A Mascote do Tirano - Capítulo 855
Capítulo 855: Queda Livre
“Gratidão. Se houvesse uma pessoa em quem eu pudesse confiar nesta terra, seria a pessoa que me salvou antes que eu pudesse me equipar com o equipamento adequado para lutar contra Giselle. Essa pessoa era você.”
Linhas profundas surgiram lentamente entre as sobrancelhas de Aries, olhando para a mulher parada a vários metros à sua frente. A confusão era evidente em seu rosto, mas a pessoa que a olhava de volta com aquele belo par de orbes azul meia-noite parecia carregar a verdade de muitas galáxias.
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Dois anos atrás…
“E então? O que você acha?”
Aries piscou os olhos suavemente, olhando de volta para o dono da voz. Assim que o fez, tudo o que viu foi Maximus IV avançando em sua direção com os braços abertos.
“Como você acha o continente, minha rainha?” ele perguntou, ao lado de Aries e juntando-se a ela na varanda de seu palácio. “Foi melhor do que o Império Haimirich? ou foi pior?”
“Você sabe a minha resposta.” Sua voz era calma e silenciosa, fixando seus olhos no belo jardim vasto. “O Palácio da Rainha me lembra do Palácio Rose. A única diferença é que não posso ver o palácio do rei daqui.”
“Haha! Isso é algo ruim, minha rainha?”
“Dizem que a ausência faz o coração ficar mais afeiçoado.” Aries lançou-lhe um olhar de esguelha rápido. “Não é tão ruim.”
Maximus riu. A essa altura, ele estava lentamente se acostumando com sua frieza e brincadeiras. Ele não podia dizer completamente que apreciava ou gostava, mas havia momentos em que diverti-la era divertido.
“O Palácio da Rainha é projetado desta forma, para que ela só veja coisas boas e agradáveis,” ele explicou, gesticulando com a mão pelo vasto jardim cheio de diferentes flores que só crescem no palácio real. “Afinal, o único trabalho da rainha é produzir filhos.”
Maximus fez uma pausa deliberada, encarando Aries. “Tantos filhos quanto ela pudesse,” ele enfatizou, fazendo-a olhar de volta para ele.
“Isso não se aplica a mim, certo?” foi sua primeira pergunta, arqueando a sobrancelha.
O canto de seus lábios se curvou em um sorriso, inclinando a cabeça para o lado enquanto se virava para encará-la diretamente.
“De repente, tive uma ideia,” ele refletiu. “E se eu te der um filho? Me pergunto qual seria a reação dele?”
“Nem pense nisso?”
“Por que?” suas sobrancelhas se ergueram. “Você uma vez esteve grávida do homem que matou toda a sua família. Você não odiou a criança, mesmo que desprezasse Joaquim Imperial com cada parte do seu corpo.”
A expressão de Aries ficou gelada enquanto ela o encarava lentamente. Ela ergueu o queixo enquanto suas pálpebras caíam, mas isso não podia ocultar a malícia em seus olhos.
“Tente,” ela provocou. “Por que você não tenta essa ideia sua, Maximus? Vou fazê-lo entender por que eu te avisei para nem pensar nisso.”
Maximus e Aries se encararam em silêncio por um momento. Nenhum deles recuou, mesmo que não houvesse troca verbal por minutos.
“Haha! Você não consegue aceitar uma piada.” Depois de algum tempo, Maximus levantou as mãos em um gesto de rendição. “Eu posso não ser a melhor pessoa que você já conheceu, mas não sou tão baixo assim.”
Aries não reagiu fortemente enquanto desviava o olhar dele. “É bom que eu não esteja errada sobre você.”
“O que você esperava de mim?”
“O pior.”
“Pior… é Abel,” ele comentou com humor. “Eu sou mau. Comparado a ele, eu seria um anjo com asas.”
“Você deveria voltar para o céu então.”
“Por mais que eu queira, não posso, porque esse não será mais o meu destino. É como um caminho de mão única, minha rainha. Uma vez que você cai, o único caminho que você pode seguir é para baixo.” Maximus desviou o olhar dela, fixando-os na vegetação ao redor do palácio da rainha. “Ainda estou caindo livremente, e tudo o que posso esperar é que, uma vez que eu pouse, o dano seja devastador.”
“Então você está levando todos com você no caminho, hein?” Aries soltou uma risada seca. “Acho que é verdade que a miséria adora companhia.”
“Com certeza, adora.” Maximus balançou a cabeça, zombando, lançando-lhe um olhar. “É por isso que você estava com ele, não é verdade?”
“Talvez.” Aries deu de ombros de forma indiferente. “Talvez não. Quem sabe?”
“Hehe.” Maximus IV riu antes de se inclinar, descansando os braços nos parapeitos da varanda. Enquanto o vento suave soprava em seu rosto charmoso, o canto de seus lábios se curvou em um sorriso. “O tempo hoje está ótimo.”
Suas pestanas tremularam enquanto ela olhava para suas costas. Sua expressão ainda era fria, mas sua disposição estava mais calma.
“O que você está fazendo aqui, Sua Majestade?” ela perguntou sem rodeios. “Você não veio aqui apenas para passar um tempo de qualidade comigo, veio? Eu ficaria muito decepcionada se esse fosse o caso.”
“Você parte meu coração, minha rainha.” Maximus IV riu, olhando de volta para ela com malícia nos olhos. “Agora, me faz pensar que devo apenas vir vê-la quando for necessário. Não posso vê-la só porque sinto sua falta?”
“Você vai mesmo continuar com esse disparate?”
“Bem, sim, é claro. Você é minha rainha, e mesmo que não tenhamos passado por uma cerimônia de casamento propriamente dita, você ainda é minha rainha.” Ele deu de ombros de forma indiferente. “Quer gostemos ou não, nosso relacionamento tem impacto sobre meu povo e esta terra. Devemos manter um bom relacionamento.”
Já com a sobrancelha arqueada, ela ergueu ainda mais. “Você está sugerindo?”
“Devemos agendar um tempo um para o outro. Nada de extravagante. Apenas uma refeição ou um passeio no jardim de vez em quando.” Pelo tom de sua voz, ele estava tão desinteressado quanto ela. “Todas as rainhas anteriores tinham apenas um trabalho, e era dar ao rei tantos filhos quanto ela pudesse. Mas não na minha era.”
Ele olhou de volta para ela, sorrindo. “Você e eu… seremos diferentes de todos os soberanos anteriores desta terra. Embora você ainda precise morrer por mim. Mas até sua morte prematura, vamos nos dar bem, Aries.”