Capítulo 689: Eu vou te esfaquear
[ MANSÃO PROIBIDA ]
Conan estava sentado em uma cadeira ao lado da cama onde seu pai descansava. Seus braços estavam apoiados sobre a perna aberta, e suas mãos pendiam entre as coxas. Diferente de suas roupas caras habituais, ele vestia um traje de armadura interna, que não usava há muito tempo.
“O banquete começou,” murmurou, erguendo os olhos para a pessoa na cama. Um suspiro profundo escapou de seus lábios enquanto ele endireitava as costas. “Isso é tudo culpa sua.”
“Você permaneceu intocável por muitos anos, apenas para cair no esquema do seu filho.” Conan balançou a cabeça, levantando-se. “Agora está aqui, trazendo-nos os problemas que você evitou no passado. Nós teremos que consertar tudo de novo… de novo.”
Conan enfatizou a última palavra antes de cerrar os dentes. Seus olhos não demonstravam nenhum afeto pelo homem imóvel deitado na cama.
“Acho que isso não terminará em apenas uma noite. No entanto, quando isso for concluído, espero que seja a última vez que verei seu rosto,” acrescentou baixinho, apertando o punho ao lado do corpo com firmeza. “Não… me faça e Abel empunharmos nossas espadas novamente.”
Outro exalar profundo escapou de sua boca antes que ele relaxasse o aperto e soltasse os ombros. Conan fechou os olhos momentaneamente, e, ao reabri-los, a calma substituiu a animosidade que os preenchia.
Conan não se demorou mais, girando nos calcanhares. Ele ficou parado por um momento, cerrando os dentes, antes de seguir silenciosamente. Provavelmente seria a última vez que ele viria a este lugar e a este quarto. Não havia outro motivo para visitar seu pai ou dizer à pessoa em coma o quanto o odiava.
Quando Conan fechou a porta atrás de si, ele parou. Virou a cabeça para a direita, apenas para ver Sunny em pé no canto. Ela estava vestida como um menino, e pelo traje, era para ela estar no banquete. Mas lá estava ela, olhando de volta para Conan com uma expressão solene.
“O que você está fazendo aqui?” perguntou Conan com mera curiosidade, olhando para ver se Leon estava com ela. Ele não estava. “Onde está Leon?”
“Tio Bonitão, você está indo para o banquete agora?” ela perguntou, ignorando completamente as perguntas dele.
“Não.” Ele balançou a cabeça, caminhando até onde Sunny estava. Conan então agachou-se à sua frente. “Você não deveria estar lá?”
“Deveria?” Sunny inclinou a cabeça para o lado. “Quem ficará aqui?”
“Esse homem não precisa de ninguém para cuidar dele,” Conan assegurou, referindo-se ao pai, que ainda estava em coma. “Máximo não precisa mais dele.”
“Enquanto seu pai estiver respirando, seu irmão precisará dele.”
“Se ele morrer, então ele morre.”
“Sunny não aprova.” Sua bochecha rechonchuda inflou levemente enquanto ela franzia os lábios. “Sunny o trouxe aqui, então Sunny não permitirá que nenhum mal aconteça a ele.”
Conan forçou um sorriso fino, levantando uma mão para acariciar a cabeça dela. “Isso é gentil da sua parte.”
“Todos estarão em perigo esta noite?”
“O Palácio Proibido ficará intocado, com certeza.” Ele assentiu tranquilizadoramente. “Não se preocupe.”
“Eu não estou preocupada,” disse Sunny rapidamente.
“É mesmo?”
“Sunny não deixará ninguém se machucar.” Seus lábios se curvaram levemente até que a inocência dominou sua adorável expressão. “Não morra, Tio Bonitão. Sunny gosta mais do Tio Bonitão.”
“Eu não vou.” Conan riu, erguendo as sobrancelhas. “Você está indo para o quarto dele?”
“Mhm.”
“Quer que eu te ajude a chegar lá?”
Sunny balançou a cabeça. “Sunny está bem.”
“Tem certeza?”
“Sim.”
“Muito bem.” Conan limpou a garganta e deu outro sorriso gentil para ela. “Eu vou agora. Fique aqui. A Mansão Proibida é o único lugar seguro esta noite. Isaiah e as bruxas lançaram uma forte barreira de proteção nesta área. É melhor que você fique aqui.”
“Mhm!” Sunny assentiu com um sorriso, olhando para cima enquanto Conan se levantava.
“Estou indo então.”
“Tchau-tchau, Tio Bonitão.” Sunny acenou, girando nos calcanhares ao mesmo tempo que Conan passava por ela. Este olhou para trás e sorriu antes de seguir seu caminho, desaparecendo na escuridão do corredor.
Sunny permaneceu no local por um minuto, mesmo após Conan sair de sua linha de visão. Sua expressão permaneceu inalterada, piscando, inclinando a cabeça para o lado.
“Tio Bonitão tinha ombros fortes,” comentou ela para si mesma, percebendo como Conan havia mudado drasticamente nos últimos dias. Ou talvez Conan apenas não tivesse mudado. Era só que ele estava voltando aos velhos hábitos como a espada de Abel.
“Sunny deseja boa sorte a ele.” Quando essas palavras saíram da pequena boca de Sunny, ela girou e seguiu para seu destino inicial.
Ela ficou na ponta dos pés para alcançar a maçaneta, tendo uma leve dificuldade para abri-la. No segundo em que a porta rangeu ao abrir, Sunny entrou. Seus passos pararam, os olhos recaindo sobre a cama onde um homem estava sentado com as costas apoiadas na cabeceira.
“Ele deve verdadeiramente me odiar,” disse o homem, olhando para a cadeira onde Conan havia se sentado antes. “Embora eu não possa culpá-lo. Fui eu quem deixou seu coração partido.”
“Ninguém pode culpá-lo também porque você tinha responsabilidades maiores do que qualquer um,” Sunny respondeu, dando pequenos passos até a cama. “Você fez o melhor para evitar que as coisas acontecessem.”
“Mas meu melhor não foi suficiente.” O homem lentamente desviou a atenção para Sunny quando ela alcançou a cama. “Porque o pior vai acontecer.”
Sunny subiu na cama e sentou na beirada, com as mãos de cada lado, olhando para ele. “O pior sempre acontece. Só é preciso estar preparado para o resultado.”
“Você não vai fazer nada?” ele perguntou, vendo o quão relaxada ela parecia, apesar da tensão que a noite trazia. “Esta noite… pode mudar muitas coisas. Basta uma noite para algo virar ao contrário. Você viu o que aconteceu no continente.”
Ele avaliou a expressão inalterada de Sunny e então acrescentou, “acontecerá aqui.”
“Eu tenho planos hoje à noite,” ela respondeu sinceramente, jogando as pernas para cima da cama. Ela então se ajoelhou sobre a superfície macia do colchão, enfiando a mão no traje, apenas para tirar uma pequena faca. Seus lábios se esticaram, olhando novamente para o homem.
“Eu vou te apunhalar.”