Capítulo 735: Python
“Sua Majestade! Sua Majestade! Isso não é uma piada engraçada — onde você está?!”
Conan já estava esgotado depois de procurar todo o lago por Abel, mas sem sucesso. Ele não conseguia encontrar Abel, fazendo seu coração bater em pânico.
“Sua Majestade!” ele gritou com toda a força, olhando ao redor do lago. “Sua Majestade! Eu sei que você está triste porque a Senhora Áries te deixou sozinho aqui, mas isso é demais! Sua Majestade!”
Conan gritou e gritou até que sua garganta começou a doer, fazendo-o estalar a língua de irritação. Como isso poderia acontecer? Por mais rápido que Abel fosse, ele não conseguiria sair do lago sem que Conan percebesse.
“Será que ele cavou sua própria cova debaixo do lago?” ele pensou, encarando o lago onde estava. “Ele estava flutuando aqui — será que ele fez parecer que estava apenas flutuando enquanto cavava uma cova quando ninguém estava olhando?”
Conan franziu o nariz, arrastando as pernas para sentir o fundo do lago com suas botas. Percebendo que usar botas não ajudaria, Conan as tirou e as jogou para fora do lago. Ele então retomou sua busca, sentindo o fundo do lago com os pés.
A ideia de que Abel havia deixado este mundo passou pela sua cabeça. No entanto, Conan não se permitiu entreter esse pensamento porque não havia maneira de Abel sair deste mundo por conta própria. A menos que Áries estivesse pronta para levar uma boa bronca, então ela teria permitido isso. Ele duvidava muito que fosse esse o caso.
Abel já havia feito tudo que podia e até destruído quase todos os seres vivos no império quando tentou sair deste mundo. Obviamente, ele falhou. Por isso, Conan estava convencido de que ou Abel havia se enterrado no fundo do lago ou estava apenas pregando outra peça em Conan.
“Droga!” Conan resmungou, enterrando os dedos dos pés um pouco no fundo do lago para ver se conseguia encontrar algo. “Por que eu sou o único que deve acompanhá-lo? Eu devia ser tão egoísta quanto Roman ou Morro. Aqueles dois têm uma vida fácil — eu estou prestes a enlouquecer só de cuidar daquele maluco empe —”
Conan parou no meio da frase quando sentiu algo duro com o dedo do pé. Ele continuou mexendo o dedo do pé, ignorando a sujeira que se incrustava em suas unhas. Suas sobrancelhas então se levantaram.
“É madeira,” murmurou Conan, seus olhos se iluminando. “Eu sabia! Ele afundou e foi direto para um caixão. Haha! Eu já estou tempo suficiente neste trabalho para conhecer todas as maluquices que passam pela cabeça dele.”
Conan riu de forma maliciosa, agachando-se com as mãos alcançando o fundo do lago. Ele nem pensou que poderia se meter em problemas se sabotasse os planos de Abel de se enterrar.
“Como ele ousa enterrar-se sozinho? Se ele quer tirar férias debaixo d’água, é justo que ele me leve junto!” seu nariz se expandiu, raspando a superfície da madeira com a ponta dos dedos. “Ele sabe que eu enlouqueceria — acho que já pirei ficando preso nesta queda de reino sem mais nada para fazer — huh?”
Seu rosto congelou quando sentiu algo se enrolar ao redor de seu pulso. Não era uma mão, com certeza. Um arrepio de terror subiu em sua espinha porque, seja lá o que fosse, a textura fez todos os pelos de seu corpo se eriçarem.
Com o medo estampado em seu rosto, Conan ergueu cuidadosamente a mão acima da superfície da água. Ali, enrolada em seu braço, estava uma píton gigante que assobiava para ele.
“Ah…” Conan soltou um ruído abrupto, segurando a respiração enquanto sua mente processava o que estava diante dele. Quando seu cérebro clareou, sua boca se abriu ainda mais antes de um grito estridente perturbar os arredores.
“Ah!! Saia de mim! Sua Majestade — me ajude!!!” Conan jogou o braço, sacudindo-o apressadamente para se livrar da cobra em seu braço, olhos fechados, gritando como uma garotinha. “Kyahh!!! Saia —”
No meio de seus gritos intensos, Conan mordeu a língua ao sentir outra força se enrolando em seus pés. Sua expressão ficou parada, segurando a respiração ao sentir seja lá o que segurava seu tornozelo puxá-lo lentamente.
“Ah… não…” sua perna se moveu para trás, fazendo-o ofegar. “Santo… ahh —”
Seus gritos ficaram abafados quando a força de repente puxou seu tornozelo no lago com intensidade. Sua boca borbulhou e, sem pensar, ele cobriu a boca mesmo com a cobra enrolada em seu braço.
Conan olhou para seus pés enquanto prendia a respiração, apenas para ver uma mão enrugada com unhas sujas e longas agarrando seu tornozelo. Seus olhos se dilataram de horror, mas antes que pudesse reagir, a mão segurando seu tornozelo o puxou para baixo. Conan sequer notou que o fundo do lago estava mais profundo do que deveria. Ele tentou se debater, chutando a mão com o outro pé, mas sem sucesso.
Conan segurou a respiração o máximo que pôde e lutou o melhor que pôde. Mas, infelizmente, seus esforços não foram o suficiente. Ele se sentiu impotente e seus chutes ficaram mais fracos e mais fracos. Logo, sua visão ficou enevoada à medida que sua consciência lentamente escapava de seu controle.
‘Eu juro…’ foi o que sua mente murmurou. ‘… se isso for mais uma brincadeira dele, vou desafiá-lo para um duelo. Haimirich já não existia mais e um duelo destrutivo… não parece tão ruim… ah droga…’
Conan piscou os olhos debilmente até que se fecharam. Sua mão, que estava cobrindo a boca, lentamente se afastou. À medida que sua última fagulha de consciência escapava, a cobra ao redor de seu braço assobiou. A cobra soltou lentamente seu braço, deslizando livremente na água até ficar de frente para Conan.
Sss…
Os olhos verdes da píton brilharam intensamente, assoviando como se estudasse o rosto de Conan. Os olhos da cobra reluziram antes de virar e nadar para longe de Conan enquanto este continuava a afundar mais e mais fundo.
*
*
*
GASP!
Conan arfou por ar no momento em que abriu os olhos de repente. Sua boca estava aberta, sentindo o líquido sem gosto caindo dentro dela e em seu rosto.
“Bem-vindo de volta, Conan.”
Chocado, Conan piscou até perceber várias figuras olhando para ele. Lá, em pé entre alguns rostos desconhecidos, estava Abel com uma pá no ombro e uma mão no quadril.
“Sentiu minha falta?”