Capítulo 687: Um presságio está chegando

“Então ele foi vê-la?”

Abel estava de pé em frente à janela, ouvindo o relatório de Isaiah. Ele segurava o pulso atrás das costas, batendo levemente os dedos contra ele.

“E Conan?” ele perguntou, sem tirar os olhos da vasta paisagem através da janela.

“Ele está atualmente nos alojamentos com Leon. Roman e Climaco estavam duelando com ele…” Isaiah deixou a frase no ar enquanto se lembrava das notícias sobre o último duelo.

“Ainda bem que La Crox está aqui para treinar com ele. Se ele duelasse com aqueles dois, poderia quebrá-los.”

“Concordo, Sua Majestade.”

“Deixe-o por agora,” disse Abel, piscando os olhos enquanto desviava o olhar para o reflexo tênue de Isaiah. “Ele não usava sua espada há muito tempo. Ele precisa praticar com quem deve abater.”

Abel lentamente soltou o pulso, movimentando a mão esquerda em um movimento circular enquanto flexionava os dedos da mão direita. Ele vinha fazendo isso ultimamente e, ao vê-lo repetir o hábito, Isaiah baixou os olhos.

“Isso está se tornando um hábito agora,” Isaiah apontou calmamente.

“É claro que sim.” Os cantos dos lábios de Abel esticaram-se até que seus dentes ficaram à mostra. “Não vejo minha imperatriz há dias. Preciso lembrar como é sentir o corpo dela.”

Isaiah fechou os lábios em uma linha fina, levantando novamente os olhos. As costas de Abel ainda estavam voltadas para ele, enquanto Abel agora cerrava as mãos em punhos firmes, movendo-as em círculos como se estivesse exercitando os pulsos.

“O banquete oficial será daqui a dois dias,” Isaiah lembrou solenemente o imperador. “Devo desenterrar sua irmã?”

“Deixe-a estar.” Um brilho passou pelos olhos de Abel. “Mandarei companhia para ela mais tarde.”

“Certo.”

“E aquela pessoa?” Abel lançou um olhar por cima do ombro. “Vocês o encontraram?”

“Infelizmente, não conseguimos.”

“Entendo. Que interessante.” Abel sorriu tortuosamente, esticando o pescoço de um lado para o outro. “Então não tenho escolha.”

Isaiah pressionou os lábios em uma linha fina mais uma vez. “Você não precisa fazer isso, Sua Majestade.”

“Maléfica não é alguém que deveria existir,” Abel argumentou calmamente, mas a escuridão latente em suas palavras era clara. “Já faz um tempo desde que empunhei minha espada, Vácuo. Nunca pensei que haveria um momento em que minhas mãos tremeriam de excitação só de pensar em usá-la novamente. Ela encontrou seu adversário.”

“Máximo está nos fazendo dançar ao ritmo dele.”

“A música é deliciosa e, portanto, seria um insulto não dançar.” Abel virou-se lentamente, encarando Isaiah de frente. “Concentre-se no banquete, Isaiah. Meu instinto me diz que será uma longa noite.”

Isaiah sustentou o olhar de Abel e reconheceu aquele olhar sinistro escondido nos olhos do imperador. Como alguém que serviu Abel por muitos anos, Isaiah entendia a excitação nos olhos dele.

Abel marcharia para a morte mais uma vez… mas não a dele.

“Como desejar, Sua Majestade.” Isaiah fez uma reverência com o pescoço antes de sair silenciosamente do quarto onde Abel estava hospedado. Ao sair, Isaiah olhou para o enorme retrato na parede. Era o retrato oficial de Aries e Abel como a imperatriz e o imperador.

Seus olhos demoraram-se em seus rostos, soltando um leve suspiro. Isaiah parou perto da porta, olhando de volta para Abel. O Imperador já havia lhe dado as costas, então seus olhos desviaram para os outros itens no quarto de coleção.

A parede estava cheia de retratos de Aries; havia grandes e pequenos quadros. Em cada canto, estavam coisas — os pertences de Aries — que Abel havia colecionado desde que ela pisou no império: um lenço, fios de cabelo dela, a xícara que compartilharam em um chá envenenado, uma luva rendada, um grampo, o primeiro vestido que ela usou no império e tudo mais, como um homem obcecado.

Mas além destas coisas, o mais conspícuo de todos era a enorme gaiola no canto. Todos pensaram que era uma piada quando Abel fez esse pedido, mas parecia que Conan percebeu que não era apenas uma piada. Assim, a existência daquela gaiola.

‘Parece que essa gaiola cumprirá seu propósito em breve,’ pensou Isaiah, desviando o olhar das costas de Abel. ‘Será que ele sempre soube que isso aconteceria?’

Outro leve suspiro escapou das narinas de Isaiah antes de deixar completamente a sala. Quando o clique suave da porta chegou aos ouvidos de Abel, sua expressão lentamente morreu e tornou-se vazia.

“Ahh… querida,” ele murmurou, fechando os olhos enquanto esticava o pescoço de um lado para o outro. Abel então virou-se, olhando ao redor da sala de coleção que ele tanto prezava. Essa sala era ainda mais segura e escondida do que o tesouro real.

“Meu tesouro.” Outro sussurro escapou de seus lábios enquanto ele caminhava em direção ao primeiro retrato colocado nesta sala. O retrato de Aries fora feito somente com tons vermelhos, mas ainda assim parecia com ela. Era deslumbrante.

Abel levantou a mão até que sua palma tocasse o retrato. Seus olhos permaneceram fixos em Aries, e ele cerrava os dentes suavemente.

“Você está me deixando muito, muito irritado,” saiu uma voz leve, com os olhos brilhando de irritação e emoções desconhecidas. “E, ao mesmo tempo, muito divertido. Você está me deixando louco. Sério. Tão rude.”

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[ MANSÃO PROIBIDA ]

Sunny estava ajoelhada dentro da caixa de areia que Abel lhe deu para que pudesse fazer castelos de areia. Quando de repente um vento soprou por trás dela, suas pequenas mãos sujas, que estavam moldando a colina que ela fizera, pararam. Ela observou alguns grãos de areia espalharem-se no ar e, então, lentamente olhou para o céu.

Nuvens grossas começaram a se juntar lentamente, cobrindo o céu azul brilhante e escondendo o sol atrás delas. Não demorou muito para que os arredores parecessem sombrios enquanto outra rajada de vento soprava por trás dela. Sunny desviou os olhos do céu quando a colina de areia que ela havia feito desmoronou.

“Ah, não,” murmurou ela, olhando para a colina arruinada diante dela. “Vai chover em breve.”

Sunny lentamente virou a cabeça para a direita, avistando seu tio, Leon, se aproximando dela. Sua expressão estava rígida desde a chegada de Máximo, mas Sunny não refletiu muito sobre isso. Seus olhos vagaram até a mansão atrás dela, fixando-se em uma janela específica.

Lá, em uma das janelas, um homem estava em pé, olhando em sua direção.

“Sunny,” ela ouviu a voz de Leon quando ele se aproximou mais, mas ela não tirou os olhos do homem na janela. Leon a chamou mais uma vez, mas ela não respondeu. Assim, ele seguiu a direção para onde ela olhava, vendo apenas janelas sem ninguém.

Mas, aos olhos dela, ela sustentava o olhar de alguém.

“Sunny…” Sunny sussurrou, seu rosto adorável com uma expressão solene. “… sentiu o mesmo quando sua mamãe e seu papai foram procurar a vovó e o vovô.”

Leon franziu as sobrancelhas, olhando de volta para a garotinha.

“Um presságio está vindo… ele disse,” ela adicionou, sem tirar os olhos da janela onde o pai de Conan estava se recuperando.

“Quem disse?” perguntou Leon, apenas para ver Sunny apontar para outra janela. Seus olhos seguiram a direção para onde ela apontava, mas não havia ninguém lá. As linhas entre suas sobrancelhas se aprofundaram, olhando de volta para ela, apenas para ouvi-la falar suavemente novamente.

“Ele,” disse ela em voz baixa. “Um Grimsbanne morrerá, é o que ele está dizendo.”