Capítulo 764: Trapaceiro
Na manhã seguinte, Erin acordou e percebeu que ainda estava envolvida em um par de braços fortes, seu rosto pressionado contra o peito nu de um homem. Ela podia ouvir o ritmo suave e constante do batimento cardíaco dele.
Memórias da noite anterior voltaram à sua mente, e seu rosto ficou vermelho. Ela não ousou se mexer. Seu coração acelerou só de pensar em encarar Lucian.
Como ela deveria reagir? O que deveria dizer? Tudo tinha acontecido tão repentinamente.
“Você acordou?” ela ouviu sua voz profunda e rouca perguntar.
Erin congelou, seu corpo enrijecendo em resposta.
O suave esvoaçar de seus cílios contra a pele do peito dele o deixou saber que ela estava acordada.
Sua mão descansava em sua cintura, acariciando-a gentilmente, enquanto ele falava novamente. “Se você quiser, pode dormir mais um pouco. Eu preciso levantar.”
Erin percebeu que o sol havia enchido o quarto — eles tinham dormido demais. Finalmente, ela respondeu, sua voz suave. “Não estou com sono.”
Lucian soltou seu abraço, permitindo que ela se afastasse. Mas antes que pudesse recuar completamente, a mão dele em suas costas a impediu. Ela hesitou, então finalmente olhou para ele.
O rosto bonito dele entrou em seu campo de visão, e o coração dela pulou uma batida. Era como se ela estivesse vendo a visão mais deslumbrante do mundo. Por que ele tinha que parecer tão bom, mesmo acabando de acordar? Na verdade, ela o achava ainda mais atraente assim — natural e sem esforço belo.
O olhar dele encontrou o dela, e seus dedos afastaram os fios soltos de cabelo de suas bochechas, seus olhos demorando em seu rosto lindamente corado. Ele se aproximou e deu um pequeno beijo em seus lábios macios.
“Bom dia, Erin,” ele disse, sua voz baixa e rouca soando incrivelmente sedutora aos ouvidos dela.
Ela engoliu levemente e respondeu com uma voz suave, “Bom… dia…”
“Você está bem?” ele perguntou.
Erin entendeu por que ele estava perguntando e apenas acenou com a cabeça.
Ele ajustou o cobertor sobre ela, atento ao frio e ao fato de ela não estar vestindo nenhuma roupa. Colocando um beijo terno em sua testa, ele disse, “Fique dentro. Eu vou cuidar das coisas para você.”
Erin acenou com a cabeça e observou enquanto ele saía da cama. Quando o torso dele veio à vista, ela percebeu com um choque que ele também não estava vestindo nenhuma roupa. Antes que seu olhar pudesse viajar mais para baixo, ela apertou os olhos e puxou o cobertor sobre o rosto.
Lucian se afastou e vestiu suas calças. Lançando um olhar para ela, um leve sorriso se formou no canto de seus lábios ao vê-la encolhida sob o cobertor.
Assim que Erin ouviu o clique da porta fechando atrás dele, ela soltou o ar e se perguntou o que fazer. Levantando levemente o cobertor, ela espiou sua forma nua, e outra onda de vergonha a invadiu.
‘Eu deveria vestir roupas antes dele voltar.’
Enquanto tentava se sentar, uma pontada aguda de desconforto a fez contorcer-se de dor, e ela deitou-se novamente.
‘Nós nem mesmo fomos a noite toda como naqueles livros de romance, e eu já estou assim? Eu sou assim tão fraca?’
Conforme continuava deitada na cama, ela ouviu o som abafado de passos se aproximando do lado de fora da porta.
‘Ele já voltou?’ Erin entrou em pânico de leve. ‘Eu ainda não vesti minhas roupas. E o quarto já está cheio de sol. Preciso me apressar. Vou trancar a porta e então me vestir.’
Apesar do desconforto persistente, ela se sentou na cama e estava prestes a afastar o cobertor quando a porta de repente se abriu. Lucian entrou no quarto.
Assustada, ela segurou o cobertor firmemente na frente dela, o encarando em choque. ‘Como ele é tão rápido?’
Lucian encontrou seu olhar calmamente e caminhou em direção a ela. “Eu vou te levar a algum lugar,” ele disse.
Erin percebeu que ela era a única reagindo nervosamente, enquanto ele não parecia desconfortável com o fato de ela estar nua. Ele estava totalmente focado no bem-estar dela.
“Para onde estamos indo?” ela perguntou hesitante.
“Para uma fonte termal,” ele respondeu, ajustando o cobertor confortavelmente ao redor dela.
Surpresa, ela gaguejou, “Eu… eu preciso vestir roupas.”
“Não há necessidade,” ele disse, levantando-a facilmente em seus braços. Ele a envolveu de forma segura no cobertor, dos pés aos ombros, fazendo-a parecer uma lagarta em casulo.
“Lucian…”
“Não tem ninguém por perto,” ele a tranquilizou.
“Mas ainda é longe daqui. Deixe-me colocar algumas roupas. Eu posso caminhar,” ela tentou protestar, mas eles já estavam fora do quarto.
“Tenho certeza de que você não pode caminhar,” ele disse, descendo as escadas sem quebrar o ritmo.
Erin mordeu o lábio e ficou em silêncio. Então ele sabe que eu não estou bem, ela pensou.
“E nós não estamos realmente indo para a fonte termal,” ele acrescentou inesperadamente.
Suas palavras confundiram Erin, mas ela permaneceu em silêncio, deixando-o liderar. Eles alcançaram a sala de estar, e de lá Lucian a carregou em direção a uma grande porta que um servo prontamente abriu para eles.
Erin sentiu uma onda de vergonha ao perceber o servo idoso sorrindo para ela.
Atrás da porta havia uma grande área fechada que parecia fazer parte da residência, mas também claramente separada. O som suave de água fluindo chegou aos ouvidos dela, chamando sua atenção. Olhando à frente, ela viu uma grande piscina quadrada. Um pequeno riacho de água derramava de um lado, enquanto a água em excesso fluía para fora do outro. Uma leve névoa de vapor pairava sobre a superfície, revelando que a água estava quente.
Água da fonte termal estava sendo desviada para cá.
No dia anterior, Lucian não havia mostrado esse lugar a ela, e ela ficou surpresa com o arranjo cuidadoso e privado.
Lucian a carregou para a beira da piscina e a colocou gentilmente. Antes que ela pudesse reagir, ele começou a remover o cobertor envolto nela. Suas mãos, trancadas dentro do cobertor, tornavam impossível impedi-lo, e as palavras que ela queria dizer a falharam.
Conforme o cobertor caiu, as bochechas de Erin queimaram, e ela não ousou olhar para ele. Seu rosto ficou vermelho como um tomate.
“Nós já fizemos mais do que apenas ficar nus. Não há necessidade de ser tímida,” ele disse casualmente e a levantou em seus braços mais uma vez para carregá-la para dentro da água quente.
Ignorando-o, Erin enterrou o rosto no canto do pescoço dele, como se esconder o rosto pudesse de alguma forma ocultar sua nudez. “Você é homem — você não entenderia,” ela murmurou.
“Eu não impedi você de me ver nu,” ele respondeu.
“Você não tem vergonha,” ela resmungou.
“Estou apenas sendo honesto. Realmente não me importo se você me ver sem roupas.”
“Eu não quero,” ela disse, sua voz abafada contra o seu pescoço.
“Então serei cuidadoso,” ele disse com um sorriso malicioso.
Erin piscou, momentaneamente sem palavras. Então ele não vai me deixar vê-lo nu só porque eu disse que não queria? Ela não tinha intenção nenhuma de que fosse desse jeito. Era apenas por vergonha.
“Você leva tudo ao pé da letra,” Erin disse, fazendo beicinho.
“Desejo respeitar seus desejos,” Lucian respondeu, seu tom calmo e sincero.
“Eu não quis dizer isso de verdade,” ela murmurou.
“Então, você está bem com me ver nu?”
“Vamos nos casar… é normal,” ela admitiu, sua voz suave.
“Então você não precisa se esconder sob um cobertor da próxima vez que me ver nu.”
Erin congelou, percebendo que ele tinha notado todas as suas reações. Ela também percebeu que ele havia habilidosamente a guiado a admitir que era normal, poupando-se do esforço de convencê-la.
“Sacana,” ela resmungou baixo.
Os lábios de Lucian se curvaram em um sorriso discreto. Nesse ponto, ele já estava acomodado na água perfeitamente morna com Erin sentada em seu colo. Ele não usava camisa, mas ainda vestia suas calças — fato pelo qual Erin se sentiu um pouco aliviada.
“Eu posso sentar na beira,” ela ofereceu hesitante.
“Não é mais confortável assim?” ele perguntou, seu olhar se fixando em seu rosto corado.
Sua mão, encharcada de água morna, moveu-se gentilmente para acariciar sua bochecha, espalhando calor pela sua pele fria. Erin olhou para ele, cativada por sua expressão concentrada e a intensidade em seu olhar.
Um silêncio pacífico caiu entre eles. Lucian não era de falar muito, mas suas ações falavam mais alto. Ele foi paciente, cuidando silenciosamente das necessidades dela à sua maneira.
“Você está se sentindo melhor?” ele finalmente perguntou.
Ela acenou levemente, seus olhos demorando no rosto bonito dele, que estava ligeiramente úmido pelo vapor que subia.
O olhar de Lucian mudou para seus lábios úmidos e convidativos. Lentamente, ele se aproximou, e Erin não resistiu. Esse homem era tentador demais para ela sequer pensar em se conter.
Seus lábios roçaram nos dela, suaves e hesitantes no início, como se saboreando o momento. O coração de Erin acelerou, e seus olhos se fecharam enquanto ela se entregava a ele. O beijo dele se aprofundou, ficando mais insistente, enquanto sua mão segurava a parte de trás de sua cabeça, puxando-a para mais perto.
A sensação de seus dedos mornos e molhados emaranhados em seu cabelo úmido enviou um arrepio por sua espinha, apesar do calor que os cercava.
A outra mão de Lucian descansava em suas costas, deslizando suavemente para apoiá-la, seu toque firme mas carinhoso. Erin se inclinou para ele, seus braços instintivamente se enrolando em volta de seu pescoço enquanto o beijo se tornava mais apaixonado. Seus lábios se moviam contra os dela com propósito, seus dentes roçando seu lábio inferior de uma forma que enviava faíscas de calor por todo seu corpo.
A água ondulava suavemente ao redor deles, o vapor se erguendo como um véu nebuloso, envolvendo-os em seu mundo particular. Erin sentiu suas mãos se movimentarem, uma deslizando ao longo de suas costas nuas enquanto a outra deslizava por baixo da água para descansar em sua cintura, ancorando-a com segurança em seu colo.
Seus próprios dedos traçaram a pele úmida de seus ombros, explorando a firmeza de seus músculos. Ela podia sentir a força nele, contida mas inegável, enquanto ele a mantinha perto. A sensação era intoxicante, fazendo-a sentir-se segura e extremamente desejada.
Erin soltou um ofego suave em sua boca enquanto sentia seu peito pressionar firmemente contra o dela, o contraste de seu quadro forte e sólido contra sua suavidade aguçando seus sentidos. A sensação de suas mãos vagando em suas costas, seus dedos traçando padrões em sua pele, a deixou trêmula.
Lucian se afastou brevemente, sua respiração mais pesada, e descansou sua testa contra a dela, permitindo que ela respirasse também.
“Você ainda deve estar machucada,” ele sussurrou e enterrou o rosto no canto de seu pescoço, inalando seu doce cheiro e resistindo à tentação de ir mais longe com ela.
Erin, podia entendê-lo. “Eu… acho… que estou bem…” Só ela sabia como havia dito aquelas palavras.
Lucian soltou uma respiração trêmula e seu abraço ao redor dela se afrouxou. “Eu posso esperar.” Ele a olhou novamente e disse. “Você pode não querer passar mais um dia aqui quando seus irmãos estão esperando por você.”
Ao ouvir o nome do irmão, Erin voltou a si. Ela tinha que voltar ou não tinha certeza de como enfrentaria não apenas seus irmãos, mas também os outros.
Vendo suas expressões, Lucian falou, “Nós tomamos uma refeição matinal e partimos.”
Ela acenou silenciosamente, imaginando como enfrentaria as perguntas de seus irmãos. Rowan poderia provocá-la até que ela se enterrasse sob uma pilha de vergonha, mas Rafal poderia não ficar satisfeito ao ver como ela estava com Lucian assim.