por mim e por Sam.

Eu poderia ter pedido a Sam para fazer isso. Mas eu queria dar-lhes tempo sozinhos, na esperança de que eles se dessem bem com minha breve ausência.

“Realmente, a única exceção de Sam sou eu. Embora, ele tenha sido mais compreensivo considerando que estava se segurando.” Murmurei sob minha respiração.

Conhecendo Sam, ele sequer concordaria em levar Claude conosco. Eu deveria compensá-lo depois de levar Claude para as autoridades de Cunningham.

Obviamente, Claude só ficaria mais cansado se fosse conosco por mais tempo. Era melhor pedir ajuda às autoridades enquanto Claude esperava por notícias. Se realmente fosse abandonado, eu pedirei a Cameron para cuidar dele.

“Esse é o plano.” Sussurrei ao me aproximar da seção de doces do restaurante.

Venha aqui.

De repente, ouvi uma voz na minha cabeça, que me fez pausar.

Venha.

Lentamente, virei minha cabeça na direção da voz. Meus olhos imediatamente cairam sobre um homem encapuzado vestido com uma capa saindo do local.

Ele olhou para trás para mim. Por causa do capuz, eu não conseguia ver seu rosto, apenas seu sorriso.

Antes que eu soubesse, meus pés se moveram sozinhos e o seguiram. Eu sabia que não devia ir sozinha. No entanto, não consegui me impedir de seguir os passos do homem.

“Espere…” Sussurrei, correndo enquanto tentava desesperadamente alcançá-lo.

‘Não, Lilou. Você não deve!’ Quando virei em um beco, finalmente parei ao ouvir uma voz de mulher na minha cabeça.

“Lara?” Eu sussurrei. Pisquei meus olhos, olhando para o beco vazio e escuro apesar do auge do dia.

“Por que estou fazendo…?” Murmurei antes de congelar. Atrás de mim, há uma presença poderosa.

Trinquei os dentes enquanto cerrava as mãos em um punho apertado. Meu instinto me dizia para lutar e escapar. No entanto, antes mesmo que pudesse, senti algo atingir minha nuca e então escuridão.