A Mascote do Tirano - Capítulo 869

Capítulo 869: Dias antes da noite sagrada

Dias depois…

“O que você disse?” Dexter quase cuspiu o chá quando Aries falou. Seus olhos tremeram de surpresa, encarando a expressão estoica de Aries do outro lado. “Você… o quê?”

“Eu posso morrer,” Aries repetiu, impassível diante do pensamento da morte. “Estou te contando isso não para te preocupar. Como eu disse, recebi um convite oficial do Corvo. Se eu não for, quem sabe o que eles fariam com as pessoas nesta terra?”

“Desde quando você se importa com as pessoas nesta terra amaldiçoada?” Dexter colocou a xícara de chá na mesa em total descrença pela falta de reação e emoção dela. “Aries, você realmente acredita que eles vão prejudicar as pessoas nesta terra? Não. Você acredita que poderiam prejudicar o Grimsbanne? Se pudessem tocar o Grimsbanne, já teriam feito isso há muito tempo. No entanto, eles não fizeram. O Grimsbanne não foram chamados de intocáveis à toa — você mencionou isso ao seu marido?”

“Estou ciente, irmão.” Aries recostou-se confortavelmente, apoiando o queixo contra os nós dos dedos. “Não nasci ontem para ser abalada por uma ameaça tão insignificante.”

“Então por quê?” ele ofegou em descrença, abrindo as mãos. “Por que você se voluntariaria para um concílio que sabe que pode te machucar? Pior, perder sua vida? Você viu o concílio no império, irmã. Foi difícil assistir, quanto mais ser parte dele.”

“Eu sou a soberana atual do Continente.” Sua voz ainda era suave e indiferente, mas a firmeza nela era clara. “Quer você aprove ou não, eu tenho uma obrigação a cumprir.”

“Você é a Rainha porque não teve escolha.”

“O mesmo vale para este assunto.” Sua resposta foi rápida, não dando a ele um segundo para respirar. “Como eu disse, estou te contando isto não para me impedir, nem estou pedindo sua ajuda ou apoio. Estou dizendo isso porque você é meu irmão e acho que você merece saber o que sua irmã está fazendo.”

A boca de Dexter se abriu para rebater, mas sua voz ficou presa na garganta. Tudo que ele pôde fazer por um momento foi olhar para ela com total descrença, balançando levemente a cabeça.

Dexter soltou um suspiro agudo antes de apertar a ponte do nariz. “Por favor, me diga que você tem um plano.”

“Eu sempre tenho um plano.”

“Você vai me deixar saber?” ele espiou com um dos olhos, afastando a mão do nariz. “Não me entenda mal. Estou perguntando isso não para te impedir de fazer o que quer que esteja pensando, mas para garantir que você não vai morrer.”

Aries avaliou seu irmão, sorrindo apesar de vê-lo ranger os dentes com os olhos brilhando ameaçadoramente.

“Não me dê esse olhar, Aries.” Dexter ergueu um dedo, dando-lhe um olhar de advertência. “Não sorria assim.”

“Por quê?”

“Porque sempre que você faz isso, está prestes a fazer algo que me deixará com raiva.”

“Pfft —” Aries cobriu os lábios com as costas do punho enquanto Dexter bufava.

“Irmã, vamos lá.” Sua voz suavizou, quase soando desamparada. “Estou no meu limite. Você e eu estamos completamente exaustos; não me lembro de descansar nos últimos dois anos. Tudo o que eu quero é recuperar a vida que tínhamos.”

Sua expressão azedou enquanto abaixava os olhos, lembrando da vida que tinham antes de Máximo entrar em cena.

“Para ser sincero, sempre que penso na vida naquela época, me sinto ingrato. Naquele tempo, eu sempre reclamava de ter que lidar com os caprichos do imperador e as constantes calúnias de Conan. Mas agora, pensando bem, tenho que admitir que era bastante pacífico.” Dexter levantou lentamente os olhos, mostrando a ela um sorriso amargo. “O imperador podia ser imprevisível e propositalmente irritar meus nervos, mas pelo menos, eu podia simplesmente ignorar suas besteiras. Era o mesmo com as falas regulares de Conan. Eu podia dormir em paz à noite e acordar sem me perguntar que tipo de batalha minha irmã estava prestes a enfrentar.”

“Se ao menos eu pudesse voltar no tempo, eu o faria. Mas eu não posso,” ele continuou em um sussurro. “A única coisa que posso fazer é terminar com isso e tentar restaurar o que tínhamos. Se tudo der certo, prometo valorizar todos os dias monótonos que teremos.”

A expressão de Aries suavizou quanto mais ela ouvia Dexter. Ela podia se relacionar. Não que ela reclamasse constantemente, mas havia dias em que buscava diversão e aventura nos dias mais tediosos.

Como ela se arrependia de não valorizar aqueles dias pacíficos; acordar ao lado de seu marido e fazer amor com ele até ser hora de cumprir suas funções como imperador e imperatriz do império. Aqueles momentos em que tomava chá com as pessoas queridas ao seu coração, ouvia as falas de Conan e passeava disfarçada com Abel pelas ruas da capital.

“Obrigada.” Aries rompeu seu longo silêncio com um sorriso. “Não vou negar que a primeira noite de lua cheia me assusta. Foi a primeira razão pela qual eu te convoquei hoje. Meu irmão é o melhor; você sempre me faz sentir melhor.”

“Aries, você sabe que não é isso que eu estou buscando.”

“Eu sei, mas me traz um grande alívio.” Ela pressionou os lábios, formando uma linha fina com seus lados se inclinando para cima. “Obrigada.”

Dexter estava prestes a falar quando parou franzindo a testa. “Você disse que essa era a primeira razão,” ele apontou enquanto suas sobrancelhas subiam. “Se essa é a primeira, qual é a segunda?”

“Você também é rápido.” Aries sorriu. “A segunda razão é que tenho um pedido.”

“Qualquer coisa,” respondeu Dexter sem pensar duas vezes. “O que você precisa que eu faça?”

“Irmão, eu não te coloquei no gabinete sem motivo.”

“Eu sei.”

“Então presumi que você adquiriu todo o conhecimento necessário na biblioteca real.” Aries piscou com ternura. “Preciso que faça algo por mim. Eu preciso que você…”

Dexter ouviu atentamente o pedido de Aries. Suas sobrancelhas franzidas lentamente se desinflaram, substituídas por uma leve surpresa.

“Você quer dizer…”

“Lidar com Miguel Rothschild,” ela afirmou. “Eu vou precisar dele quando chegar a hora certa. Posso confiar em você para isso?”