614: Tente Mais Forte 614: Tente Mais Forte (De acordo com a Perspectiva de Blue)
“Você viu ela?” Dem perguntou a Bree, que balançou a cabeça negativamente. Bree estava chocada com o comportamento do pai. Eu não podia culpá-la. Dem parecia louco, como se pudesse matar alguém naquele exato momento.

Coloquei minha mão no braço de Dem. “Querido…”

“Você sabia?” ele perguntou com raiva, embora não tivesse puxado seu braço para longe.

“Saber o quê? Vamos lá, a gente não sabe com certeza. Além disso, não importa mesmo que ela se pareça comigo. Parece tão ridículo de qualquer maneira”, eu disse.

“Não importa?” Dem rosnou. “Você sabe o que isso significa, não é? Que ele sempre quis transar com você? Então ele arrumou alguém que se parece com você? Não ficarei surpreso se ele chamar ela de Blue na cama!”

“Dem! Nossa filha está aqui!”

“Eu não me importo porra nenhuma!”

“Mas eu me importo!”

Levantei-me e saí tempestivamente do salão de jantar com Dem logo atrás de mim. Ele agarrou meu pulso e me prensou contra a parede, sem se importar com quem nos visse.

“Você sabia dos sentimentos dele? E você nunca me contou nada? Na verdade, você mentiu na minha cara! Eu te disse várias vezes que aquele bastardo tem sentimentos por você. Mas você sempre dizia – ‘Não, ele não tem, Dem. Ele é só meu amigo. Um bom amigo meu. Você está reagindo demais.’ Puta que pariu, Blue!”

“Você nem tem certeza se é verdade, Dem!” eu gritei.

“Dion sabe. Vai perguntar a ele”, ele disse.

“Dem…”

“Eu conheço nosso filho. Vi a cara dele quando eu perguntei. É verdade, Blue. O que eu disse é a pura verdade!”

“Você está me machucando. Solta.” Ele não soltou, mas afrouxou o aperto.

“Vamos para o nosso quarto”, ele disse enquanto me puxava.

Não lutei enquanto ele me levava para o nosso quarto. Ele fechou a porta. Era melhor discutir aqui do que lá fora onde todos podiam nos ver, inclusive nossos filhos.

Dem tentou abrir a boca, mas coloquei meu dedo em seus lábios e balancei a cabeça.

“Me escuta, tá bom? Só por um minuto. Depois, você pode dizer e fazer o que quiser”, eu disse. Eu não esperei ele me dar a afirmação. “Primeiro de tudo, vamos dizer que Evan tem sentimentos por mim ou costumava ter. E daí?”

“Como assim ‘e daí’?” ele perguntou, quase gritando.

“Eu quero dizer o que eu disse. E daí, Dem? Pensa bem. E se ele gostar de mim romanticamente ou sexualmente? Importa, Dem? Homens me desejam. Você tem que lidar com isso”, eu disse tão calmamente quanto possível. “Mulheres também te desejam, Dem. Eu grito na sua cara por isso?”

“Por que eu faria isso sendo que você é fiel a mim?” eu continuei. “Eu não sou fiel? Eu já te dei algum motivo para se preocupar com a minha lealdade?”

“Eu sei que você nunca vai me trair, mas…”

“Não tem ‘mas’, Dem. Sentir ciúmes é normal, Dem. Normal. Mas até que ponto? Não assim! Mesmo que Evan tenha sentimentos por mim, não importa. Nem Evan nem eu tentamos fazer nada às suas costas. Somos amigos, Dem! Apenas amigos! Eu não ligo se ele gosta de mim romanticamente. Ele nunca me disse nada e eu vou fingir que nem sei. É assim que funciona. Você não pode surtar toda vez que sentir ciúmes!”

Eu senti as lágrimas picarem. “Você fez isso na frente das crianças, Dem.”

Ele praguejou baixinho e me envolveu em seus braços. “Me desculpe, amor. Eu não consigo… parece que não consigo me controlar.”

“Você nunca consegue!”

“Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito.”

Ele não estava arrependido. Eu conhecia meu marido. Ele estava arrependido que eu estava triste. Ele não estava arrependido pelo que tinha feito. Ele ainda estava com raiva e ciúmes.

Mesmo assim, deixei que ele me abraçasse e me beijasse. Ele pediu desculpas várias vezes sem realmente querer dizer. Meu marido mentiu para me fazer sentir melhor embora eu soubesse que ele estava mentindo.

“Mesmo assim, você pode pedir para ele não vir?” Dem perguntou.

Eu o afastei. “O que porra você quer dizer com isso, Dem? Ele é meu amigo! Ele vai vir aqui e ponto final!”

***
Dem e eu brigamos por um bom tempo depois disso novamente. Só paramos de brigar depois de fazer sexo. Nossas brigas quase sempre acabavam assim. Raramente alguma de nossas brigas durava mais de um dia.

Nós tínhamos comido bem depois da meia-noite na cama já que não tínhamos terminado nosso jantar. Eu me senti bem depois disso. Estar bem alimentada sempre tinha esse efeito.

“Você não deveria agir assim”, eu disse a Dem.

“Não, eu…”

“Por favor, me escute primeiro,” eu disse, levantando minha mão. “Se você agir assim, isso vai ter um efeito negativo sobre nossos filhos.”

“Como influenciá-los de maneira negativa?”

“É.”

Ele riu. “Por favor, querida. Eles não são crianças. Claro, Bree é mais nova que os meninos e provavelmente será um pouco influenciada, embora eu não ache. Dion e Demian estão bem além da idade para ser influenciados.”

“Você agiu com ciúmes assim durante toda a vida deles, Dem.”

“Não consigo me mudar por eles, Blue!”

“Bem, não, mas você certamente pode tentar não fazer isso na frente deles. Faça no quarto, Dem! É só isso que eu estou te pedindo!”

“Bree te admira, você sabe disso, não é?” eu continuei. “Digamos que os meninos realmente não se importam com a forma que você age. Mas e nossa filha? Você e eu sabemos que ela quer ser como você.”

“Eu não vejo por quê.”

“Bom, isso é porque ela te ama e acha que você é um rei incrível,” eu disse. “Vamos lá, Dem. Você pode entender isso, não é? Você não pode ser um pouco mais compreensivo.”

Ele deu de ombros. “Eu vou tentar. Talvez um pouco.”

Eu olhei para ele.

“Tá bom, Blue. Eu realmente vou tentar tá bom. Eu vou me esforçar,” ele disse e me abraçou. “Mas eu de verdade odeio ter que imaginar alguém tão apaixonado por você que ele só quer que você seja feliz mesmo que isso signifique que ele não pode te ter.”

“Você está falando do Evan? Dem, a gente nem tem certeza…”

“Ele nunca te disse o que ele sentia. Ele provavelmente ainda te ama, mas sabe que você me ama, então ele nunca falou. Talvez ele nunca fale também.”