Capítulo 704: É você de novo
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“Isso vai machucá-la?” foram as palavras que imediatamente surgiram em sua cabeça. “Então eu vou matá-lo… mil vezes.”
Essas foram as palavras que quebraram as correntes que estavam prendendo Joaquim. Javier o soltou e, ainda assim, agora que ele estava diante de Aries, aquelas palavras pareciam inúteis. Não que ele as tivesse dito sem intenção. Não havia como Joaquim obedecer às ordens de Javier quando ele não era nada além de seu cão no passado.
Chame de ego, mas Javier estava errado ao supor que poderia dar ordens a Joaquim. Este último não foi feito para isso.
“Você vai vir comigo, queira ou não. Agradeça-me depois. De nada.” Sua mão apertou seus ombros enquanto seus olhos brilhavam intensamente, pronto para levá-la embora dali.
“Não.” Sua resposta foi tranquila, mas havia um tom de firmeza nela. “Eu vou ficar.”
Joaquim rangeu os dentes. “O que te faz pensar que você tem algo a dizer sobre isso?”
Aries piscou delicadamente, impassível diante do aperto crescente em seus bíceps. Seus olhos estavam fixados nos dele, avaliando as mil palavras não ditas dentro daqueles olhos prateados e furiosos.
“Meu irmão ficará furioso,” ela sussurrou suavemente. “Se não fosse por Abel, ele teria esfolado você de cabeça aos pés.”
“Seu irmão está morto —”
“Joaquim Imperial!” Joaquim foi interrompido quando ouviu uma voz masculina trovejando do lado. Tanto Joaquim quanto Aries viraram-se em direção à fonte da voz, e seus olhos imediatamente pousaram em um homem de cabelos loiros brilhantes e olhos verdes oliva.
Dexter Vandran.
As pupilas de Joaquim dilataram enquanto Aries sorria sutilmente. O primeiro prendeu a respiração, avaliando Dexter de cima a baixo. Como esse homem estava aqui?
Dexter cerrou os punhos enquanto seus olhos permaneciam fixos no aperto de Joaquim nos bíceps de Aries. Suas presas lentamente se revelaram, esticando seu pescoço rígido de um lado para o outro.
“A audácia de mostrar sua cara na frente dela…” A voz de Dexter tremeu de raiva, respirando pesado. “Embora eu deva admitir que agradeço a quem quer que tenha soltado você daquela masmorra. Agora, tenho a chance de ensinar-lhe uma lição que você nunca vai esquecer.”
Assim que as palavras saíram da boca de Dexter, ele desapareceu de seu ponto de vantagem, apenas para reaparecer ao lado de Joaquim. Joaquim instantaneamente soltou Aries, empurrando-a para trás para afastar os braços de Dexter. Ambos saíram da plataforma onde Aries estava posicionada.
“Você não é o irmão dela!” gritou Joaquim com uma voz trêmula, estando a vários metros de Dexter. “Você… e as pessoas aqui não eram nada além de intrusos na vida dela.”
“Você não é o mesmo?” Dexter riu com desprezo, pegando uma espada que estava jogada no salão de banquetes. “A única diferença é que você nunca foi aceito.”
A expressão de Joaquim endureceu, puxando a espada presa à sua cintura. “Eu vou tirá-la daqui. Ninguém vai me parar. Mesmo se eu tiver que matá-lo várias vezes.”
A expressão de Dexter tornou-se mais gelada enquanto uma camada de gelo cobria seus olhos. O canto de seus lábios se curvou em um sorriso, lançando um olhar rápido para Aries.
“Eu estou bem, Dani,” ele disse do nada. Ela já estava sentada na cadeira atrás da longa mesa dos nobres. “Eu vou tirá-lo daqui.”
Dexter lentamente virou-se na direção de Joaquim, soltando um silvo. Seus olhos brilhavam maliciosamente e, num estalar de dedos, ele avançou em direção a Joaquim para levá-lo ao seu destino final. Abel havia deixado Joaquim por conta própria, e mesmo sabendo que Joaquim estava sofrendo nas mãos de Abel, sempre havia um desejo de puni-lo pessoalmente.
CHOQUE!
As lâminas faiscaram enquanto seu ruído penetrante ressoava no ar. Dexter lançou ataques incessantes com a espada que havia saqueado, empurrando Joaquim para longe do salão de banquetes.
“Como você ainda está vivo?” grunhiu Joaquim através dos dentes cerrados, encarando furiosamente o homem que estava cruzando espadas com ele.
“Hah!” Dexter soltou uma risada curta, sorrindo de orelha a orelha. “Graças a você!”
A expressão de Joaquim ficou sombria, mas ele não disse mais nada enquanto Dexter o mantinha ocupado. Ainda assim, no fundo da mente de Joaquim, ele não sabia como esse homem, que já estava morto, voltou à vida. No meio da luta, Joaquim olhou na direção de Aries e percebeu que ela não estava tão surpresa quanto ele.
O que estava acontecendo?
*****
[ Minutos antes do momento presente: Palácio Rose ]
Joaquim estava ao lado da cama onde Dexter estava deitado. Sua expressão era rígida, os olhos fixos no sangue no estômago do marquês.
“Alguém chegou aqui antes de mim, hein?” ele sussurrou, movendo sua espada verticalmente com a ponta apontada para o estômago ensanguentado de Dexter. Sem hesitar, Joaquim a ergueu, apenas para parar quando a ponta estava a um centímetro do corpo de Dexter.
“Hah…” ele soltou um riso abafado, retirando a espada. Ele inclinou a cabeça para o lado, sorrindo. “Por que eu precisaria ouvir Javier? Ele não era nada além de um cão, agindo como se agora fosse o dono.”
Joaquim nunca planejou obedecer às ordens de Javier. Ele disse o que Javier queria ouvir, mas Joaquim tinha um plano próprio. Embora ele pudesse matar Dexter agora, não havia necessidade, já que ele não sentia mais o pulso ou a energia vital de Dexter.
Quem quer que tenha matado o marquês não era assunto de Joaquim. Seu trabalho aqui estava concluído, e não havia necessidade de perder mais tempo neste lugar. Havia um lugar onde Joaquim queria estar e sua prioridade era apenas ir ao Palácio Rose, sabendo que Javier estaria observando.
“Aries…” Joaquim sussurrou com uma risada sinistra, girando sua espada até que a parte de trás da lâmina repousasse em seu ombro. “… Acho que ela está amaldiçoada. Todos aqueles que se chamavam de família dela sempre acabam mortos.”
Mal sabia Joaquim, enquanto ele se afastava das câmaras para ir ao salão de banquetes onde Aries estava, havia uma figura encostada em um canto escuro dentro das câmaras. Enquanto os passos de Joaquim desapareciam, Dexter lentamente abriu os olhos.
“Que pessoa doente,” a voz de Dexter estava rouca, alcançando para seu estômago ensanguentado, apenas para agarrar o pequeno objeto preto que Aries havia lhe dado antes de sua expedição. Ele se levantou com dificuldade até ficar sentado, levantando os olhos para a figura no canto.
“É você… de novo,” disse Dexter, embora mal pudesse ver o homem no canto escuro. “O que você quer desta vez?”
O homem que se tornava um com a escuridão tinha os braços cruzados. Seus lábios se esticaram até seus dentes ficarem visíveis.
“Quebrar esse objeto,” veio a voz calma do homem. “É irritante.”
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