A Noiva Contratada do Alfa Noturno - Capítulo 356
- Home
- A Noiva Contratada do Alfa Noturno
- Capítulo 356 - Capítulo 356: Capitão Babá de Todo o Acampamento de Guerra
Capítulo 356: Capitão Babá de Todo o Acampamento de Guerra
As notícias obviamente se espalharam rápido, porque quando a primeira luz tocou nas paredes do castelo, o pátio já estava um borrão de novas chegadas.
Caminhões e ônibus roncavam pelos portões, descarregando soldados, caixas de armas e equipamentos médicos adicionais, junto com bens não perecíveis dos quais eles poderiam ter que recorrer caso não conseguissem suprimentos.
Homens e mulheres saíam dos acampamentos e dos caminhões com rostos cansados e costas endurecidas, para o ar aberto agora preenchido com o som de gritos, o bater de botas e o ranger de metal contra pedra.
Ana não havia dormido. Não havia chance disso, não com vozes ecoando pelos corredores a noite toda. Exigências a encontravam onde quer que fosse, com nobres pressionando por garantias de que suas famílias estariam seguras, oficiais implorando por mais equipamentos e a equipe avisando que as rações não durariam se continuassem aceitando refugiados. Cada problema que surgia deslizava pela sua mesa quando Adam não estava lá. Se Lexi e Allen e Greyson estivessem aqui…
Ela balançou a cabeça com força, recusando-se a pensar sobre como as coisas estariam agora com eles aqui. Ela tinha que garantir que, quando eles voltassem, tudo estivesse em ordem.
Ela encurralou os nobres na sala do conselho antes do amanhecer, arrancando assinaturas deles com respostas cortantes.
“Vocês têm três armazéns cheios enquanto metade do acampamento está vivendo de restos. Abram-nos.”
Um homem ajustou seu abotoador como se o gesto pudesse lhe comprar tempo. “Essas remessas são destinadas para o meu distrito. Se as entregarmos…”
“Vão apodrecer antes de você movimentá-las. Os soldados já estão ficando sem. Destranque as portas, ou eu farei isso.”
Outro nobre inclinou-se para frente, voz ríspida.
“Nosso povo vai se revoltar se pensar que você está tirando deles para dar a estranhos.”
“Eles vão se revoltar mais rápido se a fronteira colapsar e aquelas coisas retorcidas entrarem em suas casas. Escolha qual motim você quer.”
A sala ficou silenciosa. Eles assinaram, rígidos e pálidos, passando os papéis pela mesa com mãos que tremiam o suficiente para traí-los. Ela os deixou resmungando atrás dela, com vozes azedas, mas contidas.
Ao meio da manhã, ela foi puxada para os campos de treinamento. Os gritos eram mais altos aqui, mais duros, cheios de raiva e de frequentes xingamentos.
Um grupo de lobos refugiados, magros, marcados por cicatrizes, com olhos vazios, estava frente a frente contra soldados da Lua Negra. Lycans pairavam à beira, observando, e ela podia sentir a tensão no ar assim que se aproximou.
Um refugiado empurrou um soldado no peito com força suficiente para fazê-lo recuar um passo.
“Você acha que é melhor do que nós? Vocês tinham malditas paredes. Sangramos lá fora enquanto vocês estavam seguros e não fizeram nada para nos ajudar.”
O queixo do soldado se apertou, mas ele não revidou.
Outro refugiado avançou, mas um Lycan o segurou pelo ombro e o empurrou para trás. Não foi uma agressão física, apenas contenção.
A recusa em lutar apenas os enfureceu ainda mais. Os gritos se duplicaram, e injúrias voaram livremente, afiadas e feias.
A voz de Ana cortou aquilo.
“Já chega.”
O barulho diminuiu e dezenas de olhos se voltaram para ela enquanto caminhava pelo chão de terra.
“Vocês querem lutar? Tudo bem. Mas se derramarem sangue aqui, não será o deles que vocês estarão respondendo. Será o meu. Guardem isso para os desgraçados que os colocaram aqui. Não uns contra os outros.”
Os soldados se afastaram. Os Lycans abaixaram os braços. Os refugiados encararam, mas se contiveram.
“Muito bem,” murmurou Maeve. “Babá chefe de um acampamento inteiro de guerra.”
Ana ignorou-a e permaneceu firme até o último dos refugiados se afastar.
Não durou muito.
À tarde, outro tumulto. Dois garotos brigando perto dos barracões, punhos voando de forma desajeitada e selvagem.
Uma mulher cuspindo em um Licano e desafiando-o a responder.
Uma fila de refugiados recusando-se a esperar por rações, gritando sobre terem sido empurrados para o final novamente. Cada vez, alguém arrastava Ana para dentro, e cada vez, sua palavra era a única coisa que terminava com isso.
“Dê comida a eles agora”, ela disse aos funcionários das cozinhas. “Se os nobres perguntarem, digam que eu anulei. Eles já me odeiam, então nada muda.”
Quando ela passou pelo pátio, os guerreiros da Lua Negra inclinavam levemente suas cabeças em reconhecimento. Os refugiados encaravam, seus rostos torcidos com suspeita, mas não lançavam outro soco enquanto ela estava à vista.
Aquela noite, Adam voltou da fronteira, rosto marcado pelo cansaço. Reforços o seguiram pelos portões, outro comboio de caminhões e homens. Ele não parou para dormir, não parou para comer, apenas desapareceu em uma sala de guerra lotada de mapas e oficiais.
“Você quer que eu continue jogando de árbitra?” Ana perguntou quando o encontrou no corredor.
“Até lembrarem quem os lidera,” ele disse.
“Eles sabem exatamente quem os lidera. Eles só não gostam disso.”
Na manhã seguinte, o pior confronto aconteceu. Refugiados bloquearam um campo de treinamento, gritando com os Lycans que esperavam para usá-lo. Os Lycans ficaram imóveis, braços cruzados, silenciosos. Sua contenção só alimentou a raiva.
Ana forçou seu caminho para o meio antes que explodisse. Sua garganta doía de tanto gritar o dia todo, mas ela elevou o tom.
“Isso não é o seu palco pessoal. Campos de treinamento são para soldados, não para rancores. Saiam ou se levantem. Se vocês vão começar brigas aqui fora das simulações, então vão responder a mim.”
O impasse se prolongou um pouco mais com cada lado lançando olhares, mas nada mais.
Um refugiado cuspiu na terra e virou-se primeiro. Os outros seguiram, murmurando sob os lábios. Os Lycans avançaram para o campo, calmos, indecifráveis.
Ana ficou na borda do pátio até que os exercícios começassem novamente. Espadas se chocavam, corpos colidiam, o ritmo duro e constante. Cada golpe carregava um pouco de peso demais, mas pelo menos os golpes eram direcionados aos bonecos de prática em vez de uns aos outros.
Quando ela saiu, os sussurros já haviam começado. Ela é a razão de ninguém estar se matando. Ela é quem está mantendo tudo junto.
Aquela noite, ela ouviu os mesmos sussurros dentro dos corredores do palácio. Servos os repetiam enquanto fingiam não olhar para ela. Guardas em seus postos se endireitavam quando ela passava, e Ana percebeu, não pela primeira vez, que cada passo que dava estava sendo vigiado, não apenas pelo que fazia, mas se cumpria sua palavra.
“E está aí,” Maeve zombou. “Você já está comandando o espetáculo com determinação, improvisação e pura sorte maldita.”
Ana bufou enquanto se apoiava com as duas mãos no corrimão que dava vista para o terreno.
“Pelo menos está mantendo-se firme,” ela suspirou enquanto esfregava seu ventre e olhava para o caos abaixo enquanto os exercícios se prolongavam noite adentro.
“Honestamente, se não conseguirmos, então tenho certeza de que ninguém mais pode,” Maeve bocejou sonolenta, “estou te dizendo, se nossos filhotes se comportarem assim, vou deixar nossa maravilhosa companheira levá-los para a floresta para gastar a energia.”
Ana riu enquanto inclinava a cabeça para trás e desfrutava de um breve momento de alívio das exigências constantes.
Ela ficou ali tempo suficiente para suas costas doerem e suas pernas ficarem dormentes, e tempo suficiente para que cada lutador abaixo soubesse que ela ainda estava de olho.