615: Amor e Obsessão do Pai 615: Amor e Obsessão do Pai (Perspectiva de Dion)
“Você está bem, Mamãe?” Eu perguntei à Mamãe enquanto me sentava à mesa dela no escritório.

“Sim, bem.” Ela parecia pálida e cansada. “Você viu sua irmã, Dion? Não sei onde ela está. Ela não estava no café da manhã hoje. Ouvi dizer que ela saiu. Mas para onde? Você sabe alguma coisa a respeito?”

Eu balancei a cabeça.

“Ela continua me preocupando. Sabe, com todas as coisas relacionadas à Melissa e ao Abel… Nossa… Depois seu pai…”

“Por que ele é assim, Mamãe?”

“Não é nada, Dion.”

“O Pai sempre foi assim, não foi? Você nunca fez nada para ele questionar a sua lealdade. Então por quê?”

“Dion…”

“Eu sou velho o suficiente para saber dessas coisas, Mamãe. Tenho dezessete anos. Não sou mais uma criança.”

“Eu sei, querido, é só que… Seu pai não questiona minha lealdade. Não é isso.” Ela passa o dedo pelo cabelo. Está solto hoje, o que não é comum. Mamãe geralmente prende o cabelo em um coque ou trança. “Ele sabe que sou leal. Ele não questiona isso nem por um momento passageiro. Sabe como são os homens? Alguns homens sentem… um… algo por mim. Seu pai não se importa com isso também. Mas o problema é que, se esse homem é um pouco próximo a mim ou se converso com esse homem por mais de um minuto, ele não gosta. Ele é muito ciumento.”

“Isso não está certo, porém. Não é sua culpa, Mamãe.”

Mamãe sorriu. “Você não precisa se preocupar com isso, Dion. Seu pai e eu não estamos brigando mais.”

“Não é isso, Mamãe…”

“Eu estou bem, Dion. Não se preocupe comigo. Estou bem.”

“Ela se parece com você.”

“O quê?” Mamãe olhou para mim, surpresa.

“A esposa do Evan. Ela se parece muito com você,” eu disse. Foi bom deixar isso sair. “Pai não está errado sobre isso, Mamãe.”

Mamãe soltou um suspiro. “Não sou cega, Dion. Eu tinha minhas suspeitas. Mas sério, se Evan decidiu não me contar nada, quem sou eu para questionar isso? Ele respeitou meu estado civil e eu respeitei seus sentimentos. Não importa se o Evan tem sentimentos por mim ou se casou com sua esposa porque ela se parece comigo. O Evan é meu amigo e continuará sendo.”

“Quando você estava grávida de mim, ele te ajudou muito, não foi, na ausência do Pai?”

“Sim. Ele esteve lá para mim.” Mamãe estava usando seu colar hoje, então eu não podia ler seus pensamentos. Eu realmente queria nesse momento. Queria saber se Mamãe realmente não via como Evan sentia por ela todos esses anos atrás. “Evan é um bom homem. Ele pode até não sentir mais isso por mim, se é que sentiu isso alguma vez. Não temos certeza de nada, afinal.”

Mamãe não tinha ideia. A esposa do Evan sabia que ele tinha sentimentos por Mamãe. Ela não ligava. Eu não podia ler a mente do Evan, mas podia ler a dela. Eu sabia que Evan ainda amava Mamãe. Eu também sabia que Evan a chamava pelo nome da Mamãe quando estavam íntimos. Essa era uma informação forçada sobre mim. Eu não tinha nenhum desejo de saber coisas assim. Afinal, ela era minha mãe. Era nojento.

“Seu pai provavelmente vai te perguntar sobre isso de novo quando eu não estiver por perto. Só conte a verdade, tá?”

“Ele vai ficar bravo.”

Ela riu. “Ele já está bravo de qualquer forma. Quer dizer, o que ele vai fazer?”

Isso era verdade. Não era como se o Pai pudesse fazer algo a respeito. Ele não poderia dizer nada ao Evan porque Mamãe proibiu. E ele nunca machucaria a Mamãe, isso era certo. Pai amava Mamãe. Ele era obcecado por ela. Ele nunca faria algo para machucá-la. Pelo menos, não fisicamente.

“Vá encontrar sua irmã, Dion. Não se preocupe com coisas desnecessárias, tá?”

“Sim, Mamãe.”

Acontece que Bree foi às compras. Felizmente, Calix estava com ela. E o que me surpreendeu foi o fato de que havia mais alguém com eles.

Era o Pai.

“O Pai queria comprar algo para a Mamãe porque ela está brava com ele,” Bree me disse quando me viu. Pai estava olhando para alguns sapatos baixos. “Ele disse que queria vir comigo quando eu disse que iria às compras.”

“É culpa dele a Mamãe estar brava.”

“É.”

Pai passou a próxima hora escolhendo vinte pares de sapatos para Mamãe. Ele tinha escolhido vestidos antes disso, Bree me disse.

“Não sei, Pai. Acho que é demais,” não pude deixar de apontar. “Sabe, a Mamãe não gosta de todas essas coisas chamativas.”

“Se você não pode dizer nada útil, Dion, por que você não volta para casa?” Pai disse.

Calix e eu trocamos olhares. Pai estava louco. Assim como Bree, porque ela estava encorajando ele.

Já que Mamãe me pediu para fazer companhia à Bree, eu fui de loja em loja com eles. Pai comprou tudo para Mamãe. Por tudo, eu quero dizer literalmente tudo. Ele até comprou itens de papelaria. Livros também.

“Por que você não compra uma adaga para a Mamãe enquanto está nisso? A que ela usa é velha,” eu disse.

“Blue usa a adaga que eu dei a ela anos atrás. Ela fez seu primeiro abate com aquela adaga,” ele disse com um sorriso malicioso. “Isso foi… Vocês são meus filhos. Não deveria usar essas palavras na frente de vocês.”

“Eca, Pai. Isso é nojento,” Bree disse.

“Não vejo o que há de nojento no seu pai amar a sua mãe,” Pai apontou.

“É… Olha, sabemos que vocês se amam. Mas não precisamos saber de tudo, tá?” Bree disse.

“Você não concorda com isso, não é?” Pai perguntou para mim.

“Na verdade, eu concordo. É nojento, Pai,” eu disse.

Ele deu de ombros. “Bem, nada a fazer. Vou amar sua mãe desse jeito para sempre e vocês só têm que aceitar.”

Quando o Pai disse isso, não era um exagero. O futuro era sempre incerto. Mas nada mudaria o amor e a obsessão do Pai pela Mamãe. O mesmo valia para Mamãe. Mamãe iria amá-lo para sempre porque ele era o homem que a salvou. E para o Pai, Mamãe era a única mulher que o aceitou como ele é.