A Noiva do Diabo - Capítulo 136

136: Você já se deparou com Magia Negra? 136: Você já se deparou com Magia Negra? Depois de Arlan deixar o Palácio de Cardo, Oriana foi novamente ao Palácio de Oak. Desta vez, ela carregava consigo um talo de beladona negra. Seus nervos estavam à flor da pele desde o momento em que ela saiu da residência do príncipe, com medo de que um cavaleiro em patrulha ou um guarda real de repente inspecionasse seu bolso.

Mas, assim como no dia anterior, ninguém a revistou.

Quando Oriana chegou à residência dos hóspedes, só então conseguiu respirar livremente.

O médico idoso e seu segundo aprendiz estavam na sala de trabalho, preparando a medicina para o Rei como de costume. Assim que terminaram o primeiro lote, Erich olhou para o homem mais jovem. “Adam, esta lista de ervas, vá para a farmácia real e peça para que tragam isso o mais rápido possível.”

Adam aceitou a lista e saiu rapidamente.

Erich voltou sua atenção para a jovem mulher encarregada de limpar e desinfetar os recipientes usados para a preparação dos medicamentos. “Então, você trouxe essa erva hoje?”

“Sim, Mestre Erich.”

Ela retirou um pano amarrado do bolso interno de seu casaco. Ela cuidadosamente desembrulhou esse pano e mostrou o único talo seco de beladona negra ao médico.

‘É autêntica.’ Erich estudou o jovem audacioso sentado à sua frente. ‘Esta criança realmente se atreveu a contrabandear um item proibido para dentro do palácio real.’
Só agora ele se lembrou porque se afeiçoou por ela no passado. Sem falar que ela era mais inteligente e mais corajosa que seus colegas, Oriana também era alguém que ousava desobedecer as regras para salvar a vida das pessoas. Essa última qualidade era o que Erich buscava ao aceitar aprendizes.

Para alguém de sua posição, centenas de pessoas clamavam para receber seus ensinamentos, mas ele apenas aceitou um punhado de alunos. Alguns deixaram seu aprendizado e se tornaram médicos titulares, e apenas dois permaneceram – agora três, com Oriana sendo sua aprendiz mais nova e mais jovem.

Como médico, ele acreditava que a qualidade mais importante dos curandeiros não era a inteligência – era o coração. O desejo de salvar a vida de seu paciente deveria ser o mais importante, mesmo que isso significasse ser criticado pelo mundo.

Erich pegou o talo e o observou. “É de boa qualidade, secou perfeitamente e a eficácia foi bem preservada.”

Suas palavras a fizeram feliz, mas as próximas a chocaram completamente.

“Que jovem corajosa você é.”

“M-Mestre?” Oriana sentiu todos os seus sentidos entorpecerem. ‘Ele acabou de dizer jovem mulher?’
Vendo seu choque, Erich riu ao se dirigir para a plataforma destinada à preparação dos ingredientes. “Por que você está tão surpresa?”

A garganta dela secou, mas ela conseguiu dizer “Desde quando…?”

“Você realmente acha que eu nunca percebi? Eu sou um médico habilidoso, caso tenha esquecido. Minha visão é tão aguçada que posso distinguir a maioria das doenças com um único olhar.”

“Eu…” Ela se sentiu sem palavras e também preocupada.

“Eu sabia da verdade desde o primeiro dia em que nos encontramos. Eu me perguntava por que você estava escondendo, mas isso não é da minha conta. Embora, essa também seja uma das razões pelas quais eu consigo me lembrar de você mesmo depois de dois anos.”

“Desculpe por—”
“Mentir? Você não precisa. Você deve ter seus motivos, mas eu não me importo”, ele a interrompeu. “Venha aqui e não perca tempo. Deixe-me ver o que você fez. Os outros ingredientes de que você precisa já estão aqui.”

Oriana foi até ele e começou a medir os ingredientes.

Então Erich disse, “Como o ingrediente principal é apenas um talo, não use tudo. Use apenas um quarto. Ajuste os outros ingredientes também.”

Oriana seguiu suas instruções. Depois de colocar uma panela limpa no fogão, ela começou a adicionar tudo um por um, conforme a receita estava gravada em sua mente. De vez em quando, Erich a instruía ao lado – afinal, como a quantidade de ingredientes era menor, a duração do calor e a velocidade de colocá-los tinham que ser ajustadas também.

Justo antes do último passo de adicionar a beladona negra triturada, ela olhou para o mestre. Ele acenou com a cabeça, “Tudo que você fez até agora está correto. Continue.”

Ela deu uma respiração profunda antes de adicionar ao pote.

‘Por favor, não fique preto.’ Ela então mexeu a mistura com uma colher de pau, esperando que ela ficasse verde, mas… ela gradualmente escureceu, até que foi novamente uma mistura preta.

Com uma expressão triste, ela virou-se para o velho que estava olhando para aquele produto falho, com uma expressão séria.

“Apague o fogo.”

“Sim, Mestre.”

Com as sobrancelhas franzidas, ele então pegou a colher de Oriana, tirou um pouco, e depois de deixar esfriar um pouco, ele esfregou uma gota entre o polegar e o indicador.

“M-Mestre? O que você acha?”

“Desta vez, deixe-me fazer tudo”, ele disse e Oriana se afastou.

Erich repetiu os mesmos passos que Oriana fez, também usando apenas um quarto de um talo de beladona. Ele mexeu a mistura fervente, mas em contraste com a mistura preta que Oriana produziu, a dele era verde vibrante.

Oriana estava ainda mais confusa.  “Como…? Eu fiz a mesma coisa…”
A incredulidade estava estampada em seu rosto, enquanto Erich tinha um olhar calmo de ponderação.

Depois de um breve silêncio, Erich falou, “Você deveria tentar novamente, Orian.”

Hesitantemente, Oriana concordou e colocou uma terceira panela no fogão. Desta vez também, o resultado foi o mesmo. Com uma expressão de dor, ela olhou para o mestre. Seus olhos se umedeceram.

“Eu não tenho certeza… Onde estou errando, Mestre?”

“Tente fazer um medicamento diferente.”

“Mestre, eu consigo preparar com sucesso os outros remédios que o vovô precisa, como o analgésico para suas articulações, o medicamento para inflamação de suas antigas lesões…”

“Vou lhe ditar como preparar uma cura para varíola em estágio inicial. Os ingredientes são os mesmos que os para demência, embora a ordem e a quantidade de ingredientes variem. A beladona negra se torna um ingrediente secundário e você só precisa adicionar uma pitada.”

Oriana forçou-se a recobrar a compostura enquanto ouvia as instruções do médico idoso. Ela preparou uma quarta panela.

“…depois de abrir a tampa, a cor da mistura deve ser amarela com um cheiro forte e picante”, disse Erich.

Para sua surpresa, a cor do líquido espesso ficou preta uma vez mais.

Erich olhava sem palavras para a panela e então finalmente olhou para Oriana. Seu olhar observando-a estava perplexo, como se ele não quisesse acreditar no que via.

“Mestre? O que eu fiz de errado?”

Erich primeiro lhe entregou a parte restante da erva. “Primeiro, limpe este lugar.” Ele virou-se para sair. “Depois que terminar, vá ao meu escritório.”

Ela obedeceu e terminou de limpar a sala de trabalho. Como foi instruída, Oriana foi ao escritório de Erich, onde ele estava andando para lá e para cá, parecendo muito sério.

O velho parou apenas ao notar a chegada dela.  “Venha aqui.”

Hesitantemente, ela caminhou até ele e parou de frente para ele.

“Mestre?”

“O que vou perguntar, você precisa responder honestamente. Só então podemos entender o que está acontecendo. A menos que queira ficar para sempre sem poder preparar o medicamento para demência do seu vovô, então você tem que responder.”

Ela se sentiu preocupada e nervosa quanto ao motivo do mestre ter agido como se tivesse descoberto que ela havia cometido um assassinato.

“Sim, Mestre.”

“Você já teve contato com magia negra?”

De todas as possibilidades que Oriana imaginou em sua cabeça, esta foi uma pergunta além de suas expectativas. Ela olhou para o homem à sua frente com um olhar intrigado.