620: Ela Tinha Esperança? 620: Ela Tinha Esperança? (Perspectiva de Demetrius)
Blue matou. Eu vi ela fazer isso. Eu a vi beber o sangue daquelas pessoas. Ainda assim, eu a encontrava mais atraente a cada dia.

Na primeira noite em que aconteceu, eu estava dormindo no início. Acordei quando a ouvi se levantar. Ela estava nua e não se preocupou em vestir nada. Depois ela se teleportou. Entrei em pânico e me teletransportei ao lado dela usando o anel que ela me deu. Provavelmente cheguei apenas dois segundos atrasado. Ela já estava sobre um corpo, sugando o sangue daquela pessoa com suas presas profundamente cravadas nas veias do pescoço. Olhando mais de perto, era uma criada. Blue acabara de dar à luz. Eu me lembrei que havia deixado nossas crianças sozinhas. Mas o que diabos eu deveria fazer?

Depois que ela bebeu por um tempo, ela desmaiou. Eu avisei primeiro a Luc para cuidar das crianças por um tempo. Eu contei a Luc o resumo do que aconteceu. Levei Blue para uma cabana e a limpei. Eu não disse a ela o que aconteceu. Qual era o sentido? Ela provavelmente também poderia supor que deveria ter sido uma criada ou um servo.

Depois disso, aconteceu muitas vezes. Cada vez, eu a limpei e fingi como se tudo estivesse bem. Blue também agiu dessa maneira. Luc e eu conversamos sobre isso, no entanto.

“Ela está matando criadas e servos e todos que estão apenas lá à noite quando ela está com sede ou algo assim!” Luc exclamou.

“O que você quer que eu faça?”

“Impeça-a!”

“Como?” Eu perguntei cansado.

“Eu não acho que você se preocupe com todas essas vidas. Até quando você continuará enterrando corpos? Alguém está prestes a descobrir.”

“Ninguém vai saber, a menos que nós contemos, o que nenhum de nós fará.”

“Não é esse o ponto, Demetrius! Sua esposa está matando lobisomens inocentes! Isso é grave.”

“Ninguém é inocente, Luc. Todos são culpados de algo. Não é como se ela estivesse matando crianças. Nós também temos filhos e ela nunca os machucaria.”

“Por favor, Demetrius. Ela nunca machucaria seus próprios filhos. A subconsciência dela não permitiria. Ela pode matar o filho de outra pessoa algum dia. O que você dirá então?”

Eu dei de ombros. “Ela pode precisar do sangue, Luc. Você já pensou nisso?”

“Consiga sangue de animal. Sangue de porco, sangue de galinha, qualquer coisa. Tente isso.”

Tentei. Luc estava certo sobre uma coisa. Se alguém descobrisse, seria terrível. Bem, claro, ninguém poderia fazer nada. Mas a reputação da Blue estaria arruinada.

Consegui sangue de animal para ela. Durante o dia, ela se recusava a tocar e não falava comigo se eu mencionasse algo sobre isso. Então tentei dar a ela à noite, o que ajudou, mas ela bebeu muito.

Ela esteve bem desde o ano passado. Mesmo depois de beber sangue de animal, às vezes ansiava por algo mais forte. Mas não sempre, o que era uma melhora.

Nós tentamos garantir que nenhuma das crianças descobrisse sobre isso. Eles provavelmente ficariam bem com isso, considerando que ela era a mãe deles. Ainda assim, não queríamos correr o risco. Era um acordo tácito entre nós.

***
Às vezes, eu tinha medo de perdê-la. Para alguém como eu, ter alguém tão perfeito quanto Blue não era nada além de um milagre. Tivemos três filhos juntos. Passamos quase vinte anos juntos. Sabíamos tudo um sobre o outro. Ainda assim, eu sempre senti que a perderia algum dia.

Eu a procurava mesmo sabendo que não seria capaz de encontrá-la se ela e o pai dela não quisessem que eu a encontrasse. O pai dela não queria matá-la, mas isso não significava que ele não a machucaria. Na última vez, ele a marcou e isso também foi quando ela estava acordada e podia sentir tudo. Essa era a maneira dele de despertar o poder dela.

Eu me sentia deprimido. Eu não era poderoso o suficiente para ajudá-la. Eu não podia fazer nada por ela.

“Eu disse à Blue que aquele seu filho era problemático”, disse Cyan, com ar de conhecimento. Eu odiava sua atitude. “Agora, olha! Ele é como o Azure. Eu pude ver muito claramente nos últimos quinze anos.”

“Dezesseis,” Bree disse.

“Sim, dezesseis anos. Eu disse à Blue muitas vezes para ficar de olho nele. Mas olha para ela. A mãe que tudo sabe e cuida. Muito suave para o próprio bem. Ela uma vez gritou comigo porque eu queimei um inimigo nosso,” Cyan disse.

“Você o queimou vivo?” Dion perguntou.

“Claro.”

“Incrível!” Bree disse enquanto Dion permanecia em silêncio. Dion me lembrava sua mãe. Talvez um pouco menos suave que ela. “Pai, a Mamãe vai ficar bem. Ela é uma das magas negras mais poderosas que existe. Quem pode machucá-la?”

“Nosso pai pode,” disse Cyan. “Ele é mais poderoso que ela. Lembre-se, nós somos filhos dele. Obviamente, ele é mais poderoso. Tudo o que Blue pode fazer é surpreendê-lo. Com o filho dela.”

“Demian pode pegar o Azure de surpresa,” Rei Ford disse. Ele ainda estava aqui. “Com o poder dele, seja lá qual for.”

Tanto Blue quanto eu tínhamos uma ideia sobre o poder do Demian. Eu descobri lendo a mente de Bree. Bree sempre tentava não pensar nisso, mas eventualmente o fazia. Eu contei à Blue e fingimos não saber sobre isso, já que Demian queria manter em segredo. Mas não tínhamos certeza sobre a extensão do poder de Demian. Ele poderia ressuscitar algum morto? Ele poderia controlá-los? Se sim, então até que ponto?

Sim, Demian provavelmente poderia pegar Azure de surpresa. Mas ele realmente poderia? Bree, Blue e eu sabíamos sobre esse poder. Agora, Rei Ford também sabia, porque Bree, não sei porque diabos, contou a ele. Se nós sabíamos sobre isso, Azure também poderia saber.

Seria realmente uma surpresa, então? Blue ainda tinha esperança? Se ela decidisse deixar Demian e cuidar apenas de si mesma, então ela teria esperança. Mas eu conhecia minha esposa. Ela preferiria morrer a deixar seu filho quando ele precisasse dela. Mesmo que ele fosse o responsável por escolher esse destino para si mesmo.