Capítulo 727: Introdução

“Papai!”

Isaías viu a pequena figura de Sunny correndo do primeiro banco para as duas figuras na entrada. Os dois recém-chegados pararam de caminhar, direcionando sua atenção para a garotinha que corria em direção a eles.

“Ah, minha princesa!” o homem de cabelos prateados e brilhantes olhos carmesim agachou-se. Ele abriu os braços amplamente, sorrindo de orelha a orelha para receber sua filha. “Sentiu saudades do papai —”

“Mamãe!”

O sorriso do homem congelou enquanto Sunny passava correndo por ele, pulando nos braços da mulher atrás dele. A mulher simplesmente dobrou os joelhos, acolhendo a garotinha em seu abraço.

“Mamãe, Sunny sentiu tanta saudade de você!” Sunny expressou, derretendo-se no abraço da mulher.

O rosto belo da mulher suavizou, puxando o corpo da pequena mais perto enquanto apertava o abraço.

“Eu também, Sunny. Mamãe sentiu muita saudade de você. Não houve um momento em que eu não pensasse em você.” A voz já gentil da mulher soou ainda mais afetuosa, inclinando a lateral de sua cabeça contra a garotinha. “Desculpe por termos demorado a vir até você.”

Sunny apoiou o queixo no ombro da mãe, sorrindo. “Sunny entende! Eu me diverti muito enquanto esperava a mamãe me buscar.”

A mulher lentamente afastou a cabeça para olhar para a menina em seus braços. Seu sorriso era gentil e genuíno, e seus olhos transmitiam milhares de palavras não ditas que descreviam sua saudade, preocupação e amor pela pequena.

“Ei.” Enquanto mãe e filha se olhavam e sorriam uma para a outra, ouviram a voz morta do homem. Ambas desviaram sua atenção para o outro homem, apenas para ver desagrado estampado em seu rosto.

“Sunny, você não sentiu saudades de mim?” perguntou o homem, apontando para si mesmo. “Como pode me ignorar assim e correr para a minha esposa?”

Sunny se aproximou da mãe. “Eu senti saudades do Papai.”

“Não minta.” O homem franziu o rosto, percebendo a falta de sinceridade nos olhos da filha. “Você ficou decepcionada por eu ter voltado com sua mãe.”

“Sam.” A mulher estalou a língua levemente, balançando a cabeça. “É por isso que seus filhos não gostam de você. Você os vê como competição.”

“O quê?” o homem chamado Samael ficou boquiaberto para sua esposa. “Lilou, não sou eu quem os vejo como competição! São eles!”

“Se ao menos você parasse de tentar engravidar a Tia Lilou, Law e Sunny poderiam te tolerar.” De repente, a voz preguiçosa de Claude alcançou seus ouvidos. Os três, Lilou, Samael e Sunny, viraram a cabeça na direção de Claude, apenas para vê-lo sentado no primeiro banco.

Claude tinha os braços sobre o encosto, os olhos fixos neles. “Oi, Tia Lilove.”

“Claude.” Lilou exibiu ao jovem um sorriso amável.

“É inútil,” Law comentou preguiçosamente, encarando os pais nos olhos. “Eu prefiro competir com meu pai do que com meu primo, que obviamente tem motivos ocultos.”

“Sunny não está competindo.” Sunny cantarolou, olhando para a mãe com sua arma definitiva: seu doce sorriso. “A Mamãe gosta mais da Sunny, não é?”

“Claro. Sunny é minha princesa.” Lilou sorriu e encostou o nariz na garotinha. “Mamãe gosta mais da Sunny.”

Samael, Law e Claude encararam a garotinha pretensiosa e a mulher, que propositalmente ignorava a natureza manipuladora da pequena Sunny, com desânimo. Observando a reação deles, Isaías tinha certeza de que esse relacionamento não era nada normal.

“Seja como for!” Samael bufou, e sua expressão ficou ainda mais fechada. Ele então olhou em volta da capela e só então percebeu Isaías.

“Ah!” Samael levantou um dedo e apontou para Isaías. “Você é aquele feiticeiro?”

“Hmm?” As sobrancelhas de Isaías se ergueram. Ele teria entendido se Samael o chamasse de grande duque, já que poucos sabiam que ele era bruxa. Mas então, ele rapidamente percebeu que todo o Haimirich estava sob seu feitiço.

Samael sorriu ao notar como Isaías percebeu suas palavras.

“Prazer em conhecê-lo.” O homem marchou em direção a Isaías e então parou a alguns passos do outro. “Samael La Crox é o nome. A mulher ali é minha esposa, Lilou Bloodfang – La Crox.”

Samael apontou o polegar sobre o ombro enquanto a mulher atrás dele os abordava com Sunny nos braços.

“Sunny é minha filha. Aquele garoto ali é nosso primogênito, Law.” Ele então apontou na direção de Law, apresentando todos, sabendo que essas pessoas não tinham energia para uma introdução. “O homem sentado ao lado dele é meu filho adotivo, Rufus.”

“Aquele cara ali é Claude, meu sobrinho. E então você provavelmente já conheceu Tilly,” ele continuou com um sorriso, inclinando o queixo para o caixão atrás de Isaías. “Tilly é minha tia e também minha mãe e irmã daquele homem.”

Após dar uma introdução rápida de todos, Samael ofereceu sua mão a Isaías. “Prazer em conhecê-lo, Duque Isaiah Darkmore.”

Os olhos de Isaías caíram sobre as mãos longas e finas do homem antes de erguer o olhar de volta para ele. Este parecia mais amigável do que aparentava, e se não fosse por ele, Isaías provavelmente deixaria tudo como estava.

“Foi um prazer conhecer o parente de Sua Majestade.” Isaías segurou lentamente a mão de Samael para um aperto de mãos.

“Demoramos um pouco, não foi?” Os lábios de Samael se esticaram de maneira gentil, liberando a mão de Isaías lentamente. “Bem, nosso último adversário nos deu um tempo problemático.”

“Fico feliz que pareça ter vencido sua batalha.”

“Sempre vencemos.” Samael piscou para ele, inclinando o corpo superior para o lado para espiar a pessoa no caixão. “Então aquele é meu tio. Uau… que ele descanse em paz.”

“Por favor, evite fazer piadas tão insolentes.”

“Ohh…” Samael endireitou seu corpo com uma risada. “Desculpa. Meu erro.”

“Sam, pare de provocar Vossa Graça.” Depois de um momento, a mulher chamada Lilou os alcançou. Ela parou um passo atrás de seu marido, olhos em Isaías. “Por favor, não leve suas palavras a sério. Ele gosta de cutucar os nervos das pessoas, mas é uma pessoa confiável.”

Observando Lilou, Isaías sentiu um leve alívio, como se houvesse uma pessoa normal e racional nesse grupo.

“Não se preocupe. Nenhuma ofensa foi tomada.”

“Obrigada.” A mulher lhe deu um sorriso e suspirou, esticando o pescoço para ver o caixão atrás de Isaías. Ela olhou para Abel por um momento antes de desviar os olhos para Isaías. “Podemos vê-lo?”

Isaías hesitou por um momento, mas acabou dando um passo para o lado. “Claro.”

“Obrigado, Vossa Graça.” A mulher acenou em satisfação antes de se abaixar para colocar Sunny no chão. “Querida, Mamãe e Papai vão só cumprimentar seu avô, tá bom? Você pode segurar minha mão se quiser.”

Sunny ainda carregava um sorriso doce e brilhante, mas, em vez de ficar ao lado da mãe, ela pulou um passo e agarrou a calça de Isaías. “Vou ficar com Vossa Graça para proteção!”

Lilou olhou para Isaías e viu o outro acenar levemente. “Parece que nossa família lhe deve uma grande dívida.”

“De forma alguma –”

“Minha filha mal gosta de mim, então o fato de ela gostar de você é realmente um feito admirável,” Samael interveio, esperando que Isaías desviasse os olhos para ele. “Pode ser descarado pedir mais, mas por favor, cuide dela por um momento.”

Seus olhos então brilharam enquanto ele lentamente olhava para o homem deitado no caixão. “Aquele imperador de vocês… mesmo em seu sono, ainda consegue me encarar. Que monstro.”