A Noiva Escolhida do Rei Dragão - Capítulo 17
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17: Capítulo 17 – Olás Através de Bilhetes 17: Capítulo 17 – Olás Através de Bilhetes Há dias ela continuava lendo ‘Coração de Fogo’, achando difícil largar o livro, levando-o para todo lugar e não prestando tanta atenção em tudo ou incomodando seus servos com perguntas como costumava fazer. Isso não era apenas por conta de quão interessante o livro era, mas por causa dos comentários do Rei que estavam jogados aqui e ali no livro.
Esses eram os que mais lhe mantinham interessada.
Alguns dos comentários ela discutiria, alguns ela riria, e alguns ela concordaria com a cabeça, como se ele estivesse lá na frente dela, conversando com ela enquanto eles liam o livro juntos.
Outra coisa era que ler seus comentários fazia com que ela sentisse que o conhecia. Pelos comentários, ela passou a conhecer algumas coisas que ele gostava, poucas coisas que ele havia feito no passado e menos ainda das coisas que ele odiava. Não só isso, cada um dos seus comentários geralmente terminava com ele perguntando sua opinião sobre o que havia discutido e ela respondia. Falando sem parar como se ele estivesse bem na frente dela.
Na maioria das vezes, ela imaginava que ele estava, inclusive ouvia sua voz e sentia seu calor.
Ela se sentia tão próxima a ele.
Ela tentou se conter várias vezes, mas era por demais maravilhoso e ela não conseguia se impedir de aproveitar o momento.
Além do mais, se ela se fizesse sair disso, poderia voltar a cair em lágrimas e sofrimento pela traição de sua família.
Então, ela lia.
“Você não entende, Yahya. Eu desejo voar,” o livro lia.
“Voar? O que isso significa, afinal?”
“E pensei que os humanos fossem mais conhecedores.”
Seus olhos brilharam ao ver um pequeno pedaço de papel dobrado colado no final da palavra conhecedores.
Um comentário dele? Finalmente!
Seu último comentário havia sido cinco páginas atrás e já, ela sentia falta.
Ela desdobrou o papel e leu seu comentário.
“Eu não concordo com Zuba. Eu acho que os humanos são conhecedores.”
Ela franziu a testa.
Algo sobre a maneira como aquele comentário foi escrito a fez sentir que ele não se considerava parte dos humanos.
Como se ele fosse algo mais, outro ser.
Ela teria se demorado mais no pensamento, se algo em seu próximo comentário não lhe chamasse atenção.
“Vou contar um pequeno segredo. Eu não gosto de voar…”
Mas ele tinha um dragão! E ela o viu voar em seu dragão de vez em quando.
“…Eu sei o que pode estar pensando, mas apenas suporto. Você gosta de voar?”
Ela fechou o livro, olhando para o teto, enquanto as sombras das velas sobre a grande mesa de jantar dançavam sobre ele.
Voar?
A sensação de ser levantada do chão enquanto se move pelo ar.
Ela não sabia se gostava ou não.
Ela nunca havia experimentado.
Ela abriu o livro novamente, lendo mais.
“Meu palpite é que você não sabe.”
Ela sorriu, como ele sempre adivinhava certo.
“Quando eu voltar para o castelo, prometo-lhe um passeio no meu Dragão. Para você, minha Noiva, eu prometo experiências maravilhosas e memoráveis. Se apenas, você me permitir. Você permite?”
Ela se levantou de sua cadeira em excitação, fazendo-a cair para trás com um baque, no chão.
Um passeio no dragão?! Que maravilha!
Um guarda se aproximou e ajustou a cadeira dela.
De alguma forma, esses guardas sempre conseguiam desaparecer nas sombras e aparecer apenas quando acreditavam ser necessários. Levou algum tempo para Belladona se acostumar ao fato de que os guardas estavam sempre lá e que estavam por toda parte.
Ela sentou-se, tentando acalmar seus nervos. Abriu o livro mais uma vez apenas para perceber que aquele era o fim do comentário dele. Ela queria continuar lendo, mas seu estômago roncou.
Lembrou-se de que havia descido para jantar, mas algum tempo já havia passado, e ela ainda não havia tocado sua comida.
Ela guardou o livro hesitante e abriu o prato. O vapor que agora havia se transformado em líquido escorria da tampa.
Sua comida estava fria.
“Se você quiser outra—” um dos guardas começou a dizer, mas ela rapidamente balançou a cabeça negando.
Apesar de os guardas estarem de volta às suas sombras e ela não poder vê-los, parecia que eles estavam observando atentamente cada passo, seu comportamento, sua expressão facial, de vez em quando, para sempre fazer coisas que a agradassem.
Quase parecia intimidador.
“Não, obrigada, isso estará bem.”
Ela sorriu, então começou a comer.
Apesar de estar frio, ainda estava delicioso.
Ela terminou rapidamente sua refeição.
Quando acabou, pegou seu livro mais uma vez e correu para os aposentos do Rei. Ela mal podia esperar para se deitar nas almofadas que jogaria no chão, para que pudesse continuar lendo seu livro mais uma vez.
Da última vez que havia tentado isso, porém, ela acordou com a vela terminada em seu suporte, seus cabelos todos espalhados porque havia esquecido de fazer o twist e o livro sobre seu rosto.
Foi apenas por um milagre que a vela não havia incendiado o quarto.
Enquanto ela se despedia apressadamente de Raquel, e procedia em jogar as almofadas no chão, ela se assegurou de que desta vez seria mais cuidadosa, mas se as coisas dessem errado, aquele livro valia ser queimado por ele.
Só de brincadeira.
Ela se acomodou em suas almofadas fofas e começou a ler mais uma vez. Horas e horas se passaram.
O sol começava a subir lentamente no céu, suas pálpebras fechavam de sono.
Lentamente o livro escorregou de sua mão estendida, derrubando a lanterna, fazendo o óleo derramar no chão antes do fogo acender uma pequena parte do tapete.
Enquanto o fogo começava a se espalhar lentamente, e a fumaça começava a turvar o ar, ela adormecia cada vez mais.