Capítulo 223: 223. Ele está vivo.

Naquele momento, tudo ao redor dela desacelerou. Todo som havia desaparecido mais uma vez, a única coisa que ainda se movia rapidamente e soava exageradamente alto era seu coração.

Não podia ser… ela repetia essas palavras em sua cabeça.

Como poderia ser? Ela se perguntou.

Mas querida deusa que seja… Ela fez essa prece em seu coração. Ela daria tudo que possuía para tornar essa ilusão realidade.

Ele deu um passo mais perto dela, as luzes ao redor dela o iluminando, seus olhos tremiam, suas pupilas dilatavam. Seus dedos tremiam e seus joelhos não podiam sustentá-la.

Ela cambaleou.

Seus lábios se entreabriram não porque ela tinha palavras a dizer mas porque ela tinha esquecido como fechá-los. De novo ela cambaleou enquanto suas mãos tremulas se erguiam e se juntavam sobre sua boca. Sua respiração cessou e continuou, depois cessou novamente.

Dizem que se você deseja algo, de novo e de novo e de novo, se você for persistente em suas preces, então a deusa em sua luz misericordiosa se levantaria de seu trono nos céus, ela desceria à terra por sua causa e faria acontecer um milagre único na vida.

Neriah tinha orado. De fato, em algum momento ela tinha parado de orar, mas então ela orou de novo, e de novo, e de novo… “Querida deusa, só desta vez. Eu sei que sou uma pecadora, sei que sou a pior, sei que não mereço aquele homem e sei que fui tola por não ter percebido a tempo que você tinha me enviado a única pessoa que eu precisava na vida. Mas só desta vez, só desta vez, traga-o de volta para mim. Devolva-o para mim e eu dedicarei o resto da minha vida a buscar seu perdão.”

De fato, ela tinha orado. Ela tinha feito essa prece um milhão de vezes.

A mesma prece toda manhã, toda noite… Sempre que ela sentia saudades dele, sempre que ela sentia um chute em seu estômago, sempre que carregar seu filho se tornava demais para ela. Sempre que ela pensava em ter um filho sem pai. Sempre que ela olhava para os retratos dele na parede.

Toda vez ela fazia a mesma prece. E finalmente, a deusa havia descido quando suas esperanças estavam completamente despedaçadas e seu milagre estava de pé, bem à sua frente.

Mas realmente não era possível. Era? A deusa realmente tinha atendido suas preces?

Sua mão lentamente desceu de sua boca, “Ba_” Ela pausou enquanto o nome engasgava em sua garganta, querida deusa por favor que seja real, “Barak?” Ela chamou o nome dele com os olhos cheios de lágrimas.

“Você parece que viu um fantasma… querida esposa.”

“Uhhh!” Sua respiração vacilou enquanto ela ofegava e puxava o ar, suas mãos se juntaram sobre sua boca novamente e as lágrimas em seus olhos caíram em seu rosto enquanto ela cambaleava mais uma vez.

Outro suspiro chocado escapou de sua boca enquanto as lágrimas quentes escorriam. Ela não podia acreditar. Ele não podia ser real, não havia como ele ser real. Deveria ser uma de suas muitas ilusões.

Um fantasma? Claro! Tinha que ser um fantasma!! A não ser que a deusa de fato tivesse lhe mostrado misericórdia e trouxesse seu marido de volta à vida… De volta para ela.

“É realmente você? Ou_ Ou é truque da floresta? Ou eu realmente enlouqueci.” Ela não estava perguntando para ele, ela estava se perguntando, tentando confirmar para si mesma.

Mas ele respondeu, “Por quê? Você preferiria me apunhalar no coração novamente para confirmar?”

Oh querida deusa!

Querida deusa, querida deusa, ele era real…

Seus pés encontraram força e eles a moveram, e seu corpo se lançou em seus braços.

“Oh deusa, obrigada! Muito obrigada. Obrigada.” Ela chorou e o segurou com toda sua força. Ela o segurou tão apertado que até ela mal podia respirar. Mas ela não se importava, ela queria morrer dentro dele se fosse possível.

“Não posso acreditar. Não posso acreditar que você está aqui agora. Eu sabia que você não morreria. Eu simplesmente sabia em meu coração. Eu sabia que você não morreria. Você tinha que estar vivo. Meu Barak não morreria e me deixaria sozinha. Oh, obrigada. Muito obrigada por voltar. Muito obrigada.” Ela chorou e chorou em seus braços.

“Sua atuação,” sua voz era profunda, “melhorou muito,” e era fria, “desde a última vez que eu te vi.” e era sombria.

Suas mãos foram as primeiras a enrijecer, então seus soluços cessaram assim que a frieza de sua voz alcançou seu ouvido e fumegou cada parte de seu corpo. Ela podia sentir em seus ossos.

Ela encontrou força para levantar a cabeça em seu peito mas no momento que seus olhos encontraram o fogo dourado que a encarava de volta, suas mãos recuaram enquanto ela cambaleava para trás dele em choque.

A raiva naqueles olhos a assustou grandemente.

“B_Barak,” Ela chamou o nome dele mais uma vez, para se certificar de que isso não era um truque da floresta novamente. Para se certificar de que era ele de pé à sua frente.

“Devo dizer Neriah, você é uma mulher muito perseverante.” Ela recuou enquanto ele moveu um pé, “Você me enganou tão bem, fazendo com que os dias que antecederam ao meu dia de morte fossem mais doces do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar.” Ele moveu outro pé e o coração de Neriah pulou, “Eu estava tão perdido entre suas pernas que eu não vi a faca que você estava apontando diretamente para minha garganta.”

Ele não iria acreditar nela,”N_não Barak, escute-me, eu—”

“Sabe, se algum país precisasse de apenas uma pessoa para enganar um reino inimigo inteiro,” Ele dá mais um passo em sua direção,” tudo que teriam que fazer é te enviar e aquele reino inteiro estaria acabado.” e a força deixou suas pernas, ela não conseguiu mais recuar.

Ela ficou lá enquanto a mão dele subia até ela, e por um momento ela pensou que ele pretendia acariciá-la, mas então sua mão se enrolou em seu pescoço, “Você nem precisaria fazer muito, apenas uma pequena gota de suas lágrimas falsas, e seus sorrisos falsos os faria um reino acabado.”

O ar entrando em seus pulmões havia diminuído, seus olhos começaram a saltar, os ossos de seu pescoço estavam sendo espremidos pela mão enorme do homem que ela tanto ansiava, A luz estava lentamente se apagando de seus olhos, “Assim como você fez comigo.”

Foram as últimas palavras que Neriah ouviu antes de tudo ficar preto.