A Paixão do Duque - Capítulo 10

10: Samael La Crox 10: Samael La Crox O batimento ansioso do meu coração ressoava em meu ouvido enquanto o silêncio prolongado continuava, aumentando o choque e o espanto de todos. O que estava acontecendo? Por que Sir Rufus se ajoelharia diante daquele lunático? E… ele acabara de chamá-lo de Samael?

Samael… eu já ouvi esse nome antes. Esse era o nome do nobre Duque de Grimsbanne. O Duque que estava em seu sono por séculos. Ele era a pessoa que havia fundado a terra onde estou hoje.

O Sir Rufus disse que este lunático de cabelos prateados, o homem que me reivindicou como sua refeição reservada, era o mesmo Senhor Samael?

Impossível…

“Rufus, sua maneira de dar as boas-vindas ao meu retorno é de alguma forma irritante. Como ousa invadir aqui e roubar a atenção daquela menina de coração volúvel e boba de mim?” Samael perguntou, me lançando um olhar ameaçador.

“Por favor, perdoe minha insolência, Vossa Graça. No entanto, desde o seu desaparecimento na noite passada e o evento de hoje, precisei confirmar se você realmente despertou do seu sono ou se alguém ousou mover seu corpo para outro lugar.” Rufus explicou em tom educado.

Não, isso não pode estar acontecendo, eu disse a mim mesma. Isso… aquele homem… ele não poderia… Eu estava conseguindo apenas metade da minha convicção de que isso não era real quando todos os cavaleiros subitamente se ajoelharam, com os punhos sobre os peitos.

“Perdoe nossa grosseria, Vossa Graça. Fui incapaz de reconhecer sua senhoria e permiti que minha boca ultrapassasse meus limites. Por favor, me puna de acordo!” O cavaleiro que estava gritando anteriormente pediu desculpas.

“Oh, sim,” Samael entoou. Eu estremeci quando ele acrescentou, “Puna de acordo… corte sua garganta, isso pode melhorar meu humor.”

Cortar suas gargantas só para melhorar seu humor? Ele era tão cruel assim, como eu tinha ouvido? Seus olhos caíram sobre mim, oferecendo-me um sorriso brilhante.

“Exceto você, boba,” Ele tranquilizou, confundindo minha compleição pálida com medo de cortar minha própria garganta. Não é por isso que estou tremendo agora! Como ele poderia entender errado isso?

“Como desejar, Vossa Graça.” o cavaleiro desembainhou sua espada, colocando-a sobre o pescoço enquanto rangia os dentes, preparando-se para aquele corte rápido. Mas antes que pudesse, Senhor Rufus interveio.

“Por favor, perdoe sua insolência só desta vez, Vossa Graça. Como você sabe, eles são novos e inexperientes e não viram sua graça durante todo este tempo. Eu definitivamente os disciplinarei para que nada disso aconteça novamente.”

“Rufus, você está pedindo clemência à pessoa errada.” Samael estalou a língua, irritado. “Mas só desta vez, porque eu, o marido trabalhador, acabei de limpar este lugar.”

Eu notei que Rufus franziu a testa, mas apenas disse, “Obrigado, Vossa Graça. Vamos nos retirar.” Ele expressou antes de se levantar lentamente e lançar aos seus cavaleiros um olhar rápido. Os cavaleiros entenderam instantaneamente o que aquele olhar significava e acenaram rapidamente, retirando-se quase sem fazer barulho.

“Adeus, Rufus.” Samael acenou despreocupado, antes de me lançar um olhar e sorrir. “Vamos comer?” ele perguntou, apoiando a bochecha como se nada tivesse acontecido.

Sua pergunta, contudo, fez meu coração convulsionar. Vamos comer? Eu? Comendo na mesma mesa que o senhor? De onde eu tiraria coragem?!

“Vossa Graça, antes de eu partir, posso perguntar se você retornará à mansão esta noite?” Eu estremeci quando ouvi Rufus. Eu pensei que ele já tinha partido!

“Muita coisa aconteceu enquanto você estava em seu sono e precisa de atenção imediata…”

“Não,” Samael respondeu, e meu coração afundou. Ele nem sequer me deu a menor esperança de pensar que sairia agora.

“Mas, Meu Senhor —”
“Rufus, eu vi Grimsbanne e posso dizer instantaneamente que não é o que costumava ser,” ele disse no mesmo tom desinteressado.

“Então, mais um motivo para discutirmos o estado atual das coisas,” Rufus respondeu, irritado.

“Por quê?”

Momentaneamente, Rufus ficou sem palavras. Quem não ficaria? Até eu estava pasma com a indolência do Duque.

“Meu Senhor,” ele praticamente choramingou.

“Grimsbanne está em suas mãos agora.” Samael encolheu os ombros despreocupadamente, sem mostrar intenção de reivindicar novamente seu título como o nobre Duque.

“Vou deixar Grimsbanne com você até que esta garota boba me implore para se tornar minha duquesa.”

Meu coração instantaneamente subiu à garganta ao ouvir suas observações. Eu podia sentir os olhos de Sir Rufus sobre mim. Por favor, não me olhe assim! Foi tudo um mal-entendido!

“Então, deveríamos levá-la de volta conosco?” perguntou Rufus, seus olhos cintilando suspeitosamente para mim.

“Não é necessário. Eu não gosto de forçar as pessoas,” Samael afirmou descaradamente com um aceno.

Ele não gosta de forçar as pessoas? Então, seu ‘Eu recuso sua recusa’ da noite passada, não foi forçar?

“Se você está satisfeito agora, por favor, ajude-se a sair?” Depois de um momento, Samael falou indiferentemente. “Estou no meio de cortejar a futura duquesa. Não vê qual importante negócio você está interrompendo?” ele acrescentou em tom de pergunta.

Cada palavra que ele cuspia me deixava cada vez mais sem palavras. Eu era uma plebeia e sempre seria uma. No entanto, como minha vida poderia escalar subitamente para este duque me chamando de futura duquesa? Será que ele estava tentando ocultar seus reais motivos comigo sendo sua presa?

Mais uma vez, senti-me apavorada. Eu ainda não havia compreendido totalmente a identidade deste homem de cabelos prateados. No entanto, eu sabia, lá no fundo, que meu destino já estava selado quando ele disse que eu seria sua refeição reservada.

“Entendido, meu senhor.” Sir Rufus acenou para prestar respeito ao nobre Duque que eu nunca esperava que o homem de cabelos prateados fosse. “Desejo sua sobrevivência, jovem dama,” ele disse, enquanto seus olhos caíam sobre mim.

Minha sobrevivência? Você não deveria me ajudar, senhor? Eu abri a boca para retrucar, mas nada saiu.

“Rufus, isso é um pouco rude, sabe.”

“Perdoe-me, meu Senhor.” Rufus inclinou levemente a cabeça, mas não disse mais nada e partiu, assim mesmo. Tentei alcançá-lo, mas minha mão caiu no mesmo momento que a levantei. Esta era agora uma situação desesperadora com este lunático se revelando ser o Duque de todas as pessoas!

‘Talvez, aquele homem não fosse realmente Sir Rufus?’ Minha mente comentou. ‘Há uma pequena, mínima chance de que tudo isso pudesse ser um show para te enganar!’ Sim! Isso…!’ De repente, o discurso desse vampiro de cabelos prateados na noite passada passou pela minha cabeça novamente. Ele realmente disse que as damas nobres desejavam se casar com ele e obter o poder do Duque de Grimsbanne na noite passada, mas eu pensei que era apenas uma jactância vazia.

Eu já ouvi uma tonelada de razões pelas quais as damas nobres aguardavam ansiosamente aquela época do ano. Mas só havia duas versões populares.

A primeira era que, se o Duque acordasse de seu sono, ele tomaria qualquer um que ele desejasse como sua noiva, e a segunda versão implicava que a Noiva do Duque era na verdade um sacrifício para reabastecer sua vitalidade.

No entanto, o Duque nunca acordou e as gerações mais velhas morreram antes que pudessem ver sua senhoria. Muitos acreditavam no primeiro conto, mesmo os nobres. Alguns acreditavam no segundo. Eu não acreditava em nenhum dos dois.

Mas agora, acho que era ambos.

Como… minha vida escalou até este ponto?

“Querida, você quer retomar de onde paramos?” Sua pergunta me tirou dos meus próprios pensamentos. “Você ainda não me contou como foi seu dia,” ele acrescentou, sorrindo para mim como se nada tivesse acontecido agora.

Oh, meus dias… quão miserável poderia ser a vida de uma plebeia?

“Mi — milorde…” Eu tentei falar, mas o choque que eu experimentei da noite passada até agora de repente surgiu dentro de mim.

‘Tenha piedade desta humilde,’ eu implorei internamente.

“Samael.” O canto de seus lábios se alargou quando ele repousou o queixo sobre a palma. “O nome do seu noivo é Samael Va… Samael La Crox. Não olhe para outros homens ou eu arrancarei seus olhos,” ele advertiu com aquele mesmo sorriso perverso no rosto. “Seu homem fica com ciúmes facilmente, sabe.” E novamente, ele piscou.

Minha vida… minha vida mal pacífica… eu podia senti-la lentamente escapando do meu controle.