A Noiva Predestinada do Dragão - Capítulo 282

282: CARREGADO COM A LOUCURA – PARTE 2 282: CARREGADO COM A LOUCURA – PARTE 2 O menino diante de Faye implorava como se fosse por sua própria vida. “Por favor, Sua Graça, sinto muito por ter batido na senhora…” suas bochechas vermelhas de inverno estavam manchadas com lágrimas de remorso. “Foi um acidente; p-por favor, eu imploro,” ele gaguejava, “não mande a mim e minha família para as masmorras.”

Faye repreendeu furiosamente o cavaleiro que se erguia imponente diante deles, reunidos no jardim. “Coloque-o no chão agora mesmo.”

O cavaleiro colocou o menino de volta em seus pés e soltou a gola da camisa pela qual o estava suspensa, mas em um relâmpago, colocou a mão sobre os ombros do jovem menino, empurrando-o de joelhos no caminho coberto de neve.

Ele ordenou, com voz firme. “Faça uma reverência diante da Duquesa, garoto. E aprenda o seu lugar.”

Ao observar a criança, ela percebeu como a sua postura rígida gradualmente suavizava, seus músculos relaxando enquanto ele se inclinava graciosamente em uma reverência respeitosa.

A influência nada sutil de Andre e Sterling era evidente no comportamento do cavaleiro, e ela percebeu que debater etiqueta e modos com eles, mesmo em relação às crianças, seria em vão.

Faye rapidamente afastou o menino do alcance do cavaleiro e o puxou para os seus braços. Usando a manga de seu manto para secar os olhos vermelhos e cheios de medo dele.

Ela deu-lhe um sorriso afetuoso. “Não tenho a menor intenção de punir um pequeno ou seus pais porque ele estava se divertindo e brincando,” ela disse, reconfortante.

Faye estreitou os olhos para o cavaleiro e disse em tom de repreensão. “Eu acho que as coisas foram exageradas, você não acha?”

O rosto do menino mostrou um olhar confuso enquanto ele dava um aceno quase imperceptível. Com medo de que pudesse se meter em problemas se o cavaleiro o visse concordando com a Duquesa.

“…Agora vá brincar antes que a tempestade chegue,” ela disse suavemente, dando-lhe um leve tapinha nas costas. “Serão dias antes de você poder correr lá fora novamente.”

Assim que o menino desapareceu de vista e ouvido, Faye virou-se furiosa para o cavaleiro.

“Não faça isso novamente. Entendo o que meu marido e seus subordinados ordenaram para me guardar, mas eu estou no comando e direi se houver disciplina a ser aplicada.” Ela enunciou alto para todos ouvirem, querendo marcar seu ponto. “VOCÊ-ENTENDEU?”

Faye estava farta das atitudes prepotentes de todos ao seu redor. Ela preferia voltar a ser tratada como uma pessoa comum e como se sua presença não existisse. Estar na posição de Duquesa se tornara desgastante.

Faye soltou um suspiro que nem percebeu que estava segurando quando ouviu Kalandra dar uma risada alta.

“O que tem de tão engraçado?” ela perguntou, confusa sobre o porquê de sua recém-encontrada amiga, a maga cega, estar rindo histericamente.

“Eu jamais pensei que veria o pequeno e manso ratinho transformar-se em um rugente leão,” Kalandra gargalhou, cobrindo seu rosto com o leque. “Você é o par perfeito para o Duque, mas acho que ele subestimou você grandemente, minha cara… Você não é uma delicada borboleta, mas uma feroz pantera com dentes.”

“Eu odiarei ver o que acontecerá com a pessoa que se colocar entre você e o filho que carrega. Que meu Iahn tenha misericórdia deles.”

Kalandra virou-se e inclinou sua cabeça em direção ao céu. Respirando fundo o vento gelado que soprava seu cabelo em volta do rosto. Ela disse com toda seriedade. “Devemos voltar para o forte. A nevasca estará sobre nós em breve.”

Faye levantou o olhar para os céus, seus olhos acompanhando a tempestade ameaçadora se desdobrando à sua frente. As nuvens outrora serenas agora se agitavam, sua escuridão descendo rapidamente sobre a terra.

À medida que os flocos de neve cresciam e se tornavam mais pesados, um sentimento de temor se instalava em seu peito.

Faye não pôde evitar a preocupação com Sterling e seus homens em Easthaven. Ela imaginava os ventos uivantes e a queda implacável de neve, vendo-os barricados em seus abrigos, presos na fúria da natureza.

Segurando Kalandra pelo braço, elas rapidamente voltaram para a fortaleza, onde Mielle tinha preparado chá quente e biscoitos aquecidos com geleia de damasco junto à lareira principal acesa.

Havia muitas mulheres e esposas reunidas no grande salão, e Faye sentou-se observando-as. Todas pareciam tão relaxadas e não afetadas pela tempestade.

Faye estudou as mulheres, seus olhos examinando seus rostos em busca de sinais de ansiedade ou medo.

Mas para sua surpresa, suas expressões permaneceram compostas, seus sorrisos genuínos. Isso a deixou perplexa, pois não conseguia entender como poderiam permanecer aparentemente inabaladas pelo perigo iminente da tempestade.

Enquanto continuava observando, Faye notou sinais físicos sutis que traíam a agitação oculta dentro delas.

Um leve apertar de mandíbulas, um relance de preocupação em seus olhos, e o ocasional fechamento de suas mãos.

Essas mulheres, ela percebeu, eram adeptas em ocultar suas verdadeiras emoções, mascarando seus medos atrás de uma fachada de calma.

Talvez fosse uma habilidade que haviam desenvolvido ao longo do tempo, uma forma de lidar com a constante preocupação que acompanhava ter entes queridos em perigo. Faye não pôde deixar de se perguntar se ela também conseguiria aprender a dominar essa arte de supressão emocional.

Porém, sob seus exteriores calmos, ela sentiu uma força compartilhada, uma resiliência inabalável que as unia. Elas eram guerreiras por direito próprio, não empunhando espadas ou escudos, mas lutando contra a turbulência interna de ansiedade e medo.

A mente de Faye se encheu de perguntas. Como elas encontravam a força para continuar sem se render à constante preocupação?

Elas possuíam uma fonte secreta de fé inabalável ou uma confiança inquebrável nas habilidades de seus entes queridos? Ou eram simplesmente mestras em compartimentalizar suas emoções, mantendo um rosto corajoso pelo bem de suas famílias?

Ela ansiava por mergulhar mais fundo em suas mentes e entender o complexo tecido de emoções por trás de sua calma aparente. Seus corações eram verdadeiramente tão tranquilos quanto pareciam, ou elas simplesmente possuíam a extraordinária habilidade de envolver suas preocupações em um manto de compostura?

Enquanto a neve e os ventos da tempestade continuavam lá fora, Faye não pôde deixar de sentir uma mistura de admiração com sua curiosidade. Essas mulheres reunidas no grande salão não eram apenas esposas e parceiras; elas eram pilares de força, incorporando resiliência e amor inabalável.

Em meio à sua contemplação, Faye vislumbrou os olhos de Dahlia, momentaneamente traindo a preocupação escondida. Foi um momento fugaz, rapidamente substituído por um sorriso reconfortante ao ver Faye olhando para ela.

E naquele instante, Faye percebeu que até as mais fortes guerreiras tinham seus momentos de vulnerabilidade, seus corações sobrecarregados com o mesmo sentimento de incerteza que ela estava vivenciando.

Então ela entendeu que, por baixo da fachada de calma, essas mulheres carregavam suas preocupações como soldados silenciosos, seu amor e preocupação alimentando sua resiliência.

E enquanto ela estava sentada lá esfregando a mão sobre sua barriga, observando-as, Faye prometeu aprender com o exemplo delas, encontrar sua força em meio à tempestade e apoiar Sterling, mesmo quando sua preocupação por seu amado marido ameaçasse consumi-la.

Enquanto Faye se aquecia silenciosamente ao lado do fogo, contemplando seus sentimentos. A figura familiar de uma mulher se aproximou dela, e ela a reconheceu como a Sra. Garvin.

Era a esposa do Vice-Comandante Merrick e atrás dela estava sua pequena garota segurando suas saias, timidamente escondendo seu rosto pálido no tecido do vestido de sua mãe.

Ela fez uma reverência perante Faye e se apresentou. “Eu sou Bonnie Garvin, Sua Graça,” disse ela com uma voz suave. “A esposa do Vice-Comandante Merrick.”

Faye levantou-se de sua cadeira para cumprimentar Bonnie e estendeu a mão em amizade.

As outras mulheres da sala ficaram em silêncio. Era como se todos tivessem parado de respirar, aguardando pelo que viria.

Bonnie sorriu calorosamente e apertou a mão de Faye. “Peço desculpas por não ter me apresentado antes,” ela disse, colocando a mão sobre sua barriga. Faye notou que Bonnie também estava grávida, o que a deixou animada com a possibilidade de encontrar uma amiga que entendesse suas lutas.

“Não tenho me sentido bem ultimamente, mas queria esperar até me sentir melhor para conhecê-la, Sua Graça.”

Faye retribuiu com um sorriso largo. Eu também não me senti bem. Ela disse, colocando sua própria mão sobre sua barriga e ouvindo um suave riso escapar dos lábios de Bonnie.

“Vejo que o Duque não perdeu tempo em começar sua família,” ela disse com um leve rubor.

Faye assentiu e riu junto, corando diante da afirmação de Bonnie.

“Bem, como dizem, os iguais se atraem…”

De repente, um calor tomou conta da sala, e Faye sentiu como se a frieza gelada de todos ao seu redor derretesse de repente. Mais esposas se reuniram perto dela, e cada uma se apresentou.

Kalandra sentou-se ao lado do fogo com um sorriso satisfeito em seu rosto quando todos terminaram de se apresentar a Faye. Ela virou e comentou.

“Eu sabia que não demoraria muito para elas se entrosarem com você.”