A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 531
Capítulo 531: The Reveal
Cereja estava em completo descrédito.
Absolutamente nada aconteceu.
Por vários momentos sufocantes, a bacia sagrada permaneceu imóvel e sem vida. As runas esculpidas em sua borda brilharam apenas tenuemente antes de desaparecerem por completo. O espesso líquido prateado permaneceu opaco, plano, como água morta. A câmara prendeu a respiração.
Um murmúrio de sussurros percorreu a multidão. Nobres se mexeram em seus pés, olhos se estreitando, lábios tremendo enquanto murmuravam uns para os outros. Alguns servos ofegaram. Alguns até riram, satisfeitos que sua suspeita sobre a “nova garota de cabelo vermelho” já estava certa.
Cereja começou a entrar em pânico.
Seus olhos dispararam para Rolando, que estava de pé no estrado como uma tempestade, braços cruzados, olhar afiado como aço. Seu maxilar se apertava a cada segundo. Se ele declarasse o teste nulo, se ele ordenasse que Auburn fosse capturada… tudo iria desmoronar.
A respiração de Cereja ficou presa. Ela se virou para olhar para Auburn.
O rosto da garota estava pálido, seus lábios entreabertos como se tivesse esquecido como respirar.
❧
O coração de Auburn parou completamente. Um silêncio ensurdecedor rugia em seus ouvidos. Seus pulmões se comprimiram como se mãos invisíveis os estivessem esmagando. O suor escorria pela nuca, deslizando pela espinha.
Era isso. Este era o fim.
Ela se virou para Cereja, desesperada, olhos arregalados como um animal encurralado. Mas a mão de Cereja disparou e apertou seu rosto de forma áspera, suas unhas cravando na pele de Auburn.
Auburn congelou.
Ela conhecia aquele olhar. Aquela ordem silenciosa nos olhos de Cereja.
Significava que ela estava sozinha nisso.
Se fosse morrer, então morreria sozinha. Cereja não a salvaria. Cereja a deixaria queimar.
Um vazio oco se abriu no peito de Auburn. Seu corpo se sentia sem peso, já meio cadáver. Ela pensou nos guardas arrastando-a para fora, na lâmina fria de um executor, na sua cabeça rolando enquanto o povo gritava “impostora.”
Não.
Seus lábios tremeram, mas sua mente se fortaleceu.
Se fosse cair, não cairia em silêncio. Ela não morreria como nada. Se perecesse, então arrastaria Cereja com ela.
Talvez não acreditassem nela. Talvez chamassem suas mentiras de uma tentativa desesperada. Mas pelo menos ela plantaria a semente da dúvida. Pelo menos Rosa e Rolando suspeitariam da serpente que chamavam de família.
Seu coração batia como um tambor de desgraça. Auburn fechou os olhos, esperando pelo julgamento, esperando que os guardas a segurassem pelos braços e a arrancassem de lá.
E então—
As runas ao redor da bacia piscaram.
No início, fracas. Quase invisíveis. Como brasas morrendo em busca de vida. Então, lentamente, pulsaram mais brilhantes. Um suave zumbido encheu o ar, vibrando nos ossos. O líquido prateado tremeu, ondulando como se algo invisível estivesse se agitando sob ele.
O brilho se espalhou, uma pálida flor vermelha desabrochando na superfície até que toda a bacia cintilou com uma luz carmesim.
Gritos irromperam pelo salão.
Rosa caiu de joelhos, suas mãos pressionadas contra os lábios. Lágrimas escorriam por suas bochechas em uma correnteza incontrolável.
“É verdade,” ela sussurrou, então mais alto, rompendo em soluços. “É verdade. Ela é minha. Ela é de Scarlett!”
A câmara explodiu em ruído—choque, reverência, descrença. Alguns nobres caíram de joelhos, outros apertaram os peitos. Servos se aproximaram para ver melhor, bocas abertas em espanto.
A voz de Cereja ressoou aguda e vitoriosa acima do caos.
“Lá!” ela gritou, seus lábios se torcendo em um sorriso triunfante. “A prova que você exigiu, Rolando. Ainda duvida de seu próprio sangue?”
A expressão do rei era ilegível. A sala prendeu a respiração enquanto ele permanecia imóvel como pedra, apenas seus olhos ardendo enquanto se fixavam na bacia brilhante.
Hildegard, de pé ao lado de Rosa, estava congelada. Seu rosto contorcido de desconforto, seus olhos dardejando entre o brilho tênue e o sorriso vitorioso de Cereja. Ela não disse nada, embora Auburn pudesse ver a descrença em seu olhar.
Mas Rosa—Rosa estava além da razão.
Ela avançou trôpega, alcançando Auburn com mãos trêmulas. Ela reuniu a garota em seus braços, seus soluços sacudindo seu corpo frágil.
“Está tudo bem,” Rosa lamentou, pressionando sua bochecha enrugada contra a de Auburn. Suas mãos acariciaram o rosto de Auburn com ternura desesperada, limpando suas lágrimas. “Está tudo bem, minha filha. Você está em casa. Você é bem-vinda em casa.”
O peito de Auburn se abriu. Alívio inundou suas veias, quente e tonto. Seus joelhos quase cederam. Graças à deusa. Graças à deusa que o feitiço funcionou.
Se a magia de Cereja tivesse falhado, teria sido marcada como impostora. Executada publicamente, seu corpo pendurado como um aviso. Mas as runas brilharam, a bacia cintilou, e a rainha a abraçou como sua própria.
Os olhos de Auburn arderam enquanto ela enterrava o rosto no ombro de Rosa. Ela permitiu-se respirar. Pela primeira vez desde que este pesadelo começou, ela realmente respirou.
Rei Rolando desceu lentamente do estrado. Suas botas ecoavam contra o chão de mármore, cada passo medido, pesado. Rosa soltou Auburn e olhou para ele com olhos suplicantes.
“Você acredita em mim agora?” ela perguntou a ele, sua voz trêmula mas intensa. “Agora acredita que esta é sua neta? Sua carne?”
Rosa agarrou a mão de Auburn, seu aperto firme, e a levou à frente. O pulso de Auburn batia forte em sua garganta.
Ela temia Rolando desde o início. Suas declarações frias, sua promessa de execução caso ela fosse uma impostora—aquelas palavras talharam terror profundo em seus ossos. Ele aceitaria ela agora? Ou a suspeita persistiria em seu coração?
O rei parou diante dela, sua forma imponente lançando sombra sobre sua pequena figura. Por um breve e insuportável momento, ele apenas a encarou.
E então, sem aviso, ele avançou e a puxou para seus braços.
Auburn ofegou. Seu corpo se enrijeceu contra ele, sua mente girava. Mas então—devagar, cautelosamente—ela se permitiu relaxar em seu abraço.
Ele a segurou firme, como se ancorando-se contra a maré de tristeza. Suas mãos grandes seguraram seus ombros com firmeza antes de ele se afastar, seus olhos fixos nos dela.
“Eu nunca esperei…” Sua voz vacilou. Ele fechou os olhos brevemente, inspirando um fôlego trêmulo. “Eu nunca esperei ver este dia.” Seus lábios tremeram. “Sinto muito por ter duvidado de você. Eu só—” Ele parou novamente, engolindo em seco. “Tem sido tão difícil. Você é realmente do nosso sangue?”
A garganta de Auburn se apertou. Ela assentiu gentilmente. “Está tudo bem.”
Sua mão trêmula subiu, roçando contra a bochecha dele. A pele dele era áspera, castigada pelo tempo, mas ainda assim quente. Ele não recuou. Em vez disso, seus olhos se fecharam e, para o espanto de Auburn, lágrimas brotaram nos cantos.
O rei—Rolando, o governante de punho de ferro dos lobos—chorava como uma criança diante dela.
As mãos de Rosa alcançaram ele. Ela envolveu seus braços ao redor da cintura dele e pressionou sua testa contra o ombro dele. “Ela é nossa,” ela sussurrou, sua voz se quebrando. “Ela é realmente nossa.”
Os braços fortes de Rolando puxaram tanto Rosa quanto Auburn juntas. Os três se agarraram uns aos outros em um nó frágil e trêmulo de família.
Auburn mal conseguia acreditar. Apenas momentos atrás, ela tinha certeza de sua morte. E agora—agora ela tinha o rei e a rainha do reino dos lobos chorando em seus ombros.
Ela os tinha.
Ela realmente os tinha.
Naquele instante, Auburn compreendeu a profundidade da obsessão de Cereja. Ela entendeu por que Cereja havia percorrido as sombras por anos em busca de um impostor.
Porque esse poder—o poder de ser a criança milagre retornada—poderia dobrar até os governantes mais fortes. Poderia fazer o rei de ferro chorar. Poderia fazer a rainha abandonar a razão e abraçar uma estranha.
Esse poder era intoxicante.
E agora ele pertencia a ela.
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O rei e a rainha finalmente a soltaram. Rosa segurava a mão de Rolando de um lado e a de Auburn do outro. Ela endireitou as costas e ergueu o queixo, seu rosto marcado por lágrimas brilhando com um orgulho solene.
“Vocês foram reunidos aqui para testemunhar,” ela declarou, sua voz ecoando pela câmara abobadada. A multidão caiu em um silêncio reverente.
“Minha filha Scarlett, que procurei incansavelmente todos esses anos, não está mais conosco. Agora sei isso com certeza. Mas ela não me deixou de mãos vazias. Ela me deixou um presente. Um presente que encontrou o caminho de volta para casa. Um presente que provou ser verdadeiro.”
Seus olhos suavizaram quando pousaram em Auburn.
“Minha neta. Princesa Auburn.”
As palavras ressoaram pela câmara como o toque de um sino.
O peito de Auburn se encheu. Pela primeira vez em sua vida, ela estava sendo tratada como alguém importante. Não uma serva. Não um ninguém. Não uma menina destinada a bordéis. Mas uma princesa.
Ela quase riu em descrença. Ontem ela estava esfregando pisos, prestes a ser vendida como a melhor prostituta de sua aldeia. Hoje ela foi elevada e nomeada herdeira do trono.
Os nobres reagiram como se atingidos por um raio. Como um só, eles se ajoelharam. O som dos tecidos farfalhando encheu o ar enquanto cada servo, cada ancião, cada guerreiro se abaixava em reconhecimento.
Eles se curvaram para ela.
Eles a reconheceram como sua princesa.
Seu espírito subiu. Isso estava além de um sonho. Isso era poder, honra, tudo que ela nunca se atreveu a imaginar.
Mas enquanto seu olhar varria o salão ajoelhado, sua euforia vacilou.
Porque nem todos os olhos tinham calor.
Na beira da multidão, Coral se aproximou com Cereja ao seu lado. E com elas veio outra garota de cabelos vermelhos que Auburn havia vislumbrado antes—uma garota de sua própria idade.
Os olhos da garota encaravam Auburn com frio desdém.
“Bem-vinda à família,” Cereja ronronou, deslizando um braço pelo de Auburn e puxando-a para perto.
A garota—Belle—abraçou-a rigidamente, seu sorriso quebradiço e falso.
“Belle, esta é Auburn,” disse Rosa calorosamente. “Ela é sua prima.”
E então Auburn entendeu.
Ela não estava simplesmente sendo aceita na família real. Ela também estava entrando em um campo de batalha.
Belle, filha de Coral, tinha sido criada como a próxima na linha. Mas a aparição súbita de Auburn como a “verdadeira” herdeira de Scarlett mudou a ordem.
Agora Auburn era a primeira na linha. Belle a segunda.
Não é de admirar que os olhos de Belle ardessem de ódio.
Auburn havia ganhado uma coroa, mas também havia ganhado um inimigo.