A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 461
Capítulo 461: SEU RETORNO
O vento frio mordia a pele de Xaden enquanto ele cambaleava pela vegetação rasteira, cada respiração que ele tomava era rasa e irregular. Sua camisa estava rasgada, coberta de sangue seco, e seu lado latejava violentamente a cada movimento.
Cada passo era uma batalha, e cada respiração lhe lembrava o quão perto estava do limite.
Ele não sabia há quanto tempo estava correndo.
Galhos arranhavam seus braços. Pedras perfuravam seus pés. Suas pernas tremiam sob ele como se não lembrassem mais como carregar seu peso. Mas ele não podia parar—não agora. Não com a liberdade ao alcance. Em algum lugar além desta floresta, além da escuridão, estavam seu povo.
Ele tinha que chegar até eles.
Ele não se lembrava exatamente de como escapou. Num momento, ele estava deitado no chão frio do calabouço, entrando e saindo da inconsciência, e no próximo estava atacando um guarda descuidado com o último surto de adrenalina em suas veias. Ele se lembrou de morder—forte—e pegar um conjunto de chaves enquanto o homem gritava. Depois veio a corrida frenética pelos corredores, o caos dos sinos de alarme, o rosnar dos lobos perseguindo seu cheiro.
E então ele estava na floresta, correndo.
Correndo até as árvores se tornarem um borrão, e seus pulmões queimarem.
Um rosnado baixo ecoou atrás dele. Ele se virou, cambaleando. Nada. Apenas sombras dançando entre os troncos. O vento não era amigo esta noite. Sussurrava ilusões e ameaças a cada rajada.
Ele seguiu em frente.
A dor em seu lado ficou mais aguda. Ele podia sentir o sangue novamente—fresco, quente, encharcando sua camisa. Sua ferida havia reaberto. Ele trincou os dentes e continuou.
Só um pouco mais.
Seus pensamentos eram fragmentos dispersos de sobrevivência. O rosto de Jasmine. Os portões da alcateia. Seus guerreiros. Jasmine—de novo e de novo.
A voz dela em sua cabeça, suave e feroz.
Ele pisou contra o sangue escorrendo em seu olho. Algo brilhou à frente.
Uma luz.
Uma lanterna?
A alcateia.
Xaden tropeçou, seu pé prendendo em uma raiz. Ele caiu com força, arranhando as palmas das mãos contra a terra. Mas quando ergueu a cabeça, viu claramente desta vez— tochas. Uma parede. Uma forma à distância que só poderia ser os portões imponentes da entrada norte de seu território.
Um soluço escapou de sua garganta.
Ele estava em casa.
Ele usou suas últimas forças para rastejar. Seus joelhos sangravam. Suas mãos deixaram manchas no caminho de cascalho. Mas ele ainda rastejava—até chegar ao portão e bater seu punho contra a madeira com um golpe fraco.
E então o mundo se inclinou.
Gritos. Passos.
Alguém estava gritando seu nome.
Então, nada.
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Tochas foram acesas. Guardas correram pelos parapeitos, pulando os degraus de dois em dois. Beta Ronan, um dos cabeças dos guardas que observava os arredores da
“Mantenham a formação!” ele latia. “Fiquem alertas!”
Mas à medida que eles se aproximavam do corpo caído, o ar mudou—algo primal, algo conhecido. Ronan desacelerou. Os outros guerreiros caíram em um silêncio atordoado enquanto a luz trêmula de suas tochas caía sobre o homem à frente deles.
Sangue. Sujeira. Carne rasgada. O cheiro de ferro e fogo.
Mas por baixo disso… aquela aura inconfundível.
“Espíritos”, sussurrou um dos guerreiros. “É aquele…”
Ronan caiu de joelhos.
“Alfa Xaden?”
Não houve resposta. O homem não se moveu. Seu corpo era um amontoado de hematomas, cortes profundos, e sangue seco.
Seu cabelo escuro outrora majestoso estava emaranhado e embaraçado com folhas e cinzas. Seu peito subia—mal. Mas subia.
“Ele está vivo!” Ronan gritou, sua voz quebrando. “Ele está vivo! Chamem os curandeiros agora!”
Os portões se abriram com força enquanto mais guardas entravam, alguns caindo de joelhos em choque, outros congelados em descrença.
Dois guerreiros viraram Xaden com cuidado, revelando a bagunça rasgada de seu torso, e o ferimento infeccionado em seu lado.
“Não toque o ferimento!” alguém latiu. “Não sabemos quão profundo é.”
Ronan já estava tirando sua capa e pressionando-a contra o pior do sangramento, segurando-a com mãos firmes e experientes.
“Onde está Erik?” um dos guardas perguntou sem fôlego.
“Ele ainda está na floresta,” Ronan retrucou. “Não temos tempo para esperar. Levantem-no. Agora.”
Os guerreiros se moveram rapidamente mas reverentemente, como se estivessem levantando algo sagrado. Um na cabeça, um nas pernas, os outros abrindo caminho. Eles o carregaram dentro das paredes, as tochas os guiando como estrelas na noite.
O salão principal ganhou vida. Curandeiros correram de seus quartos, reunindo tigelas de água morna, panos, e o resto de suas preciosas pomadas de cura.
Notícias do retorno de Xaden se espalharam como fogo, e até os membros mais antigos da alcateia, aqueles que não saíram de seus quartos por semanas, ficaram do lado de fora, silenciosamente observando enquanto seu Alfa era trazido para casa.
Quando as portas da enfermaria se abriram com força, um silêncio caiu sobre a multidão.
Loren abriu caminho com Ned.
“O que aconteceu com ele?”
“Não tenho ideia,” Ronan disse, sua voz rouca. “Nós o encontramos do lado de fora dos portões.”
Ele não disse que por um momento, ele acreditou que era o fantasma de Xaden.
Ele não disse que parte dele ainda não estava certo.
“Me dê essas ervas, agora!” Loren disse para Ned. “E os panos de febre. Mexa-se!”
Eles o colocaram na cama, e imediatamente Loren começou a cortar os restos esfarrapados de sua camisa e limpar seus ferimentos.
Cada centímetro dele estava coberto de hematomas, escoriações e cortes.
Um dos ferimentos perto de suas costelas havia começado a escurecer com infecção.
“Ele deveria estar morto,” Loren murmurou para si mesmo. “Mas Xaden é teimoso demais para morrer.”
Ronan se afastou, seus punhos cerrados.
“Ele vai sobreviver?” ele perguntou.
Loren não olhou para ele. “Nós não sabemos.”
“Ele tem que sobreviver,” Ronan disse. “Ele é nosso Alfa.”
Do lado de fora da enfermaria, o pátio agora estava cheio de lobos em forma humana, jovens, velhos, guerreiros e civis igualmente. Eles estavam em grupos, murmurando, sussurrando orações.
Xaden estava de volta.
Após semanas de silêncio, dor, e perguntas sem resposta, o impossível havia acontecido. Mas ninguém podia celebrar. Ainda não.
Lá dentro, Loren trabalhou incansavelmente, dirigindo os outros curandeiros com comandos afiados. Eles aplicaram pomadas, costuraram ferimentos, e deram a ele gotas de água misturada com raízes esmagadas.
Xaden estremeceu apenas uma vez durante todo o procedimento, um testemunho de quão perto da inconsciência ele estava.
Horas se passaram.
Eventualmente, Ronan foi deixado sozinho no corredor, capa ensanguentada na mão, assistindo através da janela de vidro enquanto o curandeiro enrolava o corpo de Xaden em bandagens limpas.
“Ele precisa de tempo,” Loren disse suavemente enquanto saía. “E força. Ele está por um fio.”
Ronan assentiu.
“Isso significa que todos vocês saiam e fiquem de vigia.” Loren disse antes de expulsar todos da sala.
E então Loren olhou ao redor, antes que finalmente lhe ocorresse.
“Onde diabos está Jasmine?