Capítulo 714: Problema
[ Salão de Banquetes ]
“La ga ta…”
Thud!
Os cânticos continuaram, enquanto corpos caíam no chão, um após o outro. O conselho noturno e os convidados que não faziam parte dele tinham que emprestar a Aries toda a sua energia para apoiá-la. Eles estiveram fornecendo energia a ela durante toda a noite, fazendo com que outros desmaiassem quando não conseguiam suportar mais.
Era um feitiço perigoso de realizar, mas mesmo assim, eles não hesitaram em apoiar Aries. A imperatriz do império talvez os tenha feito concordar através de um acordo, mas eles sabiam que seu objetivo era proteger sua terra, seu lar, especialmente a terra onde as bruxas não eram exterminadas.
Thud!
Marcia Graves murmurava cânticos sob sua respiração, abrindo seus olhos e vendo várias pessoas no chão. Quase metade delas havia desmaiado. Ela ergueu o olhar, apenas para ver aqueles que ainda estavam conscientes olhando uns para os outros. Seus lábios continuavam se movendo; alguns tinham sangramentos no nariz, enquanto outros estavam tão pálidos quanto uma folha de papel.
‘Estamos quase lá,’ cruzou a mente de Marcia, pensando que eles quase podiam sentir a presença de Maléfica neste feitiço. Ela virou a cabeça na direção da realeza, apenas para ver Suzanne ao lado do assento vazio da imperatriz.
Suzanne mantinha uma expressão impenetrável. Não havia traço de emoção no rosto da dama de companhia. Ela sustentou o olhar de Marcia sem emoção, sem se importar com o que estava acontecendo na mente da líder Wiccan naquele momento.
Thud!
Outro corpo caiu no chão, mas Suzanne e Marcia não desviaram o olhar uma da outra. Quando mais dois membros do conselho noturno caíram no chão, Marcia desviou o olhar de Suzanne.
Cinco.
Marcia não precisava contar para saber o número de pessoas que ainda estavam de pé e entoando cânticos, incluindo ela mesma. E todos aqueles que permaneciam de pé eram bruxas dotadas de mana incrível e que haviam aperfeiçoado suas habilidades ao longo de anos.
“La brak she li ma…” Marcia piscou, apenas para ouvir outro corpo cair. Sua mão estava cuidadosamente cerrada, abrindo seus olhos com extrema suavidade. Assim que abriu, outro som de queda acariciou seus ouvidos e o volume dos cânticos diminuiu.
Agora, restavam três pessoas: Duas líderes Wiccan, Marcia e Glória, e outra jovem bruxa. Marcia moveu seus olhos para a jovem bruxa, que sempre foi excepcional no concílio.
Aquela jovem, que quase não mostrava sinais de exaustão, era Bertha. Se Marcia se lembrava corretamente, Bertha foi a primeira a se aproximar de Aries, ou melhor, Leon, naquela noite do concílio com Abel. Bertha não era membro do conselho noturno, mas conquistou um lugar no concílio da lua cheia para matar Abel.
“Re wo shi…” Os pensamentos de Marcia se dispersaram, focalizando sua atenção na outra líder Wiccan, Glória, que sempre entrou em confronto com Marcia. Glória era uma bruxa poderosa e também sábia. Elas podiam ter inúmeros desacordos, mas Glória conquistou o respeito de Marcia ao longo dos anos.
Jamais Marcia tinha visto essa líder orgulhosa mostrar o menor sinal de fraqueza. Glória era tão altiva assim, e essa era sua defesa: nunca demonstrar fraqueza porque mulheres como elas haviam passado pelo inferno e voltado antes de encontrar Abel e se tornarem membros do conselho noturno.
Glória tossiu sangue, cobrindo a boca com a mão, mas Marcia já tinha visto o sangue. Ela tentou continuar apenas porque não queria desmaiar na frente de Marcia ou daquela jovem bruxa, mas Glória eventualmente caiu no chão após vários segundos.
Agora, restavam apenas as duas.
Em circunstâncias normais, Marcia elogiaria a jovem bruxa por aguentar tanto tempo. Até Glória desmaiou, mostrando como era difícil realizar esse feitiço, mesmo que elas apenas estivessem apoiando Aries e não mantivessem completamente o Mundo Maléfico.
Mas elas tinham que continuar até que os poderes de Aries amadurecessem. Estavam quase lá, afinal. Quase. Perto. Só um pouco mais.
Marcia observou a jovem bruxa levantar seus olhos de volta para ela. Nenhuma palavra foi pronunciada entre elas, mas ambas tinham o mesmo entendimento do que precisavam fazer.
Continuar.
Ambas as mulheres fecharam os olhos, aumentando o volume dos cânticos enquanto adicionavam mais poder a cada palavra. Elas sabiam que também estavam atingindo seus limites, mas não podiam cair agora. Não chegaram tão longe para desistir justamente agora. Se desmaiassem antes do despertar de Maléfica, tudo desmoronaria.
Aries precisava ter sucesso. Abel também.
A determinação das mulheres era evidente sob a perspectiva de Suzanne. Suzanne não moveu um músculo de seu posto, observando todos caírem um após o outro. Toda sua atenção estava focada em garantir que alguém permanecesse ali e continuasse tudo até que Abel acordasse ou Aries voltasse.
‘Sua Majestade,’ chamou Suzanne em sua mente, cerrando os dentes silenciosamente. ‘Essas bruxas já estão no limite.’
Minutos se passaram e Marcia começou a ter sangramento no nariz. Enquanto isso, a jovem bruxa já estava cambaleando, mal se mantendo de pé. Quanta energia mais elas precisariam dar a Aries para que ela despertasse?
Suzanne não sabia. Ela não tinha ideia. Mas o que tinha certeza era que, se essas últimas duas bruxas caíssem antes do despertar de Aries, a incerteza seguiria. O plano delas certamente entraria em colapso, e tudo se tornaria puro caos.
“Tenho que fazer algo…” Suzanne murmurou, desviando o olhar para a entrada do salão de banquetes no segundo em que a porta rangeu. Marcia e a jovem bruxa Bertha não pararam de entoar cânticos e mantiveram seu foco no feitiço. Assim, elas não se importavam com o que acontecia ao seu redor.
A expressão de Suzanne tornou-se mais fria, seus olhos fixos na pessoa que entrava no salão de banquetes.
Marsella.
Ela havia visto essa mulher uma vez como dama de companhia de Aries, mas então, Aries contou a Suzanne que Marsella era, na verdade, a irmã de Abel, em uma conversa passageira. Aries não falou muito sobre Marsella, pois esta simplesmente desapareceu após a coroação de Aries.
Contudo, agora que Marsella estava ali e olhando de volta para Suzanne, a dama de companhia da imperatriz tinha certeza de uma coisa.
Problema.
O canto dos lábios de Marsella se ergueu em um sorriso sinistro, adivinhando o pensamento de Suzanne, já que a empregada da imperatriz mostrava tudo em seu rosto.
‘Mas o que mais você pode fazer?’ Marsella pronunciou lentamente para que Suzanne pudesse ler seus lábios. ‘Me parar?’