765: Você 765: Você Lucy segurava o brinquedo de pelúcia junto a si enquanto estava sentada na carruagem ao lado de Teodoro. Algumas das coisas que eles haviam trazido da feira da aldeia estavam colocadas perto de seus pés. Duas décadas atrás, ela havia tentado ir à feira, pedindo a Nana e Amice para encobrir sua ausência no quarto e no castelo.

Mal ela havia passado dez minutos na feira antes de ser descoberta e levada de volta pelos guardas, repreendida e punida por sua avó por freqüentar algo tão vergonhoso quanto a feira. Agora, depois de passar quase metade do dia na feira da aldeia, Lucy não podia deixar de sentir o quanto sua avó e seus pais devem ter perdido em suas vidas.

A pura alegria que sentira ao estar entre a multidão de pessoas que riam e conversavam era algo que não podia ser encontrado na vida do castelo. Era isso que ela ansiava por todos esses anos, e tê-lo realizado, a sensação era indescritível.

Ela virou-se para olhar para Teodoro, que estava olhando pela janela, suas feições sempre tão calmas como a água que não se movia.

Quando finalmente chegaram ao castelo, Teodoro ajudou Lucy a descer da carruagem.

“Eu mandarei os guardas levarem essas coisas que você trouxe para serem enviadas ao seu quarto,” disse Teodoro a Lucy, que agora estava bem na frente dele.

Lucy acenou com a cabeça, seus olhos olhando para ele e sua mão direita segurando o brinquedo. “Eu me diverti muito hoje,” ela se expressou. “Obrigada por me contar sobre a feira de Inverno e por me levar lá. Foi muito divertido.”

Teodoro inclinou a cabeça, “Estou feliz em ouvir que você gostou. Deveríamos fazer isso novamente,” suas palavras mantinham um raio de esperança sobre eles passarem tempo juntos.

“Concordo,” respondeu Lucy. “Estou ansiosa por isso. Obrigada pelo-uh-boneco,” ela ergueu a mão para mostrar o brinquedo de pelúcia, feito de lã e algodão.

Teodoro acenou com a cabeça.

“Irei para o meu quarto,” disse Lucy, suas ações pausando por um momento, e ela ofereceu a ele um doce sorriso antes de começar a subir as escadas.

Vendo Lucy partir, Teodoro sorriu para sua figura que se afastava. Ele queria segurá-la antes de levá-la ao seu quarto, mas não queria abusar da sorte. Depois de contar a ela o que havia escondido durante todos esses anos, ele sentia que o peso em seus ombros finalmente havia sido aliviado, e ele podia finalmente relaxar.

Tão ansiosa quanto Lucy estava para ver a feira, Teodoro estava ansioso para passar tempo com ela. Para criar novas memórias para que ela não pudesse deixá-lo ou a este lugar facilmente.

Embora ela fosse uma adulta, uma vampiresa, ela ainda era uma criança em alguns assuntos onde sua inocência não havia mudado. Ele a amava de todo coração, e ele queria lhe dar tudo o que não pôde oferecer anos atrás.

Teodoro não era mais uma pessoa que vinha das ruas ou alguém que apanhava e passava fome. Mas ainda assim, o lugar de onde ele veio era importante porque era o que o havia feito o que é hoje, mas isso não o definia.

Agora ele era o conselheiro do Rei, a pessoa mais próxima de Calhoun. Agora ele tinha dinheiro, status, incluindo a aparência e o charme que não muitas pessoas possuíam. As pessoas que uma vez olhavam para ele com desprezo agora olhavam para ele, inclinando suas cabeças. Os tempos mudaram, e ele havia se tornado um homem capaz, alguém que ele podia ver ao lado de Lucy sem dúvidas.

Ele acenou para os guardas que estavam no final das escadas, chamando-os, “Levem essas coisas para o quarto da Lady Lucy.”

“Sim, Conselheiro Teodoro!” reverenciou um dos guardas, levando as bolsas para longe da carruagem.

Antes de entrar no castelo, ele ouviu a voz de Calhoun, “Você terminou de aproveitar sua noite?”

Teodoro olhou para cima e viu o Rei em pé no pátio frontal do castelo, com os braços apoiados na balaustrada enquanto seu corpo estava inclinado para a frente.

“Acho que sim,” respondeu Teodoro, e em menos de um segundo, Calhoun saltou do pátio, aterrissando suavemente no chão antes de se colocar de pé. “Imagino se foi com você que Lucy aprendeu a saltar da varanda.”

Calhoun deu uma risada com as palavras de Teodoro, “Você não precisa ser modesto ao me dar crédito por tudo,” um sorriso estava gravado nos seus lábios.

O Rei estava bem ciente do tempo que Teodoro e Lucy haviam passado juntos no passado, onde ele até mesmo os tinha visto passando tempo juntos no meio da noite, no pátio de Lucy. Obviamente, Teodoro não fazia uso das portas normais.

“Eu pensei que vocês dois iam passar mais tempo fora do castelo. Vocês terminaram o passeio de casal muito rapidamente,” sorriu Calhoun, colocando as mãos nos bolsos da calça.

Teodoro olhou para Calhoun, “O que você está fazendo aqui fora, em vez de estar com sua esposa?” ele o questionou.

“Madeline está ajudando Elizabeth a arrumar as coisas para a jornada dela. Ela está triste porque sua irmã vai embora em breve, por isso decidi não intervir e deixá-la passar tempo com Elizabeth,” respondeu Calhoun. “Madeline está preocupada que algo ruim vai acontecer com ela. Mas acho que o mais importante a se preocupar aqui é o que acontecerá com as pessoas que estão perto dela. Ela está mais segura aqui no castelo, mas a garota quer partir.”

Teodoro percebeu como Calhoun havia mudado, não muito, mas o suficiente para se adaptar e ajustar com a pessoa pela qual estava apaixonado. Se fosse no passado, Calhoun teria interrompido as irmãs antes de tirar Madeline de qualquer outra pessoa que não fosse ele.

A carruagem na qual Teodoro havia retornado ao castelo com Lucy começou a se afastar em direção ao barracão para que os cavalos pudessem descansar durante a noite.

“Lady Elizabeth deve estar se sentindo perdida. Ela não é uma humana nem uma lobisomem completa,” afirmou Teodoro. “Vladimir disse alguma coisa sobre outro antídoto?”

“Não me faça nem lembrar dele ou de qualquer outro agora,” um suspiro escapou dos lábios de Calhoun. “Eu já tive o suficiente com esses anjos e o diabo, mas também é bom ter um pouco de paz finalmente depois de tudo que aconteceu. Eu estava esperando que ele tivesse um antídoto, mas ele disse que não. Mesmo que Vlad tenha, ele provavelmente vai querer algo em troca,” ele revirou os olhos com o pensamento de seu avô.

Um sorriso leve apareceu nos lábios de Teodoro, “Há algo que eu tinha que pedir a ele, você acha que ele estaria disposto a encontrar-se?”

Calhoun, que estava olhando para o longo caminho que levava até os portões do castelo, voltou-se para olhar para Teodoro. “Não acho que ele vá recusar um encontro com você,” ele inclinou a cabeça para o lado.

“Entendo,” respondeu Teodoro sem revelar a questão que estava em sua mente, e Calhoun passou a língua sobre um de seus dentes afiados.