Capítulo 435: CULPRIT
A porta bateu atrás de Lily enquanto ela invadia a câmara de Anna, seu fôlego vindo em arremessos rasos e frenéticos. Seu cabelo estava solto, bochechas vermelhas, e seus olhos selvagens com algo entre descrença e medo.
Anna, que estava reclinada em uma chaise com uma xícara de chá de rosas na mão, mal levantou o olhar.
“É melhor você ter um bom motivo para entrar assim.”
“Ela não está morta,” Lily sibilou, agarrando a borda da cômoda como se suas pernas pudessem ceder sob ela. “Jasmine—ela está viva. Ela está acordada. Babá Nia está com ela.”
A xícara de Anna pausou no ar. “O quê?”
“Eu a vi pela janela. Ela está falando. Sorrindo. Aquele lobo ainda está aos seus pés, e Babá Nia não saiu do lado dela.”
Anna lentamente colocou a xícara com um estalo, seus olhos se estreitando. “Eu te disse para vigiar ela. Não para ser pega como uma pirralha espiando pelas janelas.”
“Você disse que ela não sobreviveria àquela queda,” Lily sussurrou, olhos girando. “Você disse—”
“Ela não era para sobreviver,” Anna estalou. Ela se levantou, sua voz baixa e afiada. “Você deu as ervas para Ned como eu mandei?”
Lily acenou rapidamente. “Sim. Eu coloquei na mochila dele e disse que o menino do rancho deu ao cavalo. Eu segui tudo. As ervas deixaram o cavalo inquieto, exatamente como você disse.”
“Então o que deu errado?”
“Eu—eu não sei. Talvez não o suficiente?” A voz de Lily agora tremia, seus dedos torcendo na bainha de sua túnica. “Ela deveria ter batido a cabeça mais forte. Ela estava sangrando—eu vi—”
“Claramente não o suficiente,” Anna murmurou, agora andando. “E agora ela está viva. O que significa que temos um problema.”
O quarto ficou quieto. Mas o momento pairava como vidro fino, pronto para se quebrar.
Do canto, Lisa, que estava sentada quietamente perto da lareira, finalmente falou.
“Você acha que esse é o problema?” Sua voz era fria, distanciada.
Anna e Lily se viraram.
Lisa levantou-se lentamente, alisando suas saias. “O verdadeiro problema acabou. Eu cuidei dele.”
Anna piscou. “Do que você está falando?”
“Rudy.” Os olhos de Lisa estavam sem vida, quase entediados. “Ele está morto.”
Lily engasgou. “O quê—o que você quer dizer com morto? O que aconteceu?”
“Eu o enforquei,” Lisa disse, seu tom factual, como se estivesse contando uma tarefa. “No celeiro. Ele estava ficando nervoso. Eu vi nos olhos dele depois que Jasmine caiu.”
Lily deu um passo para trás. “Você—you matou ele?”
Lisa olhou para ela. “Você foi quem disse que ele nos viu no estábulo.”
A boca de Anna se abriu, mas nenhuma palavra veio por um momento. “Você está certa?”
Lisa deu uma leve inclinação de cabeça. “Ele estava em pânico. Iria quebrar no momento que alguém o questionasse. Ele não é como nós.”
“Ele poderia ter ficado quieto,” Lily sussurrou, mas mesmo ela não parecia convencida.
O olhar de Lisa a encontrou. “Não, ele não teria. Eu vi como ele olhava para você, Lily. Como você fosse veneno. Ele odiava o que fizemos com ela. Ele só não tinha coragem de parar. E uma vez que ela sobreviveu, ele sabia que tudo voltaria para ele.”
A expressão de Anna endureceu, calculando. “Então agora temos uma prostituta que não vai morrer, e um corpo pendurado em nosso estábulo como um aviso.”
“Não um aviso,” Lisa murmurou. “Uma mensagem. Uma que não pretendíamos enviar.”
Anna respirou lentamente, pressionando os dedos às suas têmporas. “Nós não somos amadores. Isso era para ser quieto. Limpo.”
“Nada sobre isso tem sido limpo,” Lisa respondeu. “Desde que aquela garota entrou nesta alcateia, tudo desmoronou.”
Houve uma pausa.
Então Lily sussurrou, “E se eles descobrirem? E se eles rastrearem até nós?”
“Eles não vão,” Anna disse bruscamente. “Eles não podem. Você seguiu o que eu disse exatamente?”
Lily acenou. “Sim. Ned acha que o menino do rancho deu a ele o cavalo. Eu plantei as ervas onde você disse. Ninguém nos viu no estábulo, exceto Rudy.”
Lisa olhou para Anna. “E agora Rudy não é uma ameaça.”
“Mas Jasmine é,” Anna disse amargamente. “E se ela começar a falar sobre aquela sela… se Erik descobrir que foi adulterada…”
“Ele não vai,” Lisa interrompeu. “Babá Nia pode suspeitar de algo, mas ela não dirá nada sem provas. Eles vão chamar de um acidente.”
“Até Jasmine lembrar de algo,” Anna estalou. “Ela está muito próxima de muitas coisas. E uma vez que Xaden voltar, acabou. Não poderemos tocar nela.”
Lisa cruzou os braços. “Então devemos agir rápido. Terminar o que começamos. Desta vez, sem ervas. Sem selas escorregadias. Sem meninos do rancho. Só nós.”
Lily hesitou. “Você quer dizer….”
Lisa olhou para ela com algo ininteligível. “Você chegou até aqui. Você não pode amolecer agora.”
Anna voltou para a mesa, lentamente pegando sua xícara novamente.
“Ela está certa,” ela disse, voz quieta. “Nós vamos terminar. Antes que Xaden retorne. Antes que ela se lembre. Antes que os lobos comecem a farejar por perto demais.”
Lá fora, o trovão resmungou suavemente, as nuvens começando a se juntar novamente como fizeram na noite em que Jasmine caiu.
Lily olhou entre as duas, Anna com seus lábios perfeitos e sorriso venenoso, Lisa com sua calma indiferente, e sabia que não havia mais volta agora.
“Certo. Mas temos que fazer algo primeiro.” Anna disse.
As outras levantaram uma sobrancelha esperando sua resposta. “Precisamos tirar o corpo de Rudy.”
“O quê?!” As duas meninas disseram em descrença.
“Sim.” Anna acenou. “Precisamos porque se algo indicar. O menor erro cometido…
“Eu não cometo erros.” Lisa disse.
“Minha serva não responde para mim!” Anna sibilou em aviso.
Lisa ficou quieta.
“Pense nisso. Sim, você cobriu nossos rastros encenando um suicídio e isso é ótimo. Mas e se você deixou algo de fora.” Anna perguntou. “Você nunca pode ter certeza porque a menor coisa que você acha
É insignificante pode levar até você, e se eles suspeitarem de você, então todos podemos cair por isso.”
Lisa engoliu.
Lily não disse nada.
“Então o que você está dizendo?”
“Eu digo que devemos levar o corpo e escondê-lo em algum lugar. Jogá-lo em um rio, não sei, se livrar dele. Mas faça isso antes que alguém o encontre.” Anna disse.