Capítulo 736: Por favor, pegue esse amor de volta

“Bem-vindo de volta, Conan. Sentiu minha falta?” O sorriso de Abel se alargou ainda mais. Seu cabelo estava pingando enquanto todos estavam sob a forte chuva, e suas roupas estavam úmidas, grudando em sua pele e revelando um vislumbre de seu corpo tonificado.

Conan estudou Abel e a distância entre eles, apenas para perceber que havia acordado em um caixão que Abel teve que desenterrar. Será que Aries o odiava tanto que enterrou seu corpo enquanto ele estava preso naquele mundo? Antes que os pensamentos de Conan ficassem mais loucos, ele parou ao ouvir a adorável voz familiar.

“Bom ver você de novo, Tio Bonitão~!” Os olhos de Conan se voltaram para a voz, apenas para ver Sunny nos braços de Isaiah sob um guarda-sol. “Senti falta de passar tempo com você.”

Sunny, como de costume, tinha aquele sorriso adorável que alcançava seus olhos semicerrados. Sua expressão não combinava com seu traje completamente preto.

“Tudo preto…” sussurrou Conan, analisando os rostos desconhecidos e olhando para baixo, curioso. Ele não se concentrou nos rostos deles ou na aura natural que emanavam, mas sim nas roupas. “Por que vocês estão todos vestindo preto? Estavam realizando meu funeral?”

“Tio Bonitão é sempre tão engraçado! Sunny não esperava isso como sua primeira fala ao acordar de seu sono de dois anos!” Sunny riu alegremente, trazendo um franzir ao rosto de Conan.

“Ele é estranho.” De repente, uma voz tímida de uma mulher chegou aos ouvidos de Conan, fazendo-o fixar os olhos em uma mulher pálida ao lado de Isaiah. “Ele também parece bobo.”

“Você parece que está prestes a bater as botas!” Conan resmungou instintivamente, causando um alto ‘pf’ de alguém no grupo. Conan lançou seu olhar para um jovem, que tentava conter o riso até se curvar. “Quem são essas pessoas?”

“Você demorou exatamente três minutos para fazer essa pergunta.” Outro homem com cabelo prateado brilhante levantou três dedos — do polegar ao médio — o que chamou a atenção de Conan. “Bem lento, eu diria.”

A mulher ao lado do homem de cabelo prateado deu-lhe uma cotovelada leve. “Cala a boca, Sam.”

“Pai não está mentindo, porém.” Outro rapaz adolescente intrometeu-se, olhando para baixo em direção a Conan enquanto assentia em concordância. “Ele é bem lento.”

“Por favor, tenham misericórdia de meu querido conselheiro. Ele passou por muito nos últimos dois anos.” Abel riu enquanto olhava para as pessoas ao redor. “O cérebro dele precisa de um pouco de descanso.”

“Mas vocês todos não estavam de folga nos últimos dois anos, não é?” o jovem chamado Claude, que antes estava segurando o riso, juntou-se à conversa.

“Não os exponha assim.” O jovem adolescente, Law, respondeu preguiçosamente enquanto olhava para Conan e depois para Abel com uma atitude de indiferença. “Vai ferir o orgulho deles.”

“Abel é inútil,” Tilly juntou-se, franzindo os lábios quando os olhos do irmão pousaram nela. Ela levantou um dedo e apontou para Isaiah ao seu lado. “Foi o que meu marido disse.”

Isaiah manteve a expressão impassível como se não tivesse ouvido nada, enquanto Sunny ria.

“…” Enquanto isso, a expressão de Conan murchou quanto mais ele ouvia essa conversa se desenrolando. O que diabos era essa conversa casual enquanto ele ainda estava deitado neste maldito caixão?

“Está chovendo muito.” Finalmente, alguém que notou que estavam parados sob a chuva forte falou. “Devemos tirá-lo daí e entrar depressa. Estou faminto.”

“Oh, querido. Isso não é bom. Vamos entrar, amor.” Samael, o homem de cabelo prateado, cantou ao lado dela. “Com certeza vou te preparar algo —”

“Mãe, vamos entrar. Vou te ajudar na cozinha até todo mundo acordar.” Law foi para o lado da mãe e segurou sua mão antes que seu pai pudesse pensar em algo indecente. “Venha. Eu também estou com fome.”

A mulher com cabelo castanho-avermelhado e olhos verde-oliva riu, deixando seu filho arrastá-la de volta para a mansão proibida. “Tilly e Sir Isaiah, vamos. Não podemos deixar que os recém-casados façam o trabalho pesado, certo? Deixemos os cavalheiros cuidarem disso.”

“Tilly gosta de biscoitos, Lilou.” Os comentários de Tilly foram ouvidos apenas por Isaiah enquanto ela se virava para seguir.

Como Isaiah estava segurando Sunny e o guarda-sol, ele não teve escolha a não ser seguir os passos de Tilly. Isaiah nem sequer olhou para trás, dizendo a si mesmo que preferia aproveitar os últimos minutos de paz antes que Conan descobrisse que foi Isaiah quem o enterrou.

“Droga!” Samael estalou a língua em irritação, virando-se para Abel. “Viu isso? Minha esposa continua dizendo que estou competindo com nossos filhos por atenção quando, de fato, eles me veem como o inimigo. Eles me fazem parecer o vilão — eu acabei de salvar o mundo!”

“Parabéns, então.” Abel assentiu casualmente.

“Não é necessário.”

Abel sorriu. “É um dever, pois sua mãe não teve nenhum motivo até agora.”

“Hah…” Samael olhou para Abel da cabeça aos pés antes de sorrir, levantando o polegar para Abel. “Gosto cada vez mais de você.”

“O sentimento é mútuo.”

“Fico feliz que vocês dois estão se dando bem, mas vão ficar só conversando assim?” Claude interrompeu a troca deles, olhando para Conan com uma expressão complicada. “A água logo inundará o caixão enquanto ele ainda está lá. Metade do corpo dele ainda está sob a terra.”

“Claude.” Claude virou a cabeça para Rufus — o homem que não falou uma palavra desde o começo — e instintivamente pegou a pá que voava em sua direção. “Comece a cavar. Acho que não devemos confiar neles.”

“Ei, Rufus. Como você pode dizer isso? Meu tio e eu estamos simplesmente tentando nos conhecer melhor! Qual é o problema nisso?” Samael franziu a testa enquanto Abel assentia em concordância.

“Haha! Tio, não há problema nisso, mas temos um homem para resgatar.”

“Esse é o ponto, meu querido neto. Estamos fazendo um resgate, e não apenas enterrando um corpo,” Abel argumentou em um tom consciente.

“Oh, Senhor.” Conan manteve os olhos no céu escuro, ignorando a chuva batendo em seu rosto. “Por favor, traga-me de volta ao Mundo dos Espíritos. Não quero lidar com outro descendente do mal além do imperador desta terra.”

“Pobre coitado.” Samael balançou a cabeça, pulando na cova para começar a cavar. “Não se preocupe, Conan. Eu vou te tirar daqui e te cobrir de amor.”

“Você tem todo meu amor também, querido Conan.” Abel cantou.

“Por favor, peguem esse amor de volta.” Conan fechou os olhos enquanto os homens começavam a cavar, ouvindo a conversa de Abel e Samael antes que Claude se juntasse para adicionar mais reviravoltas e insanidades.