208: 208. Viva pelo menos por minha causa. 208: 208. Viva pelo menos por minha causa. Barak acordou com o mesmo terrível pesadelo que vinha tendo desde que acordou e se encontrou entre estranhos elfos que ele vagamente se lembrava de ter encontrado em algum momento de sua jornada em Avelah. Aquele mesmo sonho onde ele foi apunhalado no coração por sua querida esposa. Era um momento horrível, e ainda assim ele nunca conseguia fechar os olhos sem reviver aquele exato momento repetidamente.

Estava em repetição em sua cabeça. E quanto mais ele sonhava com isso, mais sentia a dor como se fosse recente. A dor da traição dela. Justamente quando ele começava a imaginar um futuro bonito com ela, justamente quando ele havia se tornado delirante o suficiente para esquecer que ela era uma mentirosa e uma trapaceira. Justamente quando ele tinha sido cegado o suficiente para acreditar que ela tinha um lugar para ele em seu coração.

Ela mostrou o quão perversa ela era. Quão impiedosa… Doía. Doía tanto que ele queria machucá-la igualmente. Ele queria fazer ela sofrer porque por mais que ele a amasse, ele também a odiava. Ele a odiava a ponto de pensar nela fazer sua cabeça doer.

“Você já acordou? Você deveria tentar dormir mais. Você ainda não sarou completamente.” Botch disse enquanto entrava na cabana com algumas lenhas nas mãos, para encontrar Barak olhando fixamente para o teto acima de sua cabeça.

Com metade do corpo ainda enfaixado, a recuperação de Barak estava demorando por causa das flechas sombrias que haviam sido usadas nele. O veneno de magia negra das flechas dentro de seu corpo estava retardando o processo de cura.

“Eu queria poder.” Barak murmurou enquanto se levantava para uma posição sentada na cama. Gemidos silenciosos saíam de seus lábios por causa das dores que sentia no corpo.

“É por isso que você não está sarando rápido. Você não descansa direito. Você sabe que um bom sono é a chave principal para uma rápida recuperação, como certa vez disse um famoso médico.” Botch diz enquanto arrumava as lenhas ao lado da pequena lareira que também servia como fogão.

“Mileka e Rug?” Barak pergunta.

“Eles foram à cidade comprar algumas coisas.” Botch disse, e depois murmurou em voz baixa, “Me deixando de babá mais uma vez.”

De repente, ele largou as lenhas que estava arrumando e virou-se para Barak, “Você sabe, você realmente deveria colocar mais empenho em tentar voltar a ficar de pé. Quero dizer, depois de todo o trabalho que tive cuidando de você enquanto você estava inconsciente, o mínimo que você poderia fazer para mostrar sua gratidão é se esforçar para melhorar.”

Barak observava e ouvia silenciosamente o homem falar. “Falando francamente,” Botch se levantou de onde estava agachado próximo à lareira e caminhou em direção à cama. “Parece quase que você não quer melhorar.” Ele diz enquanto arrasta um banco desgastado para perto da cama e se senta nele. O banco rangia e rechinava como se estivesse contra a ideia de ser usado por um homem tão grande.

“Olha,” Barak segurou um gemido enquanto a mão de Botch pousava sem pensar numa parte ferida e enfaixada de sua perna sem que o homem maior percebesse, “Pelo que ouvimos, eu entendo por que você perderia a vontade de viver. Se eu fosse traído pela Mileka, também não acho que teria vontade de viver, mas você tem que ter. Senão por mais nada, pelo menos por mim que me esforcei tanto para manter você vivo e em boas condições durante todos os dias que você estava dormindo.”

Ele chacoalha a perna ferida de Barak e desta vez Barak não conseguiu segurar a dor, então pegou a mão de Botch com as suas próprias mãos.

Botch, por outro lado, acreditava que o gesto de Barak de segurar sua mão era porque sua mensagem estava chegando à sua cabeça. E estava mostrando sua gratidão dessa maneira.

“Ai, foi tão difícil manter você vivo, mas como você era um príncipe, eu dei tudo de mim, então você tem que melhorar para poder me retribuir um dia.”

Barak soltou uma risada fraca, “Pelo que Mileka me disse, foi Rug que me manteve vivo.”

Os olhos de Botch se arregalaram quando essas palavras chegaram aos seus ouvidos. “Aquela bruxa traidora minha.” Ele murmurou com a cabeça virada para o lado e Barak soltou outra risada fraca.

“Isso não é inteiramente verdade. Rug de fato foi quem insistiu que nós te salvássemos, mas fui eu quem fez o salvamento.”

“Realmente, ela diz que tudo que você fez foi cuidar de mim.”

“Você acha que cuidar é fácil? Cuidar significava que eu tinha que fazer todo o trabalho. Tudo que eles faziam era limpar suas feridas e trocar o pano sobre elas. E sim, Rug bolou todas as maneiras de evitar que você morresse de fome ou ficasse paralisado para sempre, mas fui eu quem as administrou todas.”

Barak apenas ouvia silenciosamente enquanto o homem falava. Na verdade, quando ouviu que tinha ficado inconsciente por três meses inteiros, ele se perguntava como eles conseguiram mantê-lo vivo por tanto tempo num lugar como este.

Normalmente, dragonbloods podiam durar pelo menos duas semanas sem comida ou água, e no máximo três semanas. Sim, havia maneiras de preservar uma pessoa por mais tempo, se necessário, mas isso exigia pessoas habilidosas que fossem vastas tanto em magia quanto em medicina para alcançar isso.

E ainda assim ele estava inconsciente por três meses inteiros com ninguém além deste grande homem cuja principal força eram seus músculos, sua esposa que parecia entendida em algumas coisas, e um velho alcoólatra.

Como ele foi mantido vivo? Ele queria perguntar, mas ao mesmo tempo, ele realmente não sentia a necessidade de saber. A necessidade de saber por que ela o tinha traído era o que estava grande em sua mente.

Mas parecia que ele ia descobrir agora sem nem mesmo perguntar.