A Mascote do Tirano - Capítulo 846
Capítulo 846: Este mundo mudará
“Vamos visitar a fortaleza?”
A voz de Aries perfurou o ar silencioso dentro da carruagem, fazendo com que Suzanne, sua dama de companhia, erguesse as sobrancelhas.
“Sua Majestade?” Suzanne estava confusa. “Você quer ir à fortaleza?”
“Posso perder a cabeça se me mantiver dentro das paredes do palácio hoje.” Aries afastou a cortina da janela, fitando a rua sombria da capital. “A fortaleza é quase o lugar mais distante do palácio e o mais próximo do mundo exterior.”
Suzanne queria discutir ou lembrar Aries de que havia muitos deveres reais que ela devia cumprir. Aries era a rainha, afinal. Ela não podia simplesmente deixar seu posto quando bem quisesse. O motivo pelo qual Aries não hesitou em colocar a visita à igreja em sua agenda sob o pretexto de orar por seu falecido marido.
Apesar do grandioso título e de tudo o que vinha junto com ele, Aries não era nada além de uma prisioneira. Um pássaro em um aviário; era a rainha.
“Como desejar, Sua Majestade.” Suzanne não argumentou, fazendo uma reverência enquanto abria a janela ao seu lado para transmitir a ordem a Gustav.
Gustav, que estava montando um cavalo, olhou para a janela para vislumbrar Aries. Vendo o perfil inalterado da rainha, ele voltou sua atenção para Suzanne. Os dois trocaram olhares antes que Gustav assentisse em compreensão. Ele não disse nada a ela, levantando a voz para o restante do séquito, dando as ordens para a mudança de destino.
Com isso dito, Suzanne suspirou mais uma vez. Ela fechou a janela, olhando de volta para Aries.
“Se abrir a janela tão ampla, será perigoso, minha rainha,” lembrou Suzanne à sua rainha, mesmo que no fundo da mente soubesse que Aries não precisava de tal lembrete. “Mesmo que não tenhamos usado a carruagem real, ainda é perigoso.”
“Todos os olhos estavam em mim, Suzanne. Mesmo que eu não usasse a carruagem real, eles saberiam que estou dentro desta carruagem,” Aries respondeu, fechando ligeiramente a cortina. “No entanto, eles não querem que eu morra agora. Você sabe por quê?”
“Porque eles ainda não descobriram qual era o plano do Grimsbanne?”
“Exatamente.” Aries retirou a mão da cortina, já satisfeita com a pequena brecha entre a cortina e a janela onde podia ter um vislumbre do exterior. “A única pessoa mantendo o Grimsbanne… particularmente, Abel, à distância, sou eu. Eu sou o refém deles e me ferir neste momento não seria benéfico para eles.”
Os lábios de Suzanne se abriram, mas então ela os fechou novamente. Ela respirou fundo, tateando, juntando coragem para fazer uma pergunta sobre a qual estava curiosa.
“Sua Majestade, se não se importar, posso lhe fazer uma pergunta?” perguntou Suzanne, apenas para ouvir a resposta indiferente de Aries.
“Você sabe como eu odeio quando você tem preocupações e não pergunta de imediato. Não me importarei, já que decido responder ou não.”
“Então, por que está impedindo Sua Majestade de agir?” Suzanne mordeu o lábio inferior, observando a reação de Aries. Quando esta não reagiu, ela clareou a garganta e continuou. “Sei que deixar Sua Majestade assumir as rédeas não significaria nada além de caos. No entanto, é a maneira mais rápida de resolver essa questão. Sua Majestade era forte — o Clã Grimsbanne era poderoso o suficiente para triunfar nesta batalha.”
Aries não falou imediatamente, mantendo o olhar do lado de fora através daquela pequena brecha. “Suzanne, há quanto tempo você está viva?”
“Perdão?” Suzanne franziu a testa, mas ainda assim respondeu. “Mais de três décadas, Sua Majestade.”
“Você sabe quantos anos Abel tinha?”
“Não o número exato, mas ouvi dizer pelo menos alguns milênios.”
“Você sabe quantos anos Máximo tinha?”
“Por volta da mesma idade de Sua Majestade — talvez alguns séculos mais jovem.”
“Com esses números na mesa, você pode estimar há quanto tempo nossos inimigos existem.” Aries lentamente voltou os olhos para Suzanne. “O que estou tentando dizer é que você tem que se colocar no lugar do inimigo.”
“É verdade que enfrentá-los de frente pode ou não facilitar as coisas para nós. No entanto, você tem que ter em mente que essas pessoas que espreitam nas sombras de todos são pessoas que vêm tramando a queda do Clã Grimsbanne,” ela continuou em uma voz lenta, mas clara. “Ter um inimigo agressivo é mais fácil do que enfrentar um paciente. Antes que você perceba, já estará caindo voluntariamente na armadilha deles.”
“Considerando a natureza do Grimsbanne, tenho certeza de que nossos inimigos já pensaram nisso. Força bruta não é o único critério para vencer a guerra, Suzanne,” ela acrescentou, destacando sua última frase. “É por isso que há uma acumulação de tensão antes que a guerra ecloda.”
Aries fez uma pausa momentânea, desviando o olhar de sua dama de companhia. “Quando as palavras são inúteis, as pessoas falarão com suas armas. Quem quer que seja o vencedor significa que estava certo. Nossa situação aqui é quase a mesma.”
“A única diferença é que as conversas de paz já não são nossa opção. Só podemos adiá-las para nos preparar e nos equipar para um ataque eficaz e uma defesa sólida,” Aries comentou. Seu tom era suave e calmo, mas a firmeza neles era clara como o dia.
“Mas Sua Majestade, ganhar tempo para se preparar também significa que seu inimigo terá mais tempo para garantir seus planos.”
“Verdade. Mesmo assim, devemos ter um plano concreto em vez de apenas contar com nossa força.” Aries lentamente olhou de volta para Suzanne, fixando o olhar desta última diretamente. “Não acha?”
Suzanne pressionou os lábios em uma linha fina, incapaz de desviar o olhar do olhar da rainha. Mesmo que os olhos de Aries fossem ligeiramente afiados, mas suaves, Suzanne sentiu-se um pouco intimidada, como se não estivesse acostumada com Aries até agora.
“Isso é correto, Sua Majestade,” Suzanne concordou com um aceno de cabeça. “Eles já esperaram tanto tempo antes de agir. Isso só significava que não tinham mais nada a acrescentar a seus planos.”
“Errado.” Aries balançou a cabeça, soltando uma risada fraca e silenciosa. “Forçá-los a dar um passo atrás é suficiente para abalá-los. Isso significa apenas que seus planos podem não correr tão suavemente quanto pensavam, assim, eles também estão sendo cautelosos. Isso os fez questionar os planos que elaboraram por séculos.”
“Eu planejo abalá-los repetidamente até que meu marido e sogros estejam prontos. Estou lhe dizendo, Suzanne, uma vez que isso aconteça, será o fim de uma era e um novo começo.” Um brilho brilhou nos olhos de Aries enquanto suas pálpebras se fechavam. “Este mundo… vai mudar.”