A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 460
Capítulo 460: ESCAPE
A pedra sob as costas de Xaden há muito tempo havia deixado de ser fria para se tornar insensível. A dor não era mais aguda.
Ela pulsava como um batimento de tambor surdo na medula dos seus ossos. Cada respiração arranhava seus pulmões, seu corpo à beira da rendição. Ele sabia que não tinha muito tempo.
Dias. Talvez horas.
Suas costelas estavam rachadas, seus lábios partidos e sangrando. A fome roía suas entranhas como uma fera com dentes. Ele havia se transformado em algo magro e quase fantasmagórico, mas não desaparecido. Ainda não.
Não até ele tentar.
Esta noite, algo estava diferente. Ele soube disso no momento em que os guardas mudaram de turno mais cedo do que o habitual.
Um deles resmungou sobre o Alfa ser convocado para alguma reunião urgente além da vigia oriental. Menos patrulhas. Menos olhos.
Ele não era forte. Mas não era a força que o mantinha vivo.
Era outra coisa.
Um fio puxado sob o peito. Algo invisível. Familiar. Real.
Zayden abriu os olhos para a escuridão. O ar estava espesso com mofo e ferro, o cheiro de sangue seco incrustado nas pedras. Ele se ergueu lentamente, mordendo um gemido que rasgava sua garganta.
Ele estendeu a mão em direção à parede onde havia escondido — um fragmento enferrujado de ferro do banco quebrado ao qual uma vez o acorrentaram. O metal mordeu sua palma enquanto ele o segurava, seus nós dos dedos ficando brancos.
Uma respiração.
Duas.
Ele se arrastou até a porta da cela e enfincou o fragmento na fechadura, mãos trêmulas escorregando com suor. Não era habilidade — era desespero.
Click.
A porta rangeu ao se abrir. Cada som ecoou pelo corredor como um grito. Mas nenhum guarda apareceu.
Ele entrou no salão, abraçando as sombras, cada passo uma agonia. Ele mancou pelas masmorras como um fantasma, pressionando-se contra a pedra para evitar o brilho laranja das tochas. Ele se escondeu atrás de barris quebrados, passou por arcos como um sussurro.
Ele passou por salas com correntes. Lugares onde outros haviam gritado. E então…
Aquele sentimento novamente.
Ele bateu em seu peito como um choque de calor. Ele parou no meio do passo, ofegante.
Não era apenas um puxão — era Jasmine.
Um lampejo de calor. A memória de seu cheiro. A voz dela no canto de sua mente, sussurrando seu nome.
Ele agarrou seu peito.
Não. Não, não poderia ser. Jasmine estava segura. Longe. Ela estava de volta em casa. A alcateia a teria escondido agora. Protegido ela. Este lugar — este inferno — ela nunca poderia estar aqui.
Ele fechou os olhos e rangeu os dentes.
Isso era uma alucinação. Sua mente moribunda o enganando com conforto que não poderia mais proporcionar.
E ainda assim…
Ele não conseguiu impedir as lágrimas que encheram seus cílios.
“Continue se movendo,” ele sibilou.
Subindo dois lances de degraus de pedra. Suas pernas tremiam, mas a adrenalina o impulsionava para frente. Cada respiração queimava, mas liberdade — liberdade estava próxima.
Ele alcançou o portão do pátio leste. Estava destrancado. Deixado aberto.
Alguém havia sido descuidado.
Ele mancava através, e pela primeira vez em semanas — ar fresco e cortante atingiu seu rosto. Árvores farfalharam à distância. O uivo de um lobo ecoou longe, e Zayden sentiu o doloroso impacto em seus ossos.
Mas algo o fez parar.
Um sussurro de movimento. Um brilho de luz da torre acima.
Ele olhou para cima.
E a viu.
Uma silhueta na janela. Uma mulher com as mãos pressionadas contra o vidro, cabelo escuro caindo sobre os ombros. A luz da lua iluminou seu rosto por um segundo.
Era ela. Era—
“Jasmine?” ele sussurrou, atordoado.
Seu coração deu um salto doloroso em seu peito. Por um momento glorioso e horrível, ele acreditou.
Ela estava aqui.
Ela havia vindo.
Mas então…
A realidade retomou. Ele piscou, e a imagem vacilou.
Não. Ele estava delirante. Homens moribundos viam o que mais amavam.
Aquilo não era ela.
Não poderia ser.
Ele se forçou a virar, mesmo quando cada fibra de seu ser gritava para não fazer isso. Ele virou e correu, mancando na floresta, na escuridão.
Para o desconhecido.
Ele não olhou para trás novamente.
⸻
Lá em cima, atrás do vidro grosso e gradeado da janela de seu quarto, Jasmine estava congelada na escuridão.
Ela sentiu antes de ver qualquer coisa.
Um chute agudo. Então outro. Seu bebê se mexia violentamente dentro dela, diferente de tudo que havia sentido antes — urgente, em pânico.
Ela pressionou uma mão em seu estômago. “O que há de errado, bebê?”
Então veio a puxada. Aquele fio inconfundível e invisível puxando seu peito. Sua respiração engasgou. Sua pele arrepiou.
Xaden.
Ela cambaleou em direção à janela, coração batendo freneticamente. O quarto ao seu redor ficou embaçado.
Ela puxou as pesadas cortinas.
O pátio estava banhado em luz da lua. Imóvel. Silencioso.
Mas então — movimento.
Um homem mancando pelo chão aberto. Sangrando, quebrado… familiar.
Seus joelhos cederam.
“Xaden…” ela sussurrou, sua voz presa na garganta.
Ele parou, apenas por um momento, virando o rosto em direção a ela.
E lá estava ele.
Pálido, abatido… mas era ele. Era ele. Seu coração se quebrou novamente.
Ela pressionou ambas as mãos contra o vidro.
“Xaden!”
Mas sua voz não se propagou. O vidro era grosso demais. Sua voz, rouca demais.
Seus olhos encontraram sua janela — apenas brevemente. Mas ele não se moveu. Não reagiu.
Seu olhar estava distante. Incrédulo. E então… ele se virou.
“Não…” ela suspirou. “Por favor… olhe para mim. Apenas olhe…”
Ela bateu as mãos contra o vidro da janela, lágrimas escorrendo por suas bochechas.
Ele estava indo embora.
“Xaden!”
Ela não se importava mais quem a ouvisse. Que a arrastassem de volta para a cama. Que a punissem. Ela gritou até sua garganta arder.
Mas ele já tinha ido.
Sumiu entre as árvores.
Sumiu como se nunca tivesse estado lá.
Seus joelhos cederam. Ela desabou no chão sob a janela, seu corpo tomado por soluços. Seu bebê chutou novamente, e ela se enroscou em torno de sua barriga, como se isso protegesse a criança da dor que irradiava dela como uma tempestade.
Ele esteve aqui.
Ele tinha estado aqui.
E agora ele se foi.
Ela ficou ali, sussurrando seu nome como uma oração no silêncio de sua gaiola dourada, a lua a única testemunha de seu desgosto.
E então Jasmine acordou com um sobressalto e olhou ao redor.
Não havia Xaden.
Tinha sido apenas um sonho.
Ela sentiu seus ossos fracos e então levantou-se da cama.
Ela caminhou até as grandes janelas de frente para a floresta e segurou gentilmente seu estômago.
E então ela viu uma figura indo em direção à floresta.
Ela esfregou os olhos.
Mas não havia ninguém.
Ela estava apenas imaginando.
Jasmine não fazia ideia de que Xaden tinha escapado.