A Noiva Escolhida do Rei Dragão - Capítulo 293
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293: Capítulo 21 – Você Tem a Nós 293: Capítulo 21 – Você Tem a Nós Kenji estava do lado de fora da porta quando Nadia passou correndo por ele. Ele tentou impedi-la, mas ela levantou a mão, sinalizando que não queria ser interferida.
Era incomum para Nadia ser assim. Ela geralmente era tímida e feliz.
Talvez ela finalmente tivesse percebido que o irmão dele não tinha olhos para ela.
Ah, esses pensamentos de meia-noite podiam ser realmente perturbadores e reveladores às vezes.
Ela iria se curar.
Ele estava preocupado, no entanto, que algo pudesse acontecer com ela na floresta para onde ela havia corrido, embora ela tivesse uma lanterna com ela. Mas ninguém conhecia esse lugar mais do que Nadia, exceto pela Vovó. Ela seria capaz de cuidar de si mesma.
Se ela demorasse muito, ele iria atrás dela e verificar se ela estava bem.
A porta rangeu e se abriu e Taria saiu.
Kenji riu, olhando para o estado desgrenhado de Taria. Parecia que ela tinha puxado o próprio cabelo enquanto dormia, os olhos estavam vermelhos pela falta de sono.
“Você vai correr também?”
“O quê?” A voz dela soou rouca, mais como se ela tivesse estado chorando.
Por mais que Kenji não gostasse da presença de Taria por causa de quanto da atenção de seu irmão ela possuía, não parecia o momento certo para provocá-la com palavras dolorosas.
“Você está bem?”
Ela deu de ombros, passando a mão pelo cabelo, o couro cabeludo ainda ardendo de tanto que ela tinha puxado enquanto dormia. A tinta já estava desbotando e as raízes prateadas estavam aparecendo.
“Por que você está aqui fora? Não consegue dormir?”
Kenji não parecia tão desgrenhado quanto ela. Seu robe preto não tinha tantos vincos. Ele parecia composto para alguém que estava acordado quando deveria estar na cama. Havia uma lanterna ao lado dele, junto com seu livro de pesquisa, um frasco de tinta e uma caneta.
O som do grilo nos arbustos a alguma distância preenchia a noite, arrepios surgiam em sua pele, mas ela preferia isso ao calor lá dentro.
Isso vinha a um preço de privação de sono.
“Eu geralmente não durmo,” ele lhe deu um sorriso, revelando seu perfeito conjunto de dentes brancos.
Isso explicava por que ele sempre parecia privado de sono. Ele passou os dedos pelos cabelos cacheados e levemente úmidos, pela falta do que fazer sob o escrutínio dela.
Ela suspirou e se acomodou ao lado dele no chão.
“Eu não conseguia dormir.”
“Por quê? Está pensando no meu irmão mais velho?” Ele tentou imitá-lo, enquanto esbarrava levemente o ombro dela com o dele.
Ela balançou a cabeça.
“Estou feliz que voltamos ao que éramos antes, mas não é isso.”
Depois que Anok acordou dos efeitos das ervas, ele havia voltado a ser a pessoa estoica que costumava ser, e o cuidado em sua fala havia retornado. Ele havia se desculpado pela conversa constrangedora no rio, e pediu que continuassem como se aquilo nunca tivesse acontecido.
Taria estava mais do que feliz com o acordo. Com o que ela havia experimentado com seu pai, esse tipo de relação íntima a aterrorizava. Sua fachada de ser totalmente não afetada pela sua experiência finalmente havia desmoronado com aquela conversa, e agora ela estava deixada para enfrentar o sentimento pelo qual ela havia estado fugindo.
“Eu tive um pesadelo.”
“Oh.” Kenji desviou o olhar dela, seu olhar fixo no chão, a areia úmida com o orvalho.
A brisa cheirava a isso.
“Sobre meu pai.” Ela passou a mão pelo rosto, como se estivesse cobrindo-o de vergonha. “E eu não consigo parar de pensar sobre como ele me faz sentir.”
Kenji permaneceu em silêncio, não a pressionando.
“Como um objeto. Como se eu estivesse flutuando, como se eu não estivesse realmente aqui.” Ela fez uma pausa, olhando distraidamente à frente. Ela queria se virar e olhar para ele, mas tinha medo de que ele a olhasse como se ela fosse louca e isso a impediria de falar. Ela tinha medo de que ele a julgasse.
Ela nem sabia por que estava falando com ele. Sua relação com Kenji não era tão próxima quanto a que ela tinha com Anok.
Talvez ela se sentisse segura com ele?
“Eu me sinto indigna e suja, o fantasma dele deve estar feliz com minha miséria, me vendo perder após sua morte. Você entende?” Ela arriscou perguntar.
“Eu entendo.”
O vento sussurrava, cantando sobre uma chuva que estava por vir, e a chama na lanterna dançava levemente ao ritmo.
Uma lágrima rolou pela sua bochecha, caindo sobre seu robe, e se dissolvendo nele. Ela puxou a mão do rosto, mas ainda assim, não olhou para ele, manteve o olhar à frente.
“Estou cansada de fingir que estou vencendo, quando na verdade não me sinto assim. O que eu faço?”
“Você se cura.”
Ela franziu a testa e arriscou olhar para ele, arriscando ver o julgamento em seus olhos.
Ele não tinha nenhum.
“Como eu me curo?”
Kenji sorriu, “a sua pode ser diferente da minha. Eu disse a mim mesmo que eles roubaram de mim e eu não vou deixar eles roubarem o resto.”
Ela olhou para longe, passando as mãos pelo rosto novamente. O frio não era nada comparado à amargura que preenchia seu coração.
“Meu pai roubou tudo de mim, e não resta nada. Ele roubou da minha irmã, da minha mãe, de toda a aldeia. Todos eles roubaram.” Ela fez uma pausa, mordendo o lábio inferior para evitar soluçar. “Eu pensei que tinha vencido quando o matei, mas agi tarde demais. Se eu tivesse sido mais corajosa, talvez minha irmã não teria… talvez aquele bebê…” Sua voz se perdeu.
“Não é sua culpa.” Kenji deslizou sua mão sobre a dela e as puxou para longe. Ela olhou para ele com um rosto banhado em lágrimas e ele olhou de volta para ela com compreensão em seus olhos e um pequeno sorriso reconfortante. “Isso não deveria ter acontecido com você. Você lutou e lutou bem. Sua irmã teria se orgulhado muito de você. Eu sei como é, confie em mim. Eu já estive lá.”
Suas palavras eram reconfortantes. Elas pregavam ao coração dela a paz que ela estava procurando, mas a paz se chocava com algo e ela balançou a cabeça.
“Mas não resta nada.” Ela tentou desviar o olhar, mas as mãos dele seguraram seu rosto, gentilmente a impedindo de fazer isso.
“Resta. Eu sei disso, e essa parte é onde a vitória reside. Viver sua vida ao máximo é a cura que você precisa. Taria,” ele raramente dizia o nome dela, e isso prendeu sua atenção, “não deixe ele roubar de você novamente.”
Ela piscou, concordando de modo distraído.
“Como você chegou aqui? Você fez isso sozinho?”
Ele balançou a cabeça.
“Eu tive meu irmão mais velho e agora, você tem a mim.”
Ela sorriu, as lágrimas que corriam pelo rosto agora incontroláveis, e ela se inclinou para seu abraço.
“Você tem a nós.”
A atenção deles se voltou para a pessoa que acabara de falar atrás deles. Anok os olhou com uma expressão reservada, uma navalha em uma mão e a lanterna na outra. “Desculpe a intromissão, mas você disse que queria que seu cabelo fosse cortado? Deixe-me fazer as honras.”
Kenji debochou.
“Ele vai te deixar careca como ele.”
Eles riram.