A Noiva do Alfa - Capítulo 44

44: Ausente 44: Ausente Na cozinha…

Damon soltou seu braço do aperto de Cassie e os olhos dela se arregalaram de surpresa.

Por que ele se afastou? Por que estava franzindo a testa? As coisas estavam indo bem, droga!

Ela se recompôs e chamou docemente, “Alfa Damon, você acha que eu estava fora de linha?”

“Cassie, você acusou uma adolescente de ser ladra. Você realmente acha que os membros da minha alcateia precisam vir aqui e roubar comida?”

Cassie pressionou os lábios em uma linha, sentindo-se injustiçada. “Mas ela estava no escuro, o que prova que estava aprontando. Como ela poderia ver alguma coisa com as luzes apagadas?”

Damon levou um momento para processar o que Cassie disse, e percebeu que Cassie estava certa: Talia estava no escuro.

A luz da cozinha estava apagada e a do corredor também. A visibilidade era quase nula.

Lobisomens têm sentidos aprimorados, proporcionais à força de seu lobo.

Cassie é uma lobisomem fraca e o impulso que seu lobo lhe proporciona é insignificante quando comparado a outros lobisomens.

Porém, Talia conseguia se mover livremente na cozinha completamente escura, com a qual não estava familiarizada. Isso não significa que o poder que seu lobo está dando a ela é significativo?

Uma revelação ainda maior seria que Talia tem um lobo, porque se seu lobo se foi, ela não teria nenhum impulso.

A cura de Talia é baixa, mas se sua visão for aguçada ao ponto de ver no escuro, então ela definitivamente tem um lobo.

Existe a possibilidade de que seu lobo seja fraco e é por isso que está melhorando apenas sua visão, enquanto outras coisas estão bloqueadas.

‘O que devo fazer?’, perguntou Damon ao seu lobo.

Se fosse enfrentar renegados ou determinar um orçamento para o próximo trimestre, ele saberia o que fazer, mas naquele momento, Damon estava perdido.

Seu lobo não respondeu, e Damon praguejou baixinho. O velho ainda estava ignorando-o porque ele permitiu que as coisas escalassem.

“Damon?”, Cassie chamou enquanto esfregava o antebraço dele.

Ele estava disperso por um minuto, e isso a deixou nervosa.

Damon puxou o braço para longe. “É Alfa Damon. Não se esqueça disso!”

Totalmente confusa, Cassie encarou Damon enquanto ele pegava um prato grande e colocava nele o pedaço de pão e a maçã que Talia deixou para trás. Ele olhou na geladeira e pegou algumas uvas e queijo e saiu da cozinha, sem prestar atenção em Cassie.

Damon subiu dois degraus de cada vez até o terceiro andar e parou em frente à porta do quarto de Talia.

A falta do cheiro dela disse-lhe que ela não estava lá, mas mesmo assim ele bateu antes de entrar no quarto.

Damon colocou o prato na mesa de centro e tentou contatar Maya através da ligação mental, mas ela não estava disponível.

‘Caden…’, Damon foi para a próxima pessoa. ‘Você está com a Maya?’
‘Não. Ela queria um doce e foi pegar algo na cozinha.’
Damon exalou frustrado. ‘Acabei de sair da cozinha. Você sabe onde ela está?’
A resposta veio alguns segundos depois, ‘Ela está no jardim.’
Damon disse a si mesmo para se acalmar. Após o incidente na cozinha, Talia provavelmente precisava de ar, e isso era bom, porque lhe daria tempo para descobrir o que dizer a Talia quando ela voltasse para o quarto.

Damon não conseguia deixar passar e permitir que Talia pensasse que ele não se importava.

Ele não pode dizer a Talia o quanto ela significa para ele, mas pode dizer a ela que Cassie não é ninguém.

Os minutos passavam lentamente e Damon alternava entre sentar no sofá e na cama, e, no meio tempo, ele andava de um lado para o outro no quarto.

Ele percebeu que mais de uma hora se passou.

Onde está Talia?

Seu coração doía e estava sufocando, e ele não conseguia ficar parado, então foi para o segundo andar e começou a bater a última porta à esquerda com o punho.

“Sua ligação mental está quebrada?”, perguntou Caden com uma carranca quando abriu a porta vestindo apenas um lençol amarrado na cintura.

Era óbvio que Damon interrompeu algo, mas Damon não se importava.

“Maya está aqui?”

“Sim. Ela está.”, respondeu Caden secamente.

“O que você quer, Alfa Damon?”, Maya resmungou enquanto enfatizava exageradamente as duas últimas palavras.

“Onde está Talia?”, Damon perguntou tentando entrar no quarto, mas Caden não se mexeu e sua carranca profunda disse a Damon para desistir dessa ideia.

Caden sabia sobre o incidente na cozinha. Maya contou a ele que Cassie estava fazendo seu teatrinho de Luna enquanto segurava Damon e acusava Talia de roubar comida.

Vendo que Damon estava à beira do pânico, Caden aproveitou o aperto de Damon.

Se Damon agiu como um idiota, ele deveria pagar por isso.

Não importa as circunstâncias, Caden não conseguia imaginar a situação em que Maya estivesse em apuros e ele apenas observasse.

Como Alfa, os instintos animalescos de Damon (incluindo o laço do companheiro) deveriam ser muito mais fortes do que os de Caden, e Caden não fazia ideia de como Damon conseguiu passar por isso e permitir que Cassie menosprezasse Talia.

Caden estreitou os olhos para Damon. “Você veio a essa hora, batendo na porta. Primeiro, você pergunta sobre a Maya e depois sobre a Talia. Você acha que Talia se juntou a nós para um ménage?” Caden parou e olhou para si mesmo, obviamente enfatizando seu corpo nu. “Ou você começou a verificar cada membro da alcateia no meio da noite?”

Maya estava frustrada com a forma como Damon permitiu que Cassie intimidasse Talia e ela não queria facilitar a vida dele, mas ela tinha a forte sensação de que ele não desistiria até obter suas respostas.

“Talia disse que precisa de ar, então a deixei no jardim. Talvez ela ainda esteja lá… ”
Damon não ouviu mais nada, pois saiu correndo.

“Por que você contou a ele?”, Caden murmurou para Maya enquanto fechava a porta atrás dele.

“Porque ele precisa de sua companheira assim como eu preciso do meu.”, respondeu Maya em um tom cantado e mordeu o lábio inferior sedutoramente.

Caden não teve objeções. O lençol que estava ao redor dele caiu no chão ao mesmo tempo em que pulou na cama e saltou em cima de Maya.

…

Damon cheirava freneticamente o ar no jardim. Não havia nenhum vestígio de frésia.

Ele esfregou o rosto com força.

Essa situação o lembrava da noite em que perdeu Talia pela primeira vez. Eles estavam na cozinha da Matilha da Lua Vermelha, e ele estava sendo um idiota… e ela partiu… e ele não conseguiu rastreá-la. Da próxima vez que a viu, ela tinha ferimentos adicionais em seu corpo.

Damon disse a si mesmo para não entrar em pânico.

Talvez Talia tenha ido para o quarto enquanto ele estava conversando com Caden e Maya.

Damon correu de volta para o terceiro andar e seu estômago afundou quando percebeu que Talia não estava lá.

Ele voltou para a cozinha, apenas para encontrá-la vazia. Ele checou a sala de estar, a sala de jantar e a entrada, e passou por todos os corredores, e até no porão, com a esperança de pegar o cheiro de Talia. Nada.

Eventualmente, ele voltou para o quarto dela.

Um turbilhão de emoções negativas atingiu Damon. Raiva. Desânimo. Culpa. Preocupação. Medo. Eles se revezavam tão rapidamente e se ampliavam uns aos outros que ele não conseguia respirar.

E foi pego de surpresa quando uma onda de solidão tomou conta de seus sentidos.

Teria ela ido embora? Ele a perdeu?

Se ela tivesse ficado no jardim, tudo ficaria bem! Ele não disse a ela para não ir além do jardim!?

E se alguém a sequestrasse?

E se ela se afastasse e alguém a confundisse com um renegada?

Ela já estava machucada, e se machucasse ainda mais?

Ele estava com raiva de Cassie por atormentá-la.

Ele estava com raiva de si mesmo por permitir que isso acontecesse.

Ele estava com raiva de Talia por ir embora.

Mas ela não poderia partir. Ainda não. Seu território é enorme, então, mesmo que ela estivesse correndo, ainda estava dentro das fronteiras.

‘Quero patrulhas extras ao redor da fronteira!’, Damon gritou na ligação mental dos guerreiros. ‘Procure uma loba adolescente, vestindo uma camiseta azul e calça preta. Ela está em sua forma humana. A garota não é inimiga; no entanto, ela pode estar assustada. Quando a encontrarem, não se envolvam e me avisem imediatamente!’
Damon podia sentir a agitação de seus guerreiros se preparando para agir. Eles fizeram isso várias vezes, sempre que tinham ataques de renegados.

Com isso, ele teve olhos e patas extras procurando por Talia e disse-lhes que ela não é inimiga, então eles não atacarão.

Damon queria ir atrás de Talia, mas não sabia para que lado ela foi. E se ele tomasse a direção errada? E se ela voltasse e ele não estivesse aqui?

Damon sentou-se na cama e pegou o travesseiro em que Talia dormia. Ele enterrou o rosto nele e respirou fundo, inalando o doce aroma cítrico de frésia ainda presente.

O cheiro o acalmou um pouco, mas também o lembrou da garota que sumiu. E essa não era qualquer garota. Essa era sua companheira.

Damon não podia acreditar que isso estava acontecendo.

Ele não queria uma companheira.

Ele não queria conhecê-la ou reconhecê-la.

Ele esperava que todos esses sentimentos estrangeiros desaparecessem, e ele cogitou deixar Talia na Matilha da Lua Vermelha e esquecê-la.

Damon deu o passo e a trouxe consigo, arriscando a exposição e colocando sua alcateia em perigo, porque não podia deixá-la para trás. Não daquele jeito.

Ele decidiu mantê-la perto e segura, alimentá-la e comprar roupas para ela e dar-lhe tudo o que ela quisesse, mas estragou tudo e agora ela estava desaparecida, e ele estava à beira de perder a cabeça.

Ela estava em algum lugar lá fora, no frio, com fome, machucada, assustada… e era culpa dele.

“Droga!”, Damon amaldiçoou alto.

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