Capítulo 744: Cadeias
Aries piscou os olhos delicadamente. Seu olhar caiu sobre a mão que Fabian segurava enquanto a conduzia para a ala mais distante dos aposentos da rainha. Ela ergueu os olhos para observar suas costas.
“Eles terminaram.” Seu sorriso desapareceu, fazendo-o parar no meio do caminho. “Você pode me soltar agora.”
Fabian soltou sua mão e se virou para encará-la. Seus lábios ainda estavam curvados em um sorriso que alcançava os olhos semicerrados.
“Por que está me trazendo aqui?” ela perguntou, cruzando os braços sob o peito. “Não gosto dessa expressão no seu rosto, Fabian.”
“Eu sempre tenho essa expressão.”
Aries deu de ombros, deixando claro que ela definitivamente não aprovava aquele sorriso perverso estampado em seu rosto. Embora ele estivesse sempre sorrindo com os olhos, ela podia perceber que o sorriso desta vez tinha outro significado.
“Você não vai saber se não me seguir.” Fabian inclinou a cabeça para o lado. A doçura que haviam demonstrado momentos atrás não estava mais presente, como se fosse apenas uma ilusão da imaginação.
“Acho que já sei, Fabian.” Sua expressão ficou ainda mais fria. “Onde ela está?”
O sorriso dele se esticou, apontando com a cabeça para o corredor à frente. Um suspiro profundo escapou por suas narinas, balançando a cabeça, antes de dar um passo à frente. Desta vez, Aries passou por Fabian, o que o fez sorrir enquanto espiava por sobre o ombro.
Aries caminhou pelo corredor que levava à ala mais oeste do palácio da rainha. Este havia sido seu lar nos últimos dois anos. Portanto, ela conhecia todos os cantos do lugar onde vinha vivendo. Havia apenas um quarto em particular que lhe ocorreu onde Fabian poderia estar levando-a.
Logo, Aries parou em frente a uma grande parede de cerca de três metros de largura entre duas portas. Ela olhou para a direita, apenas para ver Fabian parado a alguns passos de distância. Ela não disse nada ao encarar a parede mais uma vez, colocando a palma da mão sobre ela.
Uma barreira invisível lentamente cercou sua proximidade enquanto a parede revelava lentamente uma porta de metal espessa. Quando a porta ficou totalmente visível, Aries tirou a mão dela e alcançou a fechadura, mal roçando nela, mas que automaticamente se abriu para ela.
Aries não hesitou e empurrou a porta, fazendo-a ranger pesadamente. Mas o som não penetrou a barreira ao redor da área.
“Hah…” Assim que a porta se abriu completamente, seus olhos recaíram sobre a pessoa dentro daquela prisão semelhante a uma masmorra.
Lá, logo após a porta, havia uma grande jaula onde uma pessoa estava presa e acorrentada. Esta levantou a cabeça e riu assim que seus olhos encontraram os de Aries.
“Ram, você está aqui?” Marsella chamou com alívio, observando Aries atravessar o limiar e parar a poucos metros da jaula. Seus olhos desviaram para a outra pessoa atrás de Aries, mas ela não prestou atenção em Fabian, pois fixou o olhar de volta na rainha.
“Ram, sou eu! Estou de volta!” As correntes ao redor dos pulsos de Marsella tilintaram enquanto ela batia no próprio peito. “Me deixe ir agora, hmm? Marsella se foi. Eu corrigirei tudo o que aquela maldita mulher fez a você e a Abel.”
Aries avaliou Marsella em silêncio. Apesar de o cabelo de Marsella estar desgrenhado e suas roupas parecerem sujas, com um pouco de sangue nelas, Aries não podia negar o quão bonita sua cunhada era. O cabelo platinado claro de Marsella estava mais claro, quase parecendo branco.
“Tem certeza?” perguntou Aries, inclinando a cabeça para o lado.
“Sim!” Marsella assentiu vigorosamente, rastejando para frente, apenas para parar por causa das correntes em seus pulsos e tornozelos. “Sou realmente eu, Ram.”
Aries abaixou-se lentamente para olhar para ela ao nível dos olhos. “Quem é você mesmo?”
“Sua Mestra!” A resposta de Marsella foi rápida, olhos arregalados. Vendo Aries piscar como se esperasse algo mais, Marsella pigarreou. “Sou — sou — maldição!”
Aries fechou um dos olhos ao ouvir o grito penetrante que Marsella soltou de repente, com as correntes tilintando agressivamente. Marsella tentou alcançar as barras da jaula, mas seus dedos mal conseguiam tocá-las.
“Maléfica — Aries!!” A voz de Marsella tremeu, rangendo os dentes e presas furiosamente. “Eu vou matá-la — você e você, Fabian! E aquele Máximo também! Juro em meu nome e sangue que vou sugar a vida de vocês — ME SOLTEM!”
Marsella continuou e continuou, gritando até perder o fôlego, quase perdendo a cabeça. Uma coisa que essa mulher mais odiava era ser contida. O motivo pelo qual estava tão determinada a expulsar a bruxa desse mesmo corpo era que Vera — a outra alma dentro do corpo de Marsella — conseguia contê-la em seu próprio corpo.
“Marsella, se ao menos você soubesse mentir melhor.” Aries balançou a cabeça, observando Marsella se exaurir de tanto gritar e puxar agressivamente as correntes. “Tudo que você precisa fazer é mentir, e talvez eu reconsidere.”
O problema com Marsella era que, apesar de ser poderosa, louca e perigosa para todos, ela tinha um orgulho inquebrável. Tudo que Marsella fazia, ela o fazia com orgulho, não importava o quão vil fosse. Não havia como Marsella se chamar por outro nome.
O mesmo acontecia com Abel.
Abel sempre manteve seu nome. Embora tenha adicionado nomes como o imperador do Império Haimirich e até mudado seu sobrenome, as pessoas ainda o conheciam como Abel. Mesmo quando Abel estava disfarçado, ele simplesmente embaralhava as letras de seu nome para criar um novo, como quando eles estavam no Império Maganti e ele se chamava Barão Albe.
“Marsella, o motivo pelo qual estou aqui é por sua causa. Enquanto estou acorrentada… não, mesmo que eu consiga me livrar dessas correntes, nunca vou libertá-la.” Uma camada espessa de gelo cobriu os olhos de Aries, com uma fúria profunda queimando dentro deles. “Você… e Máximo… os planos que vocês tramaram há muitos anos… vou destruir a raiz antes de acabar com sua existência vil.”
Sua voz tremeu levemente com um toque de raiva, mantendo o olhar fixo em Marsella. Enquanto Aries expressava seus sentimentos através dos dentes cerrados, um grande e grosso bracelete de metal apareceu nos pulsos de Aries. As correntes que estavam ligadas a ele conectavam-se aos metais em seus tornozelos com uma enorme bola de metal, que então se estendia até os tornozelos de Fabian.
Ninguém podia ver as correntes que conectavam os dois, exceto eles. No entanto, tanto Aries quanto Fabian carregavam esse peso desde dois anos atrás, e a cada dia, o peso dessas correntes ficava mais pesado e mais incapacitante.