A Noiva do Alfa - Capítulo 46

46: Inquietação incerta 46: Inquietação incerta “Ah, antes que eu me esqueça…”, Maya direcionou a conversa para outro assunto. “Não conte a ninguém que você é da Matilha da Lua Vermelha. A história oficial é que você cresceu com seus avós em algum lugar do Norte e que, depois que eles faleceram, você veio até aqui com o objetivo de encontrar uma matilha e acabamos nos encontrando por acaso. Lembra do posto de gasolina onde o Alfa Damon foi comprar lanches sozinho? É a parada onde você trocou de lugar com o Caden.”

Talia assentiu.

“Foi lá que nos encontramos. Sinta-se à vontade para preencher as lacunas sobre seu passado.”, disse Maya, observando Talia, que ouvia atentamente com uma expressão de confusão no rosto. “Você sabe por que isso é importante?”

Talia balançou a cabeça, indicando que ela não sabia.

“Se o Alfa Edward suspeitar que a trouxemos secretamente, ele pode nos acusar de sequestro ou roubo.”

Os olhos de Talia se arregalaram. “Eu concordei em vir com vocês.”

“Você concordou, mas o Alfa Edward não é amigo do Alfa Damon e pode usar esse incidente para criar problemas.”

Talia não entendia. Se eles não são amigos, por que o Alfa Damon se casaria com a Marcy?

Ela se disse para não pensar em Damon e sua complexa vida conjugal. Ele tinha uma Luna chamada Cassie, estava prestes a se casar com Marcy, e ouviu dizer que havia diversas outras lobas ao redor dele. Talia não estava ciente de que a poligamia era permitida nos tempos atuais.

Mas, independentemente de quem esquenta sua cama, o Alfa Damon trouxe Talia para a Matilha dos Uivadores Sombrios, e ela aceitou sem considerar que isso poderia ter consequências para ele.

“Não quis causar problemas para o Alfa Damon nem para a matilha dele. O que devo fazer?”

“Não há nada que você precise fazer, Talia.” Maya colocou a mão sobre a de Talia e deu alguns toques suaves e tranquilizadores. “Confie no Alfa Damon. Ele sabia o que estava fazendo quando a convidou para vir. Há possibilidade de que nada de ruim aconteça, mas, por precaução, se alguém perguntar sobre seu passado, não mencione a Matilha da Lua Vermelha. OK? ”
Maya não tinha certeza se Damon tinha um plano quando colocou Talia dentro do porta-malas, e não parecia que Damon sabia o que fazer com Talia dois dias depois, mas Maya não podia falar que eles eram companheiros. Não era ela quem deveria contar.

Depois que Maya saiu, Talia se deitou na cama e olhou para o teto, pensando nas palavras de Maya e nas coisas que aconteceram nos últimos dias.

Havia uma mistura de sentimentos que Talia não conseguia identificar como nada além de incerteza, que vinha acompanhada de inquietação.

Ela não sabia que sua vinda aqui poderia causar problemas para o Alfa Damon ou sua matilha.

Ninguém se preocupava com ela na Matilha da Lua Vermelha. Levaria algum tempo para perceberem que os banheiros não estão sendo limpos, mas provavelmente perceberão em breve que as lixeiras não são esvaziadas magicamente todas as noites. Mas mesmo que percebam, ninguém saberá que é a Talia quem está faltando; eles acharão que alguns dos outros Ômegas estão preguiçosos porque Talia era praticamente invisível.

É possível que Anna sinta falta de alguém para intimidar, mas só isso. Eles a chamavam de escrava, barata, ratazana… ninguém chamou-a pelo nome desde que Olivia saiu, então provavelmente nem sabem o nome dela. E agora que seu cabelo está arrumado e ela está usando roupas decentes, até ela teria dificuldade em se reconhecer.

A Princesa Marcy sabia que Talia estava no sótão, mas ela tinha voltado para a matilha recentemente e talvez pense que Talia não está lá porque se escondeu nos quartos comuns com os Ômegas. Alguém como Marcy não se rebaixaria para procurar um Ômega qualquer. Pelo menos era isso que Talia esperava.

Mas havia a chance de os Ômegas não assumirem as tarefas de Talia, e Luna Layla e Alfa Edward descobrirem que a garota do sótão está desaparecida. Se isso acontecer, o que o Alfa Edward fará? Ele realmente causará problemas para o Alfa Damon? Nesse caso, o que Alfa Damon faria?

O Alfa Damon é excêntrico, e Talia não tinha certeza se ele era uma boa pessoa ou não, mas o fato de ele tê-la tirado da Matilha da Lua Vermelha, apesar dos riscos, confundiu Talia.

Independentemente de como ele seja, ela tinha certeza que se ele precisasse escolher entre a matilha e ela, ele a descartaria num piscar de olhos.

Por que ele arriscaria tudo por ela? Ela não é ninguém.

Ele é um Alfa e tem o direito de agir e se comportar da maneira que quiser. Sua posição permite que ele trate as pessoas com base em seu humor, e Talia achava isso angustiante.

Num momento ele estava dividindo a cama com ela, apertando-a contra o corpo dele, passando remédio em suas feridas, alimentando-a… e depois olhava para ela como se ela fosse suja, enquanto Cassie a acusava de roubo e ele não fazia absolutamente nada. Na verdade, ao ficar em silêncio, ele apoiava a provocação.

Isso confirmou a teoria de Talia de que o Alfa Damon estendeu a mão para ajudá-la, mas se ele precisasse escolher entre ela e alguém mais importante, ela ficaria para trás.

Quem sabe o Alfa Damon tenha um gêmeo idêntico. Um é gentil e desconfortavelmente apegado, enquanto o outro é distante e insensível. Isso explicaria perfeitamente as interações de Talia com Damon, mas ela sabia que não havia um segundo Damon. É apenas um e ele era extremamente instável.

Talia reafirmou sua resolução de sair assim que puder, e não sabia para onde ir, mas estava confiante de que ficar nesta casa da alcateia não era saudável.

Talvez ninguém a espanque, mas a esse ritmo, ela morrerá de estresse.

Talia não queria encontrar Cassie ou Damon, mas se esconder neste quarto não era prático.

Até que ninguém a expulse, eventualmente a fome a fará procurar comida e ela não quer que ninguém a acuse de roubo de novo.

Mais do que surras e insultos, Talia se sentia magoada pela injustiça. Ela não estava roubando. Só fez o que disseram que estava tudo bem e Stephanie disse que nenhuma área da casa da alcateia é proibida e que Talia pode ir à cozinha e comer a qualquer momento.

Os olhos de Talia estavam ardendo, mas ela se recusou a chorar.

Talia não é chorona.

Sua situação atual não parecia boa, mas Talia sabia que conseguiria encontrar uma solução desde que se acalmasse e pensasse racionalmente.

Ela aproveitará a estadia aqui até se recuperar, e até lá, terá um plano pronto.

As tarefas atuais dela: comer e dormir.

Ela já havia comido antes de tomar banho, então agora era hora de descansar, e o restante virá depois.

Talia abraçou um travesseiro e adormeceu.

…

Damon passou a maior parte do dia com seus guerreiros, treinando.

Depois do chamado da noite passada para encontrar Talia, Damon queria ter certeza de que não havia fofocas se espalhando, e sabia que sua presença asseguraria que tudo estava bem.

Enquanto lutava com seus melhores guerreiros, Damon aproveitou a oportunidade para refletir sobre os eventos da noite passada.

Ele não sabia se Talia só se perdeu ou realmente estava planejando ir embora, mas sabia que ela foi para a floresta sozinha, mesmo que ele tivesse dito para ela não ir.

Como ela ousa desafiá-lo!?

“Ugh…”, um gemido abafado lembrou Damon de que ele estava lutando com um guerreiro, e ele quase o sufocou.

Damon afrouxou a pegada. “Bom trabalho. Continue praticando. Próximo!”

Damon repassava o relatório em sua mente várias vezes. Ele estava ansioso ao ponto da loucura porque a busca demorou tanto. Seus guerreiros possuem habilidades incríveis não só em combate, mas também em rastreamento, ainda assim, nenhum deles conseguia detectar o cheiro de Talia.

A patrulha que a encontrou quase tropeçou nela. Se estivessem a alguns passos de distância, passariam direto por ela.

Damon concluiu que, se Talia não tivesse parado por vontade própria, ela poderia facilmente escapar de seu alcance.

Parte dele estava curioso em saber como isso era possível, e parte dele admirava as habilidades de Talia, mas principalmente, estava abalado e frustrado porque estava tão perto de perdê-la. Droga!

Como uma garota magra pode escapar de sua casa da alcateia e evitar tantas patrulhas como se não fosse nada!

“Ahh!”, um grito tirou Damon de seus pensamentos, e ele percebeu que deslocou o ombro de seu companheiro de treino.

Damon olhou para o lado. “Médico! Tire-o daqui. Próximo!”

Os guerreiros geralmente estão ansiosos para receber conselhos do seu Alfa, mas hoje eles hesitavam em subir no tatami com ele. Algo parecia estranho.

Desconhecendo os olhares cautelosos de seus guerreiros, Damon continuou lutando com sua próxima vítima… tossindo… com seu próximo companheiro, enquanto sua mente estava presa na garota de cabelo cor de cobre.

Damon não podia acreditar que estava ansioso pensando na segurança de Talia, no entanto, ele a encontrou dormindo na floresta como se tudo estivesse bem.

Ele estava confiante de que Talia estava mandando uma mensagem, de que ela não pode ser controlada nem manipulada. Ele não tem intenção de controlá-la, mas precisa que ela esteja perto, ao alcance dos olhos… de preferência ao alcance das mãos.

Damon estava furioso. Desde o momento em que viu Talia na floresta, ele queria ensinar-lhe uma lição de obediência. Ninguém desafia-o e sai ileso. Ninguém!

Mas ele não conseguia acordá-la. Ela estava dormindo tão tranquilamente em seus braços, e até esfregou a bochecha no peito dele. As faíscas o deixaram tonto e ele suspirou desamparado.

E então ele a colocou na cama, a cobriu e sentou-se ao lado de Talia, segurando a mão dela até tarde da manhã.

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