A Noiva Indesejada do Alfa - Capítulo 449
Capítulo 449: PROCURANDO XADEN
Por um longo tempo, Marro não falou.
Ele ficou em silêncio na clareira, seu pequeno peito subindo e descendo com respirações superficiais enquanto ele olhava para a pulseira nas mãos de Jasmine. Estava manchada e desgastada, o couro amolecido pelo tempo, mas pulsava com memória. Com tristeza. Com o último lampejo de esperança.
Jasmine não disse nada. Ela deixou o menino ter seu silêncio, sua mão repousando suavemente sobre a curva de sua barriga. Kire sentou-se ao lado deles, sua cauda se contraindo, seus olhos dourados afiados e escaneando as árvores. A floresta ao redor estava silenciada, como se até mesmo os pássaros não ousassem interromper.
Finalmente, Marro olhou para cima. Sua voz, quando veio, era quieta e ainda assim firme.
“Eu vou levar você.” Ele disse
O fôlego de Jasmine falhou. “Tem certeza?”
Ele acenou com a cabeça. “Se ele morrer… e eu pudesse ter ajudado… então é como se todos tivessem morrido por nada. Toda a minha família e eu não conseguiremos viver com essa culpa.”
Jasmine mal podia acreditar.
Um menino tão pequeno enfrentou algo tão terrível e ainda assim era tão forte
Jasmine não discutiu.
Ela apenas se ajoelhou, segurando a mão dele em ambas as suas, pequenas, sujas e trêmulas, e ajudou-o a subir nas costas de Kire atrás dela.
“Segure-se,” ela sussurrou, e ele obedeceu.
Eles cavalgaram.
A floresta se adensou ao redor deles, tornando-se densa e sombria. Jasmine sentiu como se estivessem descendo para o ventre do mundo. As árvores erguiam-se como sentinelas, seus galhos nus e sussurrantes, suas raízes retorcidas e inchadas com segredos.
Marro os guiava com murmúrios cuidadosos. “À esquerda no pinheiro quebrado… depois siga direto após o tronco oco.”
Sua voz era fina, mas certa. Jasmine nunca duvidou dele.
Quanto mais avançavam, mais o mundo parecia prender a respiração.
“Quanto tempo faz?” ela perguntou, quando o silêncio se prolongou demais.
“Dois dias,” Marro murmurou. “Eles atacaram ao nascer da lua. Eu não pude deixar minha casa porque estava sendo punido por estar na floresta, eu teria saído antes.”
Jasmine sentiu ele apertar o abraço em sua cintura. Um tremor silencioso passou por ele.
“Eu me escondi em um buraco perto das árvores,” ele disse, a voz se quebrando. “Depois que eles me perseguiram pelo mercado. Sou muito pequeno, então não me acharam, e eu não fiz minha transformação adulta, por isso não conseguiram me rastrear. Alfa caçador e seus homens.”
“Caçador,” Jasmine murmurou. O nome tinha gosto de metal em sua língua.
Marro assentiu levemente. “Eu encontrei seu amigo na curva do rio. Ele estava sangrando tanto que achei que já tivesse partido.”
Uma onda de náusea passou por ela. A ideia de Xaden deitado ali—ferido, descartado, esquecido—quase a desfez.
“Enquanto ele ainda estava dormindo, arrastei-o para uma caverna,” Marro sussurrou. “Não está longe. Dei-lhe um pouco de água e queijo quando ele acordou.”
“Você fez tudo certo,” Jasmine disse ferozmente, olhando para trás. “Você o salvou, Marro. Nunca se esqueça disso.”
Ele não respondeu, mas seu aperto em sua cintura afrouxou um pouco.
Eles cavalgaram em silêncio depois disso, Kire navegando como uma sombra entre as árvores e sobre raízes úmidas de musgo. O sol começava a descer atrás da cordilheira oeste, lançando longas sombras sobre o chão da floresta.
Então, Kire parou.
O ar mudou—fino, pesado, metálico.
Kire rosnou baixo—não em ameaça, mas em aviso.
Jasmine ficou tensa. Ela deslizou para fora de suas costas e ajudou Marro a descer.
“Fique perto de mim,” ela disse, os olhos vasculhando as árvores. Havia algo no ar. Um sabor azedo. Fraco, mas inconfundível.
Sangue.
O cheiro ficou mais forte à medida que eles caminhavam.
Eles alcançaram uma crista de rocha musgosa, sua face rachada pelo tempo. Entre duas elevações de pedra estava a boca estreita de uma caverna, baixa e discreta.
“É aqui,” Marro disse, apontando. “Eu o deixei aqui.”
O coração de Jasmine batia forte enquanto ela se abaixava para entrar. O ar estava úmido e viciado, as paredes de pedra escorregadias com condensação. Seus olhos se ajustaram lentamente à penumbra—e então captaram a mancha escura no chão.
Sangue.
Muito sangue.
Havia marcas de arrasto, espalhadas pelo chão de pedra. Um pedaço de tecido estava meio enfiado sob uma rocha caída. Jasmine estendeu a mão com os dedos trêmulos e o puxou.
Parte de uma camisa.
A camisa de Xaden.
Atrás dela, Marro entrou na caverna. “Ele estava bem ali,” ele disse, apontando para o local. “Eu… Eu o deixei bem ali.”
Jasmine olhou para o sangue, o tecido, as leves depressões de onde um corpo uma vez esteve.
Mas havia pegadas também. Grandes. Várias delas, saindo da caverna e indo para a floresta.
Eles o levaram.
Seu estômago revirou. “Alguém o encontrou,” ela disse entre dentes cerrados. “Eles o levaram.”
“Mas ele não podia andar. Mal estava respirando.”
Os olhos de Jasmine arderam. Ela apertou o pedaço de camisa firmemente em seu punho. “Então o carregaram. Porque não queriam ele morto.”
Kire esperava do lado de fora, andando de um lado para o outro. Jasmine saiu da caverna, sua pele pegajosa, seu coração trovejando. Kire cheirou o ar e começou a rastrear, o nariz baixo no chão.
“Consegue segui-los?” ela perguntou.
Mas após apenas alguns passos, Kire congelou. Ele soltou um suspiro frustrado e voltou. Cheirou novamente, mais profundamente, mais intensamente. Então ele bufou e rosnou suavemente.
A trilha desapareceu.
“O que foi?” Jasmine perguntou, embora já soubesse.
Alguém havia mascarado a trilha. Cobriu-a com ervas, cheiros falsos, lama, inteligente. Calculado. Implacável.
Era do caçador do monstro. Seus sentidos lhe disseram.
“Estamos atrasados,” ela murmurou. “Eles cobriram seus rastros.”
Marro veio ficar ao lado dela. Seu rosto estava pálido e contraído, sua boca tremendo.
“O que fazemos agora?”
Jasmine olhou para ele, essa criança que havia perdido tudo, e ainda assim se mantinha firme.
“Nós os encontramos,” ela disse. “Continuamos até conseguirmos.”
Seus lábios tremeram, mas ele assentiu. “Ok.”
Kire cheirou o vento novamente, então soltou um sopro baixo e virou-se para o oeste, em direção a um novo caminho. Ele não encontrou um cheiro—mas algo capturou seu instinto.
Jasmine ajudou Marro a subir nas costas dele, depois subiu atrás. Ela segurou o tecido ensanguentado em uma mão e envolveu o outro braço ao redor de Marro, estabilizando-o.
A floresta escureceu enquanto eles cavalgavam.
Mas a determinação de Jasmine brilhava mais.
Ela não pararia.
Não até encontrá-lo.
Não até trazê-lo de volta para casa.