Capítulo 445: DANOS COLATERAIS
“Sabe de uma coisa?” Ele disse ao pegar delicadamente a estranha pulseira da mulher.
Ela ofegou.
“Acho que vou apenas pegar de volta.” Ele disse.
Ela ficou sobressaltada.
“Por que você quer fazer isso?” Ela perguntou.
“Acho que não estou mais interessado. Você é muito cara para mim.” Ele disse.
Ela ofegou com suas palavras. “Bem… uhm… o que… tudo bem. Você pode me dar por quinze wolfang.”
E lá estava.
Ele era um menino, mas conhecia bem os adultos.
Ela simplesmente queria que ele ficasse.
Ela abriu a palma da mão para que ele entregasse a pulseira.
Ele balançou a cabeça. “Não, não se preocupe. Eu realmente não estou mais interessado.”
Ela ficou boquiaberta, incrédula.
“Certo, dez.” Ela disse.
“Não, eu não quero mais.” Ele disse e rapidamente acrescentou. “Obrigado.”
Olha, nós não fazemos reembolsos. Uma vez que você paga, não posso devolver seu dinheiro.”
Ele sentiu os olhos sobre ele e começou a entrar em pânico.
“Tudo bem, fique com o dinheiro.” Ele disse ao ver dois guardas discutindo e olhando para ele.
Pelo canto dos olhos, ele viu outro grupo de guardas caminhando lentamente ao redor.
O coração de Marro batia forte em seus ouvidos enquanto ele segurava a pulseira com força. Pelo canto do olho, ele viu os guardas começando a se mover em sua direção, suas mãos repousando nos cabos de suas armas, suspeita estampada em seus rostos.
“Ei, você!” um deles latiu, apontando em sua direção.
Marro não esperou para ouvir mais.
Ele girou sobre os calcanhares e correu para longe da barraca, empurrando pessoas no mercado lotado. A mulher gritou algo para ele, mas sua voz foi engolida pela súbita comoção.
“Parem-no!” um guarda rugiu.
A respiração de Marro ficou ofegante enquanto ele se esforçava mais, desviando-se dos aldeões surpresos. Frutas caíram dos cestos, xingamentos ecoaram, e os guardas trovejaram atrás dele.
Ele não olhou para trás.
Ele não podia.
Suas pernas queimavam e seus pulmões gritavam, mas o medo que o impulsionava era maior. Ele correu por um beco entre dois prédios de pedra, saltou sobre um carrinho e fez uma curva fechada em um caminho estreito que levava à borda da floresta.
“Peguem-no!” outra voz gritou atrás dele.
Ele disparou entre as árvores, coração acelerado enquanto galhos estalavam em seu rosto e braços. A floresta o acolheu como um velho amigo, mas ele não diminuiu a velocidade. Ele podia ouvir os guardas esmagando a vegetação, gritando uns para os outros, mas ele conhecia o terreno melhor.
Seu amigo uma vez lhe ensinou como se mover na selva sem ser visto.
Agora, essa lição era sua única esperança.
Marro abaixou-se, escondendo-se atrás de um tronco de árvore grosso, forçando sua respiração a desacelerar. Ele rastejou pelas samambaias, rastejando para dentro de um buraco sob um tronco caído. Os guardas passaram correndo, suas botas martelando contra o solo úmido, gritando uns para os outros em frustração.
Ele pressionou seu corpo contra o chão e esperou, contando cada respiração até que os sons da perseguição se desvanecessem no silêncio.
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De volta em casa, sua mãe estava na janela, olhando preocupada para fora a cada poucos segundos. Ela tinha uma sensação ruim no peito, uma que não conseguia afastar. A hora estava quase acabando.
A porta da frente se escancarou.
Seu coração pulou quando seu companheiro entrou, seu rosto marcado pela fúria.
“Onde ele está?” ele exigiu.
Ela piscou. “Quem?”
“Marro!” ele disparou. “Onde está nosso filho?”
Ela congelou, então baixou os olhos. “Eu… eu deixei ele sair para brincar. Apenas por uma hora. Ele, ele queria caçar coelhos.”
Sua voz ficou fria. “Você fez o quê?”
Ela tentou se defender. “Ele esteve trancado por dias. Estava miserável. Eu pensei…”
“Você pensou errado!” ele berrou, socando a parede com força suficiente para rachar o gesso. “Há rumores! Dizem na aldeia que os homens do Caçador Alfa estão procurando um garoto que foi visto na floresta, nossa floresta, com uma posse roubada do bando inimigo.”
O sangue dela gelou.
“Não… não pode ser,” ela sussurrou. “Isso não é possível.”
Ele deu um passo em direção a ela, imponente e zangado. “Ele tinha algo com ele? Algo estranho? Algo que ele não deveria ter?”
Ela hesitou, depois ofegou. “Uma pulseira, ele levou com ele. Ele ficava escondendo de mim. Eu pensei que não era nada.”
“Mulher tola!” ele rugiu. “Você percebe o que fez? Se eles o encontrarem? Se o pegarem, todos nós seremos executados. Você entende? O Caçador Alfa não mostra misericórdia.”
Lágrimas brotaram em seus olhos. “Então, precisamos encontrá-lo, trazê-lo para casa!”
“Não podemos,” ele disse. “É tarde demais. Eles já alcançaram os arredores da aldeia.”
Ela se enrijeceu. “Não…”
Ele olhou além dela, para fora da janela, e praguejou. “Eles estão aqui.”
Lá fora, figuras escuras estavam se aproximando — três, talvez quatro homens em armaduras, e eles se moviam rapidamente.
“Vá,” ele disse, já se movendo para os fundos. “Leve Fabian. Saia pela entrada dos fundos. Vá em direção ao rio. Eu os segurarei.”
Ela balançou a cabeça, em pânico. “Não! Você não pode lutar contra eles sozinho—
Ele se virou e segurou seus ombros firmemente. “Escute-me. Proteja nossos filhos. Corra e não pare. Você me ouviu?”
Os lábios dela tremeram. “Mas”
Ele a beijou. Ferozmente. Desesperadamente.
Então ele escancarou a porta dos fundos e gritou, “Fabian! Com sua mãe, agora!”
O filho mais velho deles, com apenas quatorze anos, entrou correndo pelo lado da casa. Ele já estava tremendo. “O que está acontecendo?”
“Vá com ela. Proteja-a,” disse o pai deles antes de correr em direção à porta da frente.
“Não! Por favor—” ela soluçou, mas ele já tinha partido.
Ela puxou Fabian para perto, e eles correram.
Na frente da casa, o pai de Marro se transformou no meio da corrida, pele explodindo de seu corpo, ossos estalando enquanto ele se transformava em um lobo grande e escuro. Ele irrompeu da casa com um rosnado trovejante e saltou sobre os inimigos que vinham.
Os homens do Caçador Alfa foram pegos de surpresa pela força do ataque. Um deles caiu com um grito, sua garganta despedaçada. Outro foi derrubado para trás na lama, mas mais vieram, lâminas brilhando.
O pai de Marro lutou como uma tempestade selvagem. Ele derrubou mais dois antes que um deles cravasse uma lança de prata em seu lado.
Ele uivou de dor, cambaleando.
O último golpe veio rápido — uma lâmina atravessando sua garganta.
Ele caiu com um rosnado que se desvanecia no silêncio.
Na floresta além do caminho dos fundos, a mãe de Marro tropeçava entre os arbustos, segurando a mão de Fabian, lágrimas escorrendo pelo rosto.
“Estamos quase lá,” ela sussurrou. “Só mais um pouco—”
Rons ruidososo os cercaram.
Ela congelou.
Das árvores emergiu um grupo de lobos inimigos, seus olhos frios e impiedosos.
“Não,” ela sussurrou. “Por favor—não—”
Fabian se colocou na frente dela, tremendo mas desafiador. “Fiquem longe dela!”
Um dos lobos avançou.
Ele se transformou lentamente demais.
Seu grito cortou a floresta quando garras rasgaram seu peito.
A mãe de Marro lamentou enquanto Fabian caía, e naquele momento, ela também se transformou, mas não adiantou. Ela estava em desvantagem numérica.
A última coisa que ela viu foi o céu acima, girando enquanto caía no chão.
Sangue encharcou a terra.