A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 518
Capítulo 518: Traição
Candy bateu a porta de sua câmara com tanta força que as dobradiças tremeram. Ela pressionou as costas contra a madeira, seu peito arfando. Seus punhos estavam cerrados, suas unhas cortando crescentes em suas palmas.
Aquela mulher. Aquela maldita, imutável mulher.
Por um breve segundo naquela sacada, quando a boca de Cereja estava na dela e seu riso se espalhava pelo seu pescoço, Candy havia tolamente se permitido acreditar, apenas por um batimento do coração, que Cereja a havia escolhido.
Que talvez os anos de exílio e a obsessão pela coroa tivessem embotado sua fome. Que talvez ela quisesse um lar, um parceiro, uma chance de algo além de esquemas intermináveis.
Mas Cereja não havia mudado.
Não. Ela nunca mudaria.
Candy atravessou o quarto desabalada, derrubando um vaso sobre a mesa baixa.
Ele se quebrou, espalhando água e pétalas pelo tapete, mas ela não se importava. Ela queria a destruição. Ela queria que algo quebrasse tão facilmente quanto seu coração.
Cereja a havia dispensado, zombado da ideia de ir embora. A coroa importava mais do que o amor de Candy, mais do que suas memórias compartilhadas, mais do que os anos em que Candy havia sido tola o suficiente para carregar uma paixão por ela.
E agora Cereja queria Amara.
O pensamento fez o estômago de Candy revirar. Amara, jovem, ambiciosa, bela. Sangue novo. Um peão que Cereja movimentaria pelo tabuleiro até que estivesse quebrado ou descartado.
Candy já havia sido esse peão. Ela já tinha sido a “queridinha” que Cereja havia usado e abandonado por seus maiores objetivos.
Não novamente.
Candy andou de um lado para o outro, sua raiva aumentando. Um pensamento perigoso deslizou em sua mente como uma adaga desembainhada. E se eu fosse até a Rainha?
Rosa. Real, impiedosa Rosa. A irmã de Cereja.
A ideia enviou um arrepio agudo por suas veias. Que punição Rosa imporia se soubesse que sua irmã traiçoeira estava tramando? Com que correntes ela prenderia Cereja? Que sofrimento requintado ela criaria para a mulher que zombou da devoção de Candy?
Seria justiça, Candy disse a si mesma. Seria merecido.
Mas bem no fundo de sua raiva, o arrependimento se torcia. Parte dela ainda amava Cereja, talvez sempre amaria. E esse amor parecia um laço apertando em torno de seu pescoço.
Ela pressionou as mãos no rosto e afundou na cadeira perto da janela. O luar se espalhou sobre ela, pintando sua pele de pálida e fria. Seu coração lutava com seu orgulho.
Se Cereja pensava que poderia brincar com o coração de Candy e ganhar, ela estava enganada.
Uma decisão se solidificou dentro dela. Ela não ficaria parada. Ela não deixaria Cereja consumir Amara do jeito que havia consumido ela.
E assim, Candy mandou chamar Amara.
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Amara entrou com a graça silenciosa de um predador que sabia que era observado. Seus olhos, grandes e enganosamente inocentes, cintilaram com curiosidade ao entrar na câmara.
“Você me chamou novamente?” Amara perguntou, inclinando ligeiramente a cabeça.
“Sim,” Candy disse rapidamente, quase afiada. “Sente-se.”
Amara obedeceu, embora seus lábios tremessem como se ela meio que esperasse outra confissão de amor por Cereja.
Mas o tom de Candy estava mais frio agora, mais afiado. “Tenho um novo plano. Cereja não é digna de confiança. Ela é uma traidora. E se você se unir a ela, ela usará você e o descartará quando você não lhe servir mais.”
Amara piscou, embora um leve sorriso pairasse sobre seus lábios. “Você fala de traição, e ainda assim fala de trair ela mesma. Por quê?”
Candy inalou bruscamente. A garota era esperta, esperta demais às vezes.
“Porque isso é pessoal,” Candy admitiu, sua voz tremendo com partes iguais de raiva e orgulho ferido. “Cereja brincou com meu coração. Ela não prometeu nada, não me deu nada, e mesmo assim me consumiu do mesmo jeito. E você…” ela apontou um dedo na direção de Amara, “você é a próxima. Ela se alimentará de sua ambição, sua beleza, sua inteligência, e então descartará você como fez com tantos antes.”
Os olhos de Amara cintilaram de intriga. “Então, o que você sugere?”
Candy se inclinou para a frente, abaixando a voz. “Nós a traímos antes que ela nos traia. Vamos até a Rainha Rosa. Se você fizer isso comigo, nunca deverá lealdade a Cereja. Você nunca será sua peão.”
Amara a estudou em silêncio, sua expressão ilegível. Ela parecia saborear o peso das palavras de Candy, rolando-as em sua língua antes de responder.
“E o que você ganharia traindo sua… amante?” Amara perguntou suavemente, seu tom quase zombeteiro.
Candy estremeceu. “Não a chame assim,” ela retrucou. “Ela não é minha amante. Não mais. Isso é justiça. E eu ganharia a satisfação de vê-la cair. De saber que ela não poderia mais me manipular.”
Pela primeira vez, Amara permitiu-se um pequeno sorriso divertido. Ela se recostou, cruzando as mãos no colo.
“Muito bem,” ela disse. “Talvez você esteja certa. Talvez a fome de Cereja nunca acabe. E talvez se aliar a você seja mais sábio do que me unir a ela.”
O alívio varreu Candy como água fresca. Ela estendeu a mão, apertando firmemente a mão de Amara. “Bom. Então nós agimos essa noite. Vou mandar um dos meus guardas à frente para a Rainha Rosa. Ele levará a notícia das conspirações de Cereja. Quando a Rainha souber, Cereja estará acabada.”
Amara assentiu lentamente, embora seus olhos permanecessem afiados, calculistas.
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Aquela noite, após os planos serem sussurrados e o guarda enviado, Amara saiu silenciosamente das câmaras de Candy.
Seus passos, no entanto, não a levaram de volta aos seus aposentos. Em vez disso, a levaram até a varanda sombreada do jardim onde Cereja costumava demorar-se.
Cereja estava lá, encostada no parapeito de pedra, seus olhos brilhando como aço afiado à luz do luar. Ela se virou quando Amara se aproximou, seu sorriso lento e conhecedor.
“Bem?” Cereja perguntou suavemente. “Como posso ajudá-la?”
Amara inclinou a cabeça, seus cabelos escuros caindo como uma cortina ao redor de seu rosto. “Ela me contou tudo. Ela quer trair você. Ela quer enviar uma mensagem para a Rainha. Ela disse que era pessoal, que você me usaria se eu ficasse ao seu lado.”
Os lábios de Cereja se curvaram em um sorriso sombrio. Ela não se assustou com a traição; parecia quase satisfeita com ela. “Obrigada,” ela murmurou, seu tom baixo e deliberado. “Eu vou lidar com isso.”
Ela se aproximou, seus olhos queimando nos de Amara com uma estranha e perigosa intensidade. “Você escolheu o lado certo esta noite.”
Amara não disse nada, apenas abaixou a cabeça. Mas por dentro, sua mente estava a mil. Ela havia traído Candy antes mesmo que ela concluísse seu plano.
E Cereja… Cereja recompensava a traição com aprovação.
Isso por si só disse a Amara tudo o que ela precisava saber.