A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 450
Capítulo 450: O CHOQUE DE ANNA
O sol mal tinha passado do seu ápice quando o doce murmúrio de risadas embriagadas pelo vinho se espalhou do pátio da casa da alcateia. Anna, envolta em um xale carmesim fino demais para a ocasião, descansava sob o toldo como uma rainha deslocada do seu trono, ladeada por Lily, Lisa e duas outras garotas cujos sorrisos eram afiados demais para serem amigáveis e ansiosos demais para agradar.
“Eu digo que fazemos um brinde,” Anna ronronou, sua voz carregada de um mel venenoso enquanto erguia seu copo. “Para Jasmine finalmente ter ido embora – e espero que desta vez para sempre.”
As garotas explodiram em risadinhas de deleite, suas pulseiras tilintando como sinos dos ventos enquanto erguiam seus copos. O vinho em suas taças era profundo e vermelho, reluzindo à luz como segredos derramados.
“Você acha que ela realmente correu atrás dele?” Lily perguntou, franzindo o nariz enquanto tentava—e falhava—suprimir uma risada. “Quão desesperada você pode ser?”
“Desesperada e estúpida,” Anna disse com um suspiro dramático, espanando poeira imaginária da manga. “Sinceramente, estou surpresa que ela não tenha se jogado aos pés dele antes. Ela sempre se agarrava como uma sanguessuga.”
“Ela está grávida,” uma das garotas sussurrou, a voz incerta.
Anna zombou. “Provavelmente fingiu isso também. Não seria a primeira vez que uma garota tentou prender um Alfa com uma história e uma barriga inchada.”
Lisa ergueu uma sobrancelha. “Bem, ele a escolheu—”
Anna revirou os olhos e a interrompeu com um gesto brusco. “Só porque ele foi enfeitiçado. Feitiço de amor, encanto—chame como quiser. Nunca foi real. E agora? Ele se foi, ela se foi. Talvez a Deusa finalmente tenha atendido nossas orações.”
O riso delas aumentou novamente—cruel, estridente, carregado de vinho e amargura. Elas não perceberam a forma como suas palavras se espalharam além das sebes, ou como sua alegria coalhava o ar como leite azedo.
Logo na esquina, Nanny Nia e Fiona estavam passando, indo em direção à caverna do curandeiro com uma tigela de oferenda nas mãos de Nia. Ela havia estado sussurrando fervorosas orações para a Deusa da Lua, implorando pela segurança de Jasmine, por força para ser enviada à garota que já tinha perdido demais.
Mas então o riso a atingiu.
Cortou suas orações silenciosas como uma faca.
Ela parou.
Seus dedos se apertaram em torno da tigela de oferendas, os nós dos dedos ficando brancos. O fôlego em seu peito se prendeu como espinhos.
Ao seu lado, Fiona ficou tensa. Sua expressão se escureceu.
Nanny Nia se virou lentamente em direção ao pátio, seus passos eram medidos, cada um ardendo de propósito.
“Eu acabei de ouvir o que acho que ouvi?” Sua voz era suave—mas rachou como trovão.
As garotas congelaram, no meio do gole e do sorriso, seus rostos mostrando surpresa e um lampejo de inquietação.
Anna, sempre ousada, se virou com uma expressão entediada. “E se for?”
“Vocês estão celebrando que Jasmine se foi?” Nia perguntou, avançando. Seu tom era calmo, mas seus olhos queimavam como um incêndio. “Celebrando uma mulher que pode estar morta, que está carregando o filho do Alfa?”
“Ela nunca foi uma de nós,” Anna disse friamente. “Você sabe disso. Ela nunca pertenceu aqui. Ela entrou em nossa alcateia como um vira-lata, rabo entre as pernas, agindo como se a própria Lua a tivesse escolhido.”
“Você é uma criança vil,” Nanny Nia cuspiu, sua voz tremendo de fúria. “Ela deu tudo por esta alcateia. Ela deu seu coração, sua força, sua lealdade—e ela está carregando o futuro desta linhagem. E você, própria irmã de Xaden, ousa falar assim?”
Anna se levantou, taça de vinho balançando entre seus dedos. “Oh, eu tenho um coração,” ela disse, voz afiada como uma lâmina. “Só não um que sangra por traidores.”
“Você deveria cuidar das suas palavras,” Fiona interveio, avançando, sua voz como uma lâmina deslizando de sua bainha.
Anna sorriu. “Cuidado, Fiona. Está começando a parecer que você se importava com ela.”
O olhar de Fiona era firme. “Eu me importo. E me importo mais com a verdade do que com o veneno que você cospe só para se sentir importante.”
Anna se irritou, cerrando o maxilar. “Você acha que sabe tudo—”
“Mas eu sei disso,” Fiona disse, voz baixa, perigosa. “Você não está apenas com ciúmes de Jasmine. Você está obcecada em derrubá-la porque sabe, no fundo, que nunca será ela.”
Suspiros ecoaram ao redor do pátio, as palavras aterrissando como socos.
O rosto de Anna se contorceu. “Ela se foi. E ela não vai voltar. Xaden não vai voltar por ela. Ele vai voltar e vê-la pelo que ela realmente é—”
A risada de Fiona cortou suas palavras. Era suave, complacente. “Você realmente acredita que a ausência de Jasmine te faz mais digna aos olhos dele?”
“Ela não é nada,” Anna rebateu. “Nada além de um erro.”
Fiona inclinou a cabeça. “Então por que você ainda está tão desesperada para apagá-la?”
Silêncio.
Então, Fiona deu um passo mais perto, sua voz suavizando para algo quase terno—quase cruel em sua clareza. “Você quer saber por que Erik nunca será seu companheiro, Anna?”
Anna piscou.
Fiona se aproximou, sua voz mal acima de um sussurro. “Porque Erik está apaixonado por mim.”
O copo escapou dos dedos de Anna.
Ele se quebrou, um eco perfeito de sua compostura rachando. Vinho carmesim se espalhou pelos azulejos, se espalhando como sangue pela pedra.
O pátio caiu em um silêncio atordoado.
A boca de Lisa se abriu em choque. Lily empalideceu. As duas garotas sem nome recuaram, subitamente muito interessadas em qualquer coisa que não fosse o confronto se desenrolando diante delas.
A voz de Anna, quando veio, era frágil e fina. “Você está mentindo.”
“Eu não estou,” Fiona disse simplesmente. “Ele me ama. E você pode continuar dizendo a si mesma que ele não ama. Mas a verdade não mudará. Nunca haverá um Erik e Anna. Não enquanto eu estiver respirando.”
Os lábios de Anna se abriram para responder, mas nenhuma palavra saiu.
E Fiona não esperou.
Ela se virou, pegou a mão de Nanny Nia na sua, e caminhou embora com a graça de uma tempestade que passa. Nia olhou para trás uma vez—apenas uma vez—e o fogo em seus olhos prometia que a Deusa ouviu tudo.
As garotas ficaram ali paradas na ruína de sua própria crueldade, vidro brilhando como promessas quebradas aos seus pés.
Anna não falou.
Não conseguiu.
Porque pela primeira vez, ela percebeu que não era temida. Ela não era invejada.
Ela estava sozinha.
E Jasmine… Jasmine ainda tinha poder.