A Obsessão da Coroa - Capítulo 228

228: Achados – Parte 1 228: Achados – Parte 1 Na pequena casa, um homem estava sentado em frente à lareira que estava prestes a se extinguir, lutando contra a fria noite. Já era quase o amanhecer, mas James não tinha dormido durante toda a noite. Sentado no escasso clarão da sala de sua casa, ele olhava fixamente para a lareira em pensamento até ouvir seu pai tossindo no quarto.

Ao ouvir a tosse que não parava, James rapidamente foi até o quarto onde seu pai estava dormindo. O corpo de seu pai havia se encolhido na cama.

“Pai?” chamou James, antes de ir até o criado-mudo ao lado da cama. Ele serviu um copo d’água e então o entregou a seu pai enquanto ajudava o homem mais velho com a outra mão, para que seu pai pudesse ficar sentado na cama.

Ele percebeu a mão de seu pai tremendo. Por um momento, ele pensou que fosse por causa da fria noite, mas não era o caso. Quando James foi verificar a temperatura de seu pai, o homem estava queimando em febre.

“Você está com febre, pai,” disse James.

“Estou bem,” acenou seu pai com a mão, mas sua mão tremia.

James tinha ouvido seu pai tossir mais cedo naquele dia, mas pensou que fosse algo passageiro. Ouvindo-o tossir novamente agora, ele ajudou seu pai a deitar-se novamente na cama,
“Deixe-me ir trazer os toros de madeira para cá. Deus!” ele suspirou, repreendendo-se por não ter dado mais atenção ao seu pai mais cedo naquele dia.

James saiu do quarto depois de ter coberto seu pai com o cobertor para que nenhum ar frio o alcançasse e piorasse sua situação. Andando para a parte de trás da casa, James procurou pelos toros de madeira, mas restava apenas um toro lá. Parecia que eles estavam sem lenha. Os toros de madeira usados dentro de casa eram diferentes, não soltavam muita fumaça, algo que o Sr. Harris era bom em encontrar e vender para os moradores da vila.

Levando o último toro de madeira de volta para dentro de casa, ele foi pegar os outros pedaços de madeira que ainda estavam na sala. Não importava se eles iriam acabar na próxima meia hora, mas pelo menos manteriam seu velho pai aquecido. Colocando-os na lareira do quarto onde seu pai dormia, James cuidou dele. Certificando-se de que, se seu pai precisasse de algo, ele estaria bem aqui.

James sentou-se na cadeira de madeira, bocejando pois não havia conseguido dormir. Quando a manhã chegou, ele verificou seu pai novamente antes de ir para a cozinha preparar o café da manhã para os dois. Após isso, James saiu de casa, querendo ver se o Sr. Harris havia aberto sua loja para que ele pudesse pegar alguma lenha. Caso contrário, ele teria que ir à floresta e cortá-la ele mesmo, antes de trazê-la de volta para casa.

Quando ele caminhou em direção à loja que o Sr. Harris tinha recebido recentemente, por ordem do Rei, ele notou que a loja estava em um formato diferente do que era antes. Ela estava em más condições com suas paredes derrubadas.

Com as mãos nos bolsos, James olhou ao redor antes de se aproximar da loja.

“Bom dia, Sr. Heathcliff,” cumprimentou um homem que passava, que James reconheceu ser o Sr. Fisher, fazendo uma reverência.

James retribuiu a reverência, “Bom dia para você, Sr. Fisher. Você sabe o que aconteceu com a loja?” ele perguntou ao homem. Com o vestido de casamento que precisava estar pronto e com seu próprio casamento com Catherine que se aproximava em menos de dez dias, ele tinha estado bastante ocupado e não tinha conseguido dar uma olhada neste lado da vila.

Quando James soube da generosa oferta do Rei à família Harris, isso só o fez entender e perceber o quão pobre ele era em comparação ao Rei de Devon. Desde que James tinha começado a gostar de Madeline Harris, ele sempre quis ajudar o Sr. Harris, mas esse dia nunca chegou. James não era nem uma fração do que o Rei era. E isso era algo que o fez parar de se preocupar, sobre como as coisas se desenrolaram nas últimas semanas.

O Sr. Fisher olhou para a loja e suspirou cansado. O rosto do homem carregava um olhar de piedade, “Eu ouvi que o Rei mandou derrubá-la.”

James franziu a testa, ouvindo isso, “Por que ele faria isso? Havia alguma razão conhecida para tal ação?” Se o Rei não tinha nenhuma intenção de que a família Harris possuísse a loja, ele nunca deveria tê-la dado.

“Você não ficou sabendo?” perguntou o Sr. Fisher a ele.

“Fiquei sabendo do quê?”

O Sr. Fisher olhou para os lados e então disse, “Tem havido notícias que têm circulado aqui. Parece que há alguns dias, a jovem Srta. Harris tentou se matar no castelo.”

Os olhos de James estreitaram-se agora, “O quê?!” Isso não era possível. Ele a tinha visto apenas alguns dias atrás, e ela estava bem. Foi quando ele foi ao castelo para conferir as medidas do vestido de noiva por dentro.

O Sr. Fisher assentiu com a cabeça, “Minha esposa ouviu de uma mulher, que por sua vez ouviu da família da empregada que trabalha no castelo. O Rei deve ter abafado a notícia para que ela não chegasse ao público.”

“Rumores estranhos costumam se espalhar como fogo selvagem. As pessoas adicionam uma coisa ou outra,” respondeu James. Ele achava difícil acreditar que Madeline tomaria uma atitude tão drástica.

Quando ele a viu no castelo, ela parecia estar bem. Madeline parecia estar se alimentando e dormindo bem. Ele sabia que o Rei estava obsessivamente apaixonado por ela, e isso era algo que ele podia entender. James havia decidido que não era certo ter sentimentos por uma garota enquanto estava se casando com outra. Madeline ia se casar com o Rei, e seu casamento tinha sido arrumado com Lady Catherine. Era um casamento forçado e ameaçado onde ele não podia recusar, e os convites de casamento já haviam sido enviados.

“Sei que é algo duro de ouvir, mas precisamos saber que, é assim que os vampiros são. Criaturas repugnantes que sugam sangue e jogam corpos,” sussurrou o Sr. Fisher para que qualquer um que passasse por eles, que estivesse escutando, não ouvisse, “Eu ouvi tantos rumores sobre o Rei. As histórias que as criadas compartilham com as pessoas são assustadoras! O sangue, o horror, os corpos que são ou jogados na floresta ou no rio, apenas para serem encontrados depois de vários dias ou semanas. Às vezes nem isso. Pobre garota. Ser pega pelo tirano,” ele balançou a cabeça antes de dizer, “Espere, você encontrou com o Rei, como ele é?”

James não sabia como responder a isso.

“Ele, uh, ele parecia exatamente como um Rei deve parecer. Ele estava aqui na vila também, você deve ter perdido vê-lo,” respondeu James, suas palavras saindo de forma diplomática, “Você poderia me dizer o nome da empregada? Onde eu poderia encontrá-la.”

“Eu vou pedir o endereço para minha esposa, mas duvido que a empregada vá revelá-lo. A regra no castelo é não deixar um segredo escapar. Se o Rei descobrir que ela falou sobre o que aconteceu,” Sr. Fisher parou antes de continuar, “Duvido que ele ficaria feliz. Bem, de qualquer forma. Foi bom falar com você, Sr. Heathcliff.”

“Foi um prazer,” respondeu James. Ele viu o homem partir para o trabalho usando um chapéu e casaco para pegar a carruagem local que viajaria para as cidades vizinhas.

James não sabia o que pensar sobre Madeline se matando. Ela estava apenas fazendo um teatro na frente de todos que estava tudo bem? Houve algumas ocasiões em que ele acreditava que ela queria passar sua vida no castelo, que ela teve uma mudança de coração. James não guardava rancor dela. Madeline Harris foi a primeira pessoa que ele amou e ele rezaria pela felicidade dela, se isso é o que ela queria. Mas se não fosse o caso, ele gostaria de protegê-la.

Ele esperaria a esposa do Sr. Fisher dar a informação sobre a empregada, para que ele pudesse ir e falar. Para esclarecer as coisas.

James apenas esperava que não fosse verdade. Que Madeline não estivesse deprimida em sua vida e que ela não tivesse tentado se matar. Ele também duvidava que a Família Harris soubesse sobre isso.

Indo embora do lugar, ele então seguiu para a floresta, levando seu machado. James finalmente voltou com algumas toras de madeira para casa, para que pudesse manter a casa e seu velho pai aquecidos.

“Como você está se sentindo agora, pai?” perguntou James depois que seu pai acordou e tomou seu café da manhã, “Você quer que eu chame o médico?” ele colocou a mão novamente na testa de seu pai para checar se ainda estava quente. A temperatura havia diminuído e James esperava que seu pai melhorasse.

“Você se preocupa à toa, filho. As janelas estavam abertas e eu não as fechei rápido. O ar frio deve ter passado por elas,” respondeu seu pai, “Não se preocupe comigo. Vou ficar bem com um pouco mais de sono,” assegurou o velho, mas James continuou a olhar para o pai.

Quando seu pai era casado com sua mãe, sua mãe sofreu contínuos abortos espontâneos, enfraquecendo seu corpo. Foi somente após anos que James nasceu para seus pais. Sua mãe faleceu e a única pessoa que ele tinha como família era seu pai.

No começo, quando James conheceu Lady Catherine, ele não sabia quem ela realmente era. Que ela era a filha do Duque. O Duque em suas terras era um homem bem conhecido e poderoso, mas James nunca se preocupou em saber sobre isso. Ele ainda não conseguia acreditar que iria se casar com Lady Catherine, mas o pior era que o Sr. Barnes seria seu sogro. O homem que ameaçou ele e seu pai.

Na hora do entardecer, James estava na loja, quando o Sr. Fisher o visitou, “Sr. Heathcliff. Aqui está o endereço.”

James ficou mais do que feliz em receber a informação sobre a empregada tão rapidamente e fez uma reverência em gratidão, “Obrigado, Sr. Fisher.”

O Sr. Fisher percebeu como o Sr. Heathcliff parecia preocupado quando ouviu a notícia. Seus olhos olharam para o alfaiate antes de acenar com a cabeça, “Tenha certeza de que a palavra não se espalhe sobre isso. Duvido que o Rei ficaria feliz em saber que o rumor se espalhou sobre a jovem Srta. Harris,” e o homem partiu.

Enquanto James ficou ali com o pedaço de papel com o endereço na mão, um de seus assistentes chamado Emilio estava perto da porta, ouvindo a conversa.

James colocou a nota em seu bolso. Virando-se, ele empurrou a porta para a sala onde seus assistentes estavam trabalhando.

“Sr. Heathcliff,” Emilio dirigiu-se a James, “Eu estava me perguntando se eu poderia sair mais cedo do trabalho hoje. Estarei aqui cedo amanhã de manhã.” James olhou ao redor da sala para o vestido que estava sendo feito e finalmente acenou com a cabeça.

“Certifique-se de que você não vai se atrasar amanhã. Precisamos entregar o vestido em breve,” James deu um olhar severo e Emilio acenou com a cabeça sorrindo.

“Obrigado, Sr. Heathcliff!”

Emilio arrumou suas coisas e rapidamente foi pegar uma carona em uma das muitas carruagens que estava estacionada perto do sino da torre na vila, “Para onde você quer ir?” perguntou o cocheiro.

“Para o castelo do Rei.”