A Noiva do Rei Lobisomem - Capítulo 574

574: Não é o meu Dem 574: Não é o meu Dem (Da Perspectiva de Blue)
Naquele dia, Dem voltou e me contou como foi seu encontro com Evelyn. Acontece que ela estava completamente contra mim e continuava dizendo para ele se divorciar de mim. Era engraçado porque o divórcio era algo que Dem e eu nunca conseguiríamos. Estávamos simplesmente unidos demais.

“Pelo que entendi, acho que a Mãe se encontrou com ela e colocou besteiras na cabeça dela,” disse Dem.

“Hmm…”
Ele colocou uma mão reconfortante em minha bochecha e eu olhei em seus olhos. Vi a diferença na cor novamente, mas ignorei.

“O que você está pensando?”

“Algo não está fazendo sentido e eu estou… ansiosa.”

“Me fale sobre isso.”

“Você já me disse antes que o relacionamento entre Evelyn e a Mãe nunca foi tão profundo. Além disso, ela foi a Mazagine e descobriu sobre o passado da Mãe e até disse que achava tudo suspeito. Então, por que ela de repente acreditaria nela, mesmo que pensemos que a Mãe se encontrou com ela e contou tudo?”

“… Você acha que ela está sendo controlada?”

“Eu não sei de nada, Dem. Eu só… É muita pressão sobre mim,” eu disse e acariciei minha barriga de grávida.

“Querida, descanse um pouco. Eu não posso te dizer para não se preocupar, porque seria inútil. Mas pelo bem do nosso bebê, espero que você descanse. Nossos dois filhos precisam de você. Até nosso bebê nascer, por favor, descanse bem, querida, e deixe que eu me preocupe.”

“Não é suficiente… Algo vai acontecer, Dem. Eu sinto isso… E não consigo relaxar…”
Ele me abraçou apertado e, pela primeira vez, isso não me fez sentir melhor. Algo estava errado. Eu podia sentir. Havia algo ao meu redor me fazendo sentir assim? Ou era só na minha cabeça?

Não, não era minha imaginação. Eu simplesmente sabia. Ou não teria me sentido tão mal.

Me afastei do abraço e o encarei. Ele estava surpreso.

Eu também estava surpresa. Mas eu estava mais certa do que nunca.

Este homem não era meu marido.

Eu sabia com todo o meu coração. Então, não perdi tempo confrontando-o. Não era ele. Nunca poderia ser ele. E quando cravei minhas garras em seu peito, quando ele ofegou e sangue jorrou de sua boca, eu não parei, não até arrancar seu coração e ele ficar imóvel no chão com sangue por toda parte.

Eu não sentia nada. Por que sentiria? Este homem não poderia ser meu marido mesmo que se parecesse com o Dem.

Encarei o coração em minha mão. Coração humano, coração de lobisomem – eles parecem os mesmos, só que um pouco maior que o coração humano.

Dion soltou um choro. Eu não me levantei. Apenas encarei o corpo. Um tipo de medo me invadiu.

Eu acabei de matar meu marido? E se fosse meu marido e eu estivesse errada?

Rastejei até o corpo morto, ignorando o choro do meu filho. Verifiquei de novo e de novo, por algum sinal que me desse uma pista de que não era meu marido. Mas de fato, era o corpo do meu marido. Qualquer um poderia ver.

Meu corpo começou a tremer. Até o cheiro que eu sentia dele era do meu marido.

Foi o momento em que, como se o destino estivesse ao meu lado, a porta do meu quarto se abriu bruscamente e Dem entrou rápido, provavelmente ouvindo o choro do nosso filho à distância.

Ele parou abruptamente, olhou para o corpo que parecia exatamente com o dele e então para mim, depois para minha mão e por último, para nosso filho no berço.

Ao vê-lo, larguei o coração no chão, levantei-me às pressas e corri para seus braços. Nem percebi que meu vestido estava ensanguentado, assim como minhas mãos.

Não chorei, mas estava aliviada, mais do que nunca. Eu estava certa e fiz a coisa certa. Mas e se eu estivesse errada? Seria certo se eu tivesse matado meu marido? Eu me recuperaria disso?

“Quem era ele?” ele perguntou, seu tom soando controlado.

“Um mago negro… Não sei por quê, mas não senti nada dele. Nenhum mana negra, nada. Era você. Eu pensei que era você o tempo todo,” eu disse. “Então, algo nele… Eu senti algo. Me senti muito desconfortável. E o matei.”

Dem não disse mais nada. Ele chamou os cavaleiros e pegou Dion do berço. Ele acalmou nosso filho, enquanto eu observava tudo entorpecida.

‘Sinta algo,’ eu me impeli. Mas eu não sentia nada.

Eu estava me tornando um monstro?

Eu estava na sacada, tremendo, enquanto nosso quarto estava sendo limpo. Eu sentia frio. Mais do que qualquer outra coisa, eu estava confusa. Eu precisava de tempo para pensar. Mas o tempo me daria uma resposta?

Algo estava errado comigo. Talvez eu estivesse certa. Eu realmente estava me transformando em algo diferente. Um monstro, ou talvez algo pior do que isso.

“Mamãe…”
A voz do meu filho me fez virar e notei que ele estava logo atrás de mim nos braços do pai.

“Sim, querido?” eu murmurei. Meus lábios tremiam. Eu precisava me acalmar. Não era assim que eu queria estar na frente do meu filho.

“Mamãe…,” ele disse novamente.

Peguei-o de Dem e o beijei na testa. “Querido, a mamãe está falhando com você…”
Meu filho pequeno e puro não entendia. Talvez por isso eu pudesse dizer isso tão facilmente, sem temer a resposta que poderia ouvir.

“Você não está falhando com ele, querida,” disse Dem. “Você só precisa de um tempo só para você. Você deveria fazer o que gosta e tirar o máximo de folgas possível. Eu posso cuidar do Dion. Dion é um bom garoto. Ele vai ficar com o Papai como o bom garoto que é.”

“Você sabe que eu não posso fazer isso…”
“Claro que pode, se você quiser. O problema é que você nunca tira uma folga. Querida, todos estão trabalhando, mas você está trabalhando mais do que pode aguentar, mais do que qualquer um pode aguentar. Então, descanse. Eu sei, a situação é difícil. Portanto, vá com calma.”

“Sobre hoje…”
“Não era eu. Eu não estava lá. Você matou alguém que veio aqui para te machucar e nosso filho. Claro, você tinha que agir. É uma coisa boa, você entendeu.”

“Mas eu não… Não completamente… Depois que foi feito, eu não conseguia… Não encontrava nenhuma diferença entre você e ele…! Eu… Eu pensei que matei você!”

“Por um momento, você não achou que não era eu?”

Fiquei um pouco surpresa com a pergunta. Por alguma razão, eu não pensava que alguém pudesse sequer pensar nessa pergunta depois de ver o que aconteceu. Eu pensei que ele me odiaria por pensar que eu também poderia matar.

“…S-Sim…”
“Naquele pequeno momento, você não tinha certeza absoluta de que não era eu, mas alguém com a minha aparência?”

Eu dei uma pequena inclinada com a cabeça. Era verdade. Por um momento, eu estava mais certa disso do que qualquer outra coisa. Mas por um pequeno momento apenas. Foi como um relâmpago. Assim que a realização veio, depois que eu o matei, a realização se foi tão rápido.

“Então, querida, por que você está triste? Você sabia. Foi por isso que você fez isso. Isso me deixa feliz que ninguém pode te enganar, mesmo com a minha pele. Se você não o reconhecesse, ele poderia ter te machucado e algo poderia acontecer com você e você pensaria que fui eu. Por exemplo, você gostaria que alguém com seu rosto e corpo me beijasse ou me machucasse ou qualquer coisa e eu não conseguisse perceber antes?”

Balancei a cabeça negativamente.

“É o mesmo para mim. Estou aliviado. Eu sei que você não vai me machucar, querida. Você só precisa acreditar nisso também,” ele disse e se inclinou para me beijar. Nosso filho quase o impediu porque ele também queria um beijo, mas Dem estava muito focado em mim. “Querida, você está sendo muito dura consigo mesma.”