Capítulo 212: 212. Fazendo sua fuga

Para esconder sua identidade, Neriah foi levada para sair usando uma carruagem que as criadas da cozinha do palácio usavam para comprar alimentos para a casa real. Era comum que esse tipo de carruagem fosse ao porto com carrinhos vazios seguindo atrás para carregar mercadorias que foram compradas em terras estrangeiras de volta ao castelo real.

Ninguém daria uma segunda olhada para tal carruagem.

De fato, ninguém deu. Nenhuma alma sequer olhou com suspeita. Todos continuaram a fazer seus negócios como de costume.

Farhan estava encarregado de garantir que Neriah chegasse em segurança a Avelah. Então ele estava disfarçado como cocheiro e era ele quem guiava a carruagem.

Rapidamente, eles chegaram ao porto e Neriah, que usava uma longa capa preta para esconder sua identidade, desceu da carruagem com a ajuda de Farhan. Aria e Riri a seguiram.

Aria não tinha motivo para esconder o rosto, então ela não usava capa.

Rapidamente, Farhan os guiou em direção ao navio que havia sido preparado para a jornada deles. Assim como Bashan havia prometido a ela, tudo estava correndo bem.

Na verdade, se ela não tivesse outros planos próprios, tudo teria sido impecável.

No entanto, sem que os que a acompanhavam soubessem, enquanto seguia para o navio, Neriah estava ocupada observando suas rotas de fuga.

“Esta será sua cabine durante esta viagem, vossa alteza.” Farhan observou e ela assentiu. “Só preciso supervisionar algumas coisas e então partiremos.”

“Não se preocupe comigo.” Neriah disse ao ver a expressão mista em seu rosto como se ele temesse deixá-la. “Ficarei bem, e além do mais, tenho Aria e Riri comigo. Vá, cuide do que deve para que possamos partir.” Ela o encorajou.

Seu olhar se alternava entre Aria e Riri, então ele suspirou enquanto olhava de volta para Neriah. “Certo. Voltarei em breve.” Ele a assegurou.

“Venha minha senhora, sente-se.” Aria disse. “Eu estava preocupada à toa, esta cabine é ainda melhor do que aquela em que você ficou quando veio pela primeira vez a Trago.” Ela observou.

“Concordo.” Riri bateu as asas e voou ao redor do lugar. “É maior e muito mais aquecida.”

De fato, eles claramente tentaram fazer o melhor para deixá-la confortável e Neriah estaria se sentindo grata a eles se realmente planejasse usar o quarto.

“Aria,” Ela precisava colocar seu plano em ação.

“Sim, Minha Senhora?”

“De repente estou com desejo de pão de mel.” Ela mentiu. “Suponho que seja porque vi uma mulher vendendo alguns no porto.”

“Ah, você gostaria que eu buscasse um para você?” Aria perguntou, contente que sua senhora estivesse realmente desejando algo. Era difícil fazê-la comer qualquer coisa, então ao ouvi-la dizer que estava com desejo de pão de mel, Aria estava pronta para ir à lua buscá-lo.

“Oh, por favor, eu ficaria inteiramente grata.” Neriah disse com um sorriso suave.

“Não é necessário ser grata. Estou tão feliz que você realmente deseje algo. Para mostrar o quanto estou feliz, darei moedas extras ao vendedor por vender um pão tão apetitoso que foi capaz de chamar sua atenção.” Aria riu e Neriah juntou-se a ela com uma risada falsa própria.

“Obrigada. Por favor, apresse-se, esta pequenina parece querê-lo mais do que eu.” Neriah mentiu novamente de forma impecável enquanto esfregava sua grande barriga.

“Sem preocupações, jovem alteza,” Aria disse e acariciou a barriga de Neriah suavemente, “voltarei logo.”

“Oh, leve Riri com você.” Neriah disse.

“Não, não posso deixá-la sozinha.” Aria protestou.

“Estarei bem. Não se preocupe. Leve Riri, você sabe que ela sabe como escolher o pão com mais mel nele.”

“Mas minha Senhora—”

“Aria, apenas certifique-se de voltar a tempo. Não me faça esperar muito, ficarei bem.”

Depois de muito pensar, Aria finalmente concordou em ir com Riri, mas prometeu retornar o mais rápido possível.

Se ao menos ela soubesse que Neriah tinha mentido sobre ver alguém vendendo pão de mel… Se ao menos ela soubesse dos planos de Neriah.

Neriah olhou para a pequena bolsa que Rakavi lhe deu, então olhou novamente para a porta e disse, “Adeus Aria… Adeus Riri… Espero que possam me perdoar algum dia.”

…

“Como minha senhora viu a vendedora de pão de mel atrás de todas aquelas barracas?” Riri disse enquanto subiam no navio novamente.

“Eu sei, né?” Aria concordou.

No início, acharam que a mulher vendendo pão de mel seria fácil de localizar, já que Neriah afirmou tê-la visto. Mas, uma vez fora do navio, não havia vendedora de pão de mel à vista.

Eles tiveram que correr por todo o porto procurando uma mulher vendendo pão de mel. Perguntando a várias pessoas por direções e recebendo quase nenhuma resposta. O porto era um lugar movimentado, as pessoas corriam para chegar aos seus barcos designados, para não ficarem para trás e outros tentavam ganhar dinheiro vendendo o que pudessem.

Ninguém tinha tempo para responder às perguntas de alguém que estava procurando o que não estavam vendendo.

No entanto, depois de correr pelo porto por um tempo, um salvador na forma de um menino pequeno apareceu em seu caminho e os levou a uma pequena barraca que estava perto de estar escondida da vista.

Lá eles encontraram pão de mel, mas não sendo vendido por uma mulher, era um homem que o vendia.

Como não puderam encontrar ninguém mais vendendo, concluíram que Neriah havia cometido um erro ao ver uma mulher quando na verdade era um homem.

“Estou apenas feliz que não voltamos de mãos vazias.” Aria observou.

“Estão apenas retornando?” Foi Farhan quem viu eles correndo para buscar o pão de mel.

“Ai, foi difícil de encontrar.” Aria explicou e ele assentiu.

Aria e Riri continuaram para o navio, fazendo seu caminho até a cabine de Neriah.

E com uma voz alegre e vitoriosa, Aria gritou, “Minha Senhora, finalmente conseguimos! Encontramos o mel—” ela empurrou a porta, “—pão”, o entusiasmo com que ela havia falado inicialmente morreu quando ela encontrou um quarto vazio.

“Minha Senhora,” Aria chamou, fazendo seu caminho até o banheiro. “Você está aí?” Ela bateu na porta do banheiro e perguntou, mas não obteve resposta, então ela abriu a porta.

Vazio.

“A_Aria!” Riri gritou, fazendo Aria virar-se instantaneamente.

“O que foi, Riri?” Aria correu para o seu lado e Riri apontou para uma folha de papel que descansava sobre a mesa. Um pedaço do enfeite de cabelo de Neriah era usado como peso de papel.

Aria não precisava pegar o papel para ler o que estava claramente escrito nele.

“Me desculpe, me perdoe por sempre causar problemas a vocês duas. Mas não posso retornar a Avelah. Não me procurem.”

Aria não pôde fazer nada além de sufocar um grito que rasgou através de seus lábios.

Neriah havia desaparecido.