Capítulo 424: O CHANTAGEM DE UTHER

O peito de Anna subia e descia rapidamente enquanto as emoções inundavam ela de uma vez só, vergonha, raiva, ciúmes e um medo estranho, gélido.

Seu lobo estava arranhando sob a pele, rosnando, exigindo respostas, vingança, sangue.

Sangue por aquele que agora queria reivindicar seu próprio companheiro.

Como aquela vadia ousa?!

Erik… Jasmine…?

Inicialmente ela tinha pensado que era apenas fruto da sua imaginação.

Mesmo quando ela confrontou Erik e Jasmine, ambos negaram.

Ela não tinha provas de que eles estavam mantendo um relacionamento.

Mas agora as palavras do seu tio davam peso à situação.

Ela mordeu o lábio inferior de ansiedade tão forte que provou o sangue e então cravou suas unhas na curva do braço.

Isso era diferente.

Agora seu ser estava em colapso.

Tudo por causa de Jasmine.

Jasmine mais uma vez estava arruinando sua vida.

Ela tentou forçar-se a acreditar que era mentira.

Ela se voltou para aquele que tinha virado sua vida de cabeça para baixo com esta história.

“Você está enganado,” ela disse friamente, seus olhos encontrando os de Uther com um fogo latente. “Erik nunca… trairia meu irmão assim.”

Uther apenas sorriu, o tipo de sorriso que sabia demais. “Você esquece que eu estava na Matilha do Crescent muito antes de você ser levada. Ainda tenho contatos, ouvidos em lugares que você não imaginaria. Sou um homem velho. Posso perceber quando um lobo deseja outra loba.”

Anna virou o rosto esperando não ouvir todas as coisas que ele tinha a dizer.

Tentando bloqueá-lo.

“Jasmine tem guardado segredos, muito perigosos. Eu não estou aqui para discutir com você, Anna. Estou aqui para lembrar quem é o inimigo. Estou aqui para lembrar você quem você é. Quem você nasceu para ser.”

Ela virou o rosto, mandíbula trincada. “E o que é isso?”

Ele se aproximou, baixando a voz até não ser mais do que um sussurro no ouvido dela. “A Luna da Matilha do Crescent. Seu sangue. Seu igual. Não algum estrangeiro com um sangue manchado e um bastardo em seu ventre.”

“Mas eu sou a irmã dele.” Ela disse desamparada. “Eu não posso ser Luna enquanto ele for Alfa.”

“Claro que você pode.” Uther disse. “Ser uma Luna não significa apenas que você tem que ser sua companheira, não minha querida. Até uma irmã pode tornar-se Luna.”

O sangue de Anna gelou com essas palavras.

Tudo que Anna queria ao crescer era casar-se em uma alcateia rica, de preferência uma família real.

Onde tudo que ela poderia fazer era dar festas e ter qualquer um e todos ao seu dispor.

Ela nunca se importou com poder desde que tivesse tudo que a deixasse confortável.

Mas depois que a matilha do luar foi feita cativa, Anna percebeu naquele momento que queria mais do que ser uma esposa bonita.

Ela queria mais e o que era melhor do que descobrir que o irmão e a família que ela nunca sabia que existia era de um clã de lobos poderosos.

Ela fantasiou sobre isso, ser Luna, governar ao lado do irmão.

Jasmine sempre foi o obstáculo, a única pessoa que Xaden protegia mesmo quando dizia não se importar.

Mas isso… isso era diferente.

Seu tio propunha algo maior do que ciúmes ou despeito.

“Quão certo estamos de que o bastardo que ela carrega não é do meu irmão, mas de Erik?” Anna perguntou assim que o pensamento surgiu em sua mente.

Uther deu de ombros. “Não sabemos. E mesmo que ela dê à luz, e a criança seja um menino, essa criança ameaçaria seu direito de governar. Jasmine pode se tornar Luna. E você será esquecida.”

“Eu poderia contar a Xaden.” Anna disse estupidamente. “Você sabe que ela está tendo um caso. Ele a mataria e à criança e jogaria o corpo dela aos lobos.”

“Não há provas.” Uther disse olhando para baixo para ela. “Xaden não acreditaria. Ela o enfeitiçou com magia. E mesmo que ele acredite, ele mataria Erik também. Você quer que seu companheiro morra?”

“Não.” Anna disse rapidamente.

Ela estava furiosa com Erik por traí-la, mas preferiria morrer a vê-lo ser morto.

Ela ainda acreditava que ele a amaria um dia.

Faltava apenas tirar Jasmine de cena de uma vez por todas.

“Então, o que você está propondo?” Ela perguntou a ele.

“Estou propondo que você não faça isso sozinha.” Ele disse. “Só quero o que é melhor para você. Ver essa prostituta tentar tomar seu lugar?”

Ele estremeceu de nojo. “Eu nunca permitiria isso. Quero que você saiba que não importa o quê. Estou aqui para você. Para vê-la em seu lugar de direito, não uma usurpadora que não é leal a ninguém.”

Anna estava cautelosa.

“Era tudo o que eu queria que você soubesse.” Ele disse e então se virou para sair.

Pensamentos correram pela sua mente e então ela o parou assim que ele estava prestes a sair.

“Espere!” Ela disse.

E ele esperou.

“Preciso de sua ajuda.” Ela disse então olhou ao redor cuidadosamente como se para ver se alguém estava observando.

E então ela disse em um sussurro. “Para me livrar de Jasmine.”

Ele sorriu para ela. “Quais são as suas opções?”

Anna coçou o braço de ansiedade. “Eu estava pensando em veneno.”

“Bom.” Ele disse. “Gosto do seu jeito de pensar. Eu conheço a pessoa certa. Retorno amanhã com instruções sobre como você pode fazer isso.”

Ela assentiu rapidamente.

E então ele se virou.

“Qual é o seu ganho em tudo isso?” Ela perguntou a ele. “O que você lucra com isso?”

Ele sorriu para ela. “Ver minha sobrinha no trono. A família de Jasmine não tem sido nada além de implacável com a minha. A linhagem dela é a razão pela qual minha irmã está morta. Sua mãe está morta. Ver ela se tornar Luna seria uma decepção para minha irmã. Eu quero corrigir as coisas.”

Anna não tinha certeza se acreditava nele, mas ele tinha um ponto.

No dia seguinte, ele voltou com um frasco contendo um veneno e instruiu que apenas uma gota fosse usada.

Era suficiente para matar Jasmine e sua criança.