A Noiva do Diabo - Capítulo 76

76: Maldito Garoto Bonito 76: Maldito Garoto Bonito “Sua lista de responsabilidades será explicada em breve, mas em geral, você tem que acompanhar o Jovem Mestre como uma sombra, atendendo às suas necessidades”, continuou o mordomo, enquanto caminhavam e Oriana fazia o possível para acompanhar suas longas passadas, mantendo uma distância de dois passos entre eles.

Ao chegarem à camarata de Rafal, avistaram o homem de pé diante do espelho de corpo inteiro apenas de calças, enquanto o único outro servo masculino trazia uma camisa para ele.

Oriana mantinha a cabeça baixa quando Smith cumprimentou Rafal, mas não conseguiu evitar de espiar a aparência do corpo superior bem definido de Rafal. Musculoso e de ombros largos, com várias cicatrizes de batalha por todo o braço.

‘Que masculinidade! Não é à toa que suas roupas são tão grandes. Não é à toa que ele sempre aponta como meu corpo parece frágil. Droga, essa é a definição de um corpo masculino. Olha esses músculos torneados. Um soco dele pode me mandar direto para o céu. Autêntico protótipo de um homem forte!’
“…Orian!” A chamada do Mordomo Smith a trouxe de volta à realidade, enquanto Rafal a observava pelo espelho, claramente insatisfeito com sua presença.

“Sim, Mordomo Smith?”

“Seu primeiro trabalho como valete”. O mordomo sinalizou para ela se aproximar de Rafal, que ainda a encarava através do reflexo do espelho. O criado cobriu seu torso com uma camisa branca e começou a abotoá-la.

“Traga o paletó ao Jovem Mestre”, instruiu o mordomo.

Oriana apressadamente pegou o paletó marrom luxuoso que estava dobrado ao lado e foi se posicionar atrás de Rafal, que tinha os braços estendidos para os lados.

Ela, calada, passou as mangas do paletó pelos braços dele e arrumou os vincos nas costas.

“Você pode abotoar agora”, disse o mordomo, e os outros servos se afastaram para dar espaço. Oriana se posicionou na frente de Rafal com a cabeça baixa, rezando para que ele não a reconhecesse.

Ela se acalmou e suas pequenas mãos habilmente começaram a abotoá-lo.

Rafal abaixou o olhar e percebeu que as feições delicadas dela estavam muito próximas para o seu conforto. Ele notara antes o rosto bonito de menino dela dentro de Jerusha, mas a herbalista parecia ainda mais bela de perto.

Seus grandes olhos castanhos eram enquadrados por longos e densos cílios, seu rosto pequeno era requintado. Seu nariz era adorável, dando vontade de beliscá-lo, e sua pele estava sem nenhuma mancha. Havia um leve aroma vindo de seu corpo.

Seu coração pulou uma batida.

‘Esse garoto bonito maldito!’ Rafal deu um passo atrás enquanto a encarava. ‘Não é à toa que Sua Alteza…’
Oriana ficou chocada com sua reação. Parecia como se ela o tivesse esfaqueado. Ela o olhou confusa, apenas para encontrar seu olhar severo, e lembrando das regras da casa, imediatamente baixou o olhar.

“Algum problema, Jovem Mestre?” o mordomo perguntou.

Rafal virou-se para o espelho enquanto ajustava seu próprio paletó e disse: “Todos se retirem. Apenas o Mordomo Smith fica.”

Oriana e o outro servo saíram o mais rápido que puderam.

Ela caminhou lentamente pelo corredor, imersa em seus próprios pensamentos.

‘O que foi aquilo? Por que ele me olhou como se quisesse me matar? Este é apenas o meu segundo dia de trabalho e eu não cometi nenhum erro grave. Será que ele realmente odeia o quão magra eu pareço?’ Então, seus olhos se arregalaram quando uma realização a atingiu. ‘Fui descoberta? Ele me reconheceu e pensou que eu o segui até a capital por causa de algum plano maligno? Ah, não! Eu não posso deixar que ele tenha esse tipo de mal-entendido.’
Após um tempo, o mordomo saiu e viu Oriana que estava esperando do lado de fora para suas próximas instruções.

“Orian!”

Lentamente, muito lentamente, ela virou-se para encarar o mordomo, com medo de ser mandada para o calabouço.

Ela reuniu coragem para dar um sorriso brilhante apesar de seus medos internos. “S-Sim, Mordomo Smith.”

“Temos convidados na segunda mansão de hóspedes. Você estará servindo lá por enquanto.”

Ela olhou o mordomo, sentindo-se aliviada e preocupada ao mesmo tempo. Aliviada por não ter sido descoberta e preocupada que seu local de trabalho estava sendo alterado.

‘Todas as casas nobres são tão desorganizadas?’ ela não pôde deixar de se perguntar.

Será que ela, por acaso, ofendeu o jovem mestre que era seu único meio de entrar no palácio real?

“Convidado?”

O mordomo assentiu. “Temos um convidado muito importante e precisamos de mais pessoas para servi-lo. Você estará atendendo pessoalmente às suas necessidades, então certifique-se de não cometer nenhum erro.”

“M-Mas se essa pessoa é importante, não deveriam os servos mais habilidosos serem colocados lá—”
“Não questione os arranjos dos nobres. Como servos, simplesmente precisamos obedecer.”

Ela abaixou a cabeça. “Desculpas, Mordomo Smith.”

“Venha comigo.” O mordomo guiou seu caminho para fora da primeira mansão de convidados e a levou para a próxima. “As mesmas regras da casa se aplicam em ambas as mansões, mas não haverá mordomo na segunda mansão de hóspedes, pois o convidado importante trouxe seu próprio pessoal. Pergunte à mordoma chefe sobre onde as coisas estão localizadas. O que você aprendeu aqui, terá que seguir igual lá. Acredito que o hóspede deve ter trazido seu próprio pessoal, exceto por um valet pessoal, que ele solicitou ao Mordomo Chefe.”

“Eu entendo, Mordomo Smith.”

“Você terá que atender pessoalmente às necessidades deste convidado. Como eu disse anteriormente, ser um valet é ser como uma sombra. Você tem que estar ao redor dele vinte e quatro horas por dia, exceto quando ele permite que você faça uma pausa curta ou ordena que você o deixe, mas certifique-se de permanecer alerta para quando ele te chamar. Você tem que acordar antes dele e não pode dormir até que ele caia no sono. Você tem que cuidar da comida que ele quer e transmiti-la para a cozinha, preparar as roupas que ele veste no dia, levar embora a roupa suja dele, garantir que seu banho esteja pronto sempre que ele precisar, e…”
O mordomo continuou a enumerar a lista de coisas que Oriana precisava se lembrar.

“…você entendeu, Orian?”

‘Em resumo, tenho que agir como a mãe de um bebê mimado.’ Oriana já se sentia exausta só de pensar no que a esperava.  ‘Não é à toa que o salário é tão bom.’
Sua aparência, no entanto, continuou brilhante, contrastando com seu pensamento. “Sim, Mordomo Smith.”