Capítulo 695: Dinastias e Distopia
Se havia algo que tornava o clã Grimsbanne diferente — além da força e da concentração de seu sangue — do passado para agora, era que eles costumavam viver uma vida mais simples. Nunca interferiram em assuntos políticos ou sequer tinham o menor interesse em outras coisas além de comer algo diferente no café da manhã.
O que deu errado?
Por que os Originais, que inicialmente não tinham nenhum desejo mundano, buscaram coisas que nunca antes os haviam cruzado?
Certo…
Tudo começou quando os humanos aportaram em território do continente. Particularmente quando permitiram que um humano chamado Soran entrasse em suas vidas. Aquele homem plantou todas essas ideias tolas não apenas nos Grimsbanne, mas também nos jovens vampiros que ele encantou.
Se não fosse por aquele homem, aquele humano, esse caos nem sequer teria acontecido… ou teria?
Quando Abel lançou Maximus para fora do salão de banquetes, o que se apresentou à sua vista foi uma feroz batalha entre seu povo e os vampiros que Maximus trouxera. Se o Império Haimirich fosse minimamente normal, isso seria uma batalha unilateral, porque ninguém poderia subestimar as pessoas do continente.
Felizmente, os cavaleiros no império eram treinados e todos os posicionados naquela noite eram vampiros. Havia apenas algumas exceções humanas, e uma delas era o cavaleiro da Imperatriz, Climaco.
“Que visão de se admirar!” Abel murmurou enquanto voava pelo ar, diretamente em direção a Maximus, que ainda não havia colidido com nada. “Certamente, você nunca deixa de me surpreender, Maximus!”
PANG!
Maximus empunhou sua espada, lançando o braço para desviar a mão que vinha em sua direção. As unhas de Abel eram longas e afiadas; ele também era ágil e forte, forçando Maximus a sacar sua espada.
“Você não disse que me forçaria a usar minha espada, Vácuo?” Abel perguntou com um tom de escárnio. “Mas parece que aconteceu o inverso.”
Uma onda de riso maníaco cortou o ar pesado, que carregava o fedor do sangue de todos. Abel continuou lançando ataques, não dando a Maximus um segundo para respirar ou descansar. No entanto, este último sabia que Abel ainda estava brincando. Quando mais um minuto passou, Abel finalmente cessou seus ataques, pousando no chão enquanto Maximus cravava sua espada no solo para evitar voar mais longe.
“Engraçado, não é?” Abel plantou as mãos nos quadris, olhos fixos em Maximus. Este último estava ajoelhado, segurando sua espada profundamente cravada no chão. “As pessoas já sabiam que não estão à minha altura, mas continuam vindo contra mim! Não sei se devo chamar isso de coragem ou de idiotice.”
“Considere como achar melhor, meu amigo.” Maximus levantou-se lentamente do joelho, puxando a espada do chão. “Você nunca saberá por que as pessoas são persistentes.”
“Devo dizer que você também não tem ideia de por que está causando essa devastação em minha terra?”
“Estou claro sobre meus motivos.” Um sorriso sutil reapareceu no rosto de Maximus. “Está tão claro para mim que parte meu coração.”
O canto dos lábios de Abel se curvou. “Que triste.”
“De fato, é triste.” Maximus balançou a cabeça. “Houve dias em que desejei que tudo ainda fosse tão obscuro quanto antes. Se ao menos fosse, poderíamos ter vivido uma vida melhor. Uma vida em paz. Assim como a vida que costumávamos ter no continente.”
“O que é paz, Max?” Abel inclinou a cabeça para o lado, piscando com ternura. “O que é uma vida melhor? O que é lar?”
Maximus repetiu a pergunta de Abel em sua mente, e para cada uma delas, ele tinha uma resposta clara. Contudo, não verbalizou e respondeu apenas com um sorriso.
“Eu encontrei as respostas para essas perguntas fora do continente, meu amigo.” Abel moveu os ombros e, com um estalar de dedos, asas gigantescas saíram de suas costas. “A resposta era simples. Aries. Essa é a resposta para todas essas perguntas.”
“Paz era quando eu estava com ela; uma vida com ela era mil vezes melhor, e o abraço dela era meu lar,” ele continuou, mantendo os olhos afiados fixos em Maximus. “Não acho que as respostas em sua mente sejam tão claras quanto as minhas, são, Maximus?”
“Pode-se dizer isso.” Maximus manteve seu leve sorriso. “Eu tenho respostas claras em minha mente, mas ainda não tenho certeza se essas respostas são minhas ou as que a coroa me impôs.”
Abel balançou a cabeça, soltando um suspiro leve. Havia uma ligeira pena que apareceu em seus olhos, olhando para Maximus de cima a baixo.
“Você foi um bom amigo meu,” murmurou Abel, enquanto suas pálpebras caíam. “E como seu amigo, eu vou parar com essa loucura. Por você e por seu filho, que está preso dentro desse corpo.”
O leve sorriso de Maximus desapareceu com as palavras de Abel.
“Parece que você descobriu.” Maximus apontou solenemente. “Você realmente é perspicaz, embora eu esteja surpreso que tenha levado tanto tempo para você perceber isso.”
“Você não seria o rei se fosse algo menos, Terceiro.” Desta vez, Abel sorriu, oferecendo um sorriso fino a ele. “Além disso, posso ter deixado o continente, mas nunca te esqueci. Afinal, você é a única pessoa capaz de enfrentar um Grimsbanne.”
“Demorei um pouco,” acrescentou Abel, assentindo levemente. “Aquela criança simplesmente não disse nada, o que me faz pensar que ela queria que isso acontecesse.”
Maximus sorriu novamente. “Aquela criança foi uma parceira excelente.”
“Mhm?” Abel arqueou uma sobrancelha, avaliando o sorriso de Maximus. “O que você disse a Tony?”
“Nada, na verdade. A questão é: o que ela me disse?” Maximus sorriu, fazendo a expressão de Abel se tornar fria. “Os Grimsbannes são engraçados. Quero dizer, vocês não têm nenhum laço familiar; não sentem nenhuma culpa ao virar as costas um para o outro!”
Maximus estudou a expressão de Abel, apenas para rir alto. “Ótimo! Ótimo! Sua expressão de choque foi divertida.” Sua risada então diminuiu, seus olhos brilhando com um olhar assassino.
“Aquela criança… você achou mesmo que ela é sua aliada? Ela é sábia demais para o próprio bem, e com aquele charme dela, é difícil considerá-la uma inimiga.” Ele balançou a cabeça, estalando a língua continuamente. “É realmente difícil confiar, não é, Abel?”
“Sunny Bloodfang La Crox.” A expressão de Abel era fria, avaliando o sorriso triunfante estampado no rosto de Maximus. “Eu te disse, não deixe seu nome ser conhecido em minha mente.”