A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 474
Capítulo 474: Encontros Secretos
A lua pairava alta e distante, oculta atrás de nuvens esfarrapadas que deslizavam como fantasmas pelo céu.
Anna puxou a capa escura mais apertada em torno dos ombros enquanto seguia Uther pela trilha densa da floresta.
O caminho era antigo — inutilizado e quase esquecido — coberto de espinhos e pesado com folhas úmidas.
O silêncio era perturbador, quebrado apenas pelo estalo ocasional dos galhos sob os pés.
Ela ouviu ruídos estranhos e as árvores se movendo ao redor.
Ela sentiu um calafrio de medo pela espinha.
“Para onde exatamente estamos indo?” ela perguntou ao tio, a voz baixa, mas afiada.
Uther olhou por cima do ombro. “Para algum lugar privado. Sem ouvidos. Sem olhos. Apenas você, eu, e o homem que pode ajudar você a destruir Jasmine.”
“Por que não nos encontramos em algum outro lugar melhor?” Anna sibilou asperamente enquanto olhava em volta da floresta. “Por que passar por tudo isso?”
“Porque deve ser discreto.” Uther respondeu, com um leve tom de irritação na voz.
“O que isso tem a ver com não estarmos montando em um cavalo ou, melhor ainda, nos transformando? E por que estou usando essas roupas feias e sujas?” Ela perguntou ao perceber o casaco imundo que vestia.
Ela ficou revoltada com o fedor.
“Não podemos montar cavalos porque precisamos mascarar quem somos. Também não podemos nos transformar porque precisamos esconder nosso cheiro. Parecer assim pode ajudar a evitar que alguém nos lembre. E isso é a última coisa que queremos.” Uther disse. “Se isso é demais para você, acho que Jasmine adoraria o seu assento na alcateia.”
Anna cerrou os dentes.
Apenas ouvir o nome dela novamente fez seu estômago se contorcer de aversão.
Ela não disse nada e seguiu com ele.
Eles caminharam por mais alguns minutos antes de chegar a uma pequena clareira.
Na borda estava uma taverna decrepita — seu exterior de madeira desgastado e desbotado pelo sol, janelas quebradas, teto afundado.
Um lugar que exalava abandono e segredo.
“Lá dentro?” Anna perguntou, o desgosto permeando sua voz.
Uther não respondeu. Ele simplesmente empurrou a pesada porta e entrou.
Anna o seguiu com relutância.
A taverna era sombria, iluminada apenas por algumas lanternas tremeluzentes pregadas aleatoriamente nas paredes.
Poeira pairava no ar.
As pessoas lá dentro riam e bebiam.
Havia mulheres seminuas nos colos dos homens enquanto conversavam.
O ruído era outra coisa.
“Por aqui.” Uther instruiu em direção a uma mesa e ela seguiu logo atrás.
Ele a levou até um homem sentado em uma mesa no canto.
Uther indicou um assento para ela enquanto ocupava o dele.
Ela se sentou e só então o homem levantou o olhar para ela.
Ele era grosseiro e parecia horrível.
Seu rosto parecia machucado, como se tivesse sido espancado recentemente.
Ela se perguntou o que causou aquilo.
“Leviathan.” Uther saudou.
Leviathan sorriu de canto de boca, reclinando-se em sua cadeira. “Olá Uther, Olá Princesa.”
Anna recuou.
“Você é o informante?” ela olhou entre ele e Uther, claramente nada impressionada.
“Era,” Leviathan corrigiu. “Caçador Alfa me rebaixou nas fileiras. Sou um Ômega agora, graças à sua pequena princesa acorrentada. Mas ainda tenho olhos. E ouvidos.”
Anna cruzou os braços, as narinas infladas. “E por que eu deveria confiar em um cachorro derrotado como você?”
O sorriso de Leviathan se torceu. “Porque ninguém odeia Jasmine mais do que eu. Ela me custou tudo. Meu status. Minha posição. Meu orgulho. Se existe alguém que quer vê-la se despedaçar, peça por peça, sou eu.”
Anna não disse nada por um longo tempo. Então ela se sentou à frente dele.
“Fale.”
Leviathan serviu-se de uma bebida, o líquido balançando denso.
“Ela é mantida na torre da ala leste. Mesmo quarto todas as noites. Guardada, claro, mas não rigidamente. Caçador a observa, mas é mais… possessivo do que estratégico. Ele está obcecado por ela. Ainda não a tocou—mas você pode ver isso nos olhos dele. Ele está se perdendo. Aquela garota… ela se infiltra nas mentes das pessoas.”
“Nem me fale,” Anna murmurou, seus punhos cerrados sob a mesa.
“Ela não sabe que você está tramando,” ele continuou. “Não sabe que alguém a está observando. Nem sequer sabe que o namorado dela fugiu com o rabo entre as pernas e a deixou. Mas eu me aproximei o suficiente. Sei sua rotina. Sei quem entra e sai. Posso plantar coisas. Iniciar boatos. Talvez vazar uma carta. Algo que pareça que ela está alimentando Caçador com informações o tempo todo.”
Os olhos de Anna brilharam com um deleite lento e perverso. “É exatamente o que eu quero. Fazer parecer que ela estava trabalhando com ele desde o início. Como se ela tivesse planejado tudo. Seu desaparecimento. A emboscada de Xaden. Tudo.”
“Enquadrá-la como uma traidora,” disse Leviathan, assentindo. “Fazer a Alcateia Crescent odiá-la.”
“Fazer Xaden odiá-la,” Anna corrigiu.
Leviathan levantou uma sobrancelha. “Você acha que ele ainda a ama?”
“Meu irmão não ama aquela prostituta,” disse Anna firmemente, “Se ele acreditar que ela o traiu? Ele nunca a perdoará. E quando ele virar as costas, todos os outros também vão.”
“E o que eu ganho em troca?” Leviathan perguntou, inclinando-se para frente agora. “Porque estou arriscando muito. Se Caçador descobrir, estou morto. Ou pior.”
Anna meteu a mão em seu manto e puxou uma pequena bolsa. Soou levemente. Ela a deslizou pela mesa.
“Diamantes,” ela disse. “O suficiente para comprar lealdade. Mais virá se você tiver sucesso.”
Leviathan olhou para a bolsa, então a pegou e a pesou na mão. “Nada mal.”
“E,” Anna acrescentou, “se tudo correr bem, vou garantir que seu status seja restaurado. Ainda não te perdoei pelo que fez ao meu irmão. Uma vez que este assunto esteja encerrado, ainda vou considerá-lo como meu irmão.”
O sorriso de Leviathan retornou. “Bem, caramba. Parece que estou de volta ao negócio.”
Eles se sentaram em silêncio por alguns momentos, o peso do plano deles pesando.
Lá fora, o vento soprava suavemente através das árvores.
“Qual é o primeiro passo?” Anna perguntou.
“Vou começar plantando algo pequeno. Uma mensagem codificada. Algo que apenas um espião carregaria. Talvez até escondê-la entre os pertences dela. Isso começará a suspeita. Depois, construímos a partir daí.”
“Quero isso à prova de falhas,” Anna avisou. “Sem erros. Sem piedade.”
Leviathan assentiu. “Entendido.”
Anna levantou-se, limpando o manto. “Faça isso ser crível,” ela disse friamente. “E faça-a queimar.”
Quando ela se virou para sair, Uther a seguiu. Leviathan permaneceu para trás, ainda segurando a bolsa de prata em sua mão e um sorriso diabólico se espalhando em seu rosto.
Agora era guerra.
E Jasmine não tinha ideia de que isso já tinha começado.