Capítulo 683: Rubí
O Império Haimirich não havia lamentado por muitos anos, já que sempre foi sucesso após sucesso. Mas os últimos três dias foram especialmente silenciosos, não apenas no palácio imperial, mas nas ruas da capital.
Aries estava parada em frente ao espelho de corpo inteiro, encarando a si mesma após se preparar para seus planos do dia.
“Sua Majestade.” Aries piscou os olhos suavemente, olhando por cima do ombro para onde Suzanne estava. “Todos estão esperando.”
“Todos podem esperar.” Aries voltou a se encarar no espelho, respirando profundamente, mas com cuidado. “Essas joias são muito extravagantes. Traga-me outras.”
Suzanne pressionou os lábios em uma linha fina antes de fazer uma reverência. “Sim, minha rainha.”
Suzanne cuidadosamente deixou Aries para buscar a caixa de joias da imperatriz para trocar as que ela estava usando pela terceira vez. Ela sabia que Aries estava ganhando tempo, mas não comentou sobre isso. Quando voltou com a caixa na mão, Aries ainda estava na mesma posição, encarando a si mesma por mais tempo do que antes.
“Será que eu deveria voltar à minha cor original de cabelo?” perguntou Aries de repente, fazendo Suzanne diminuir os passos até que ela estava ao lado da imperatriz. “Tenho pintado meu cabelo de loiro, mas não vejo mais necessidade disso.”
“Tudo o que Sua Majestade faz e veste vira uma tendência de moda,” Suzanne comentou suavemente. “Tenho certeza de que mudar a cor do seu cabelo para a original não afetará sua reputação.”
Aries balançou a cabeça. “Acho que não. Afinal, hoje todos no império se tornarão prisioneiros.”
Suzanne não respondeu mais nada, estudando o perfil de Aries. Desde que Aries ascendeu ao trono, ela se tornou cuidadosa e distante. No entanto, em particular, havia traços daquela mulher que Suzanne conheceu pela primeira vez: despreocupada, atenciosa e curiosa. Somente recentemente Suzanne notou as mudanças sutis em Aries.
“Como está Violet?” Aries perguntou enquanto escolhia quais joias combinariam com sua roupa hoje.
“Ela está bem, Sua Majestade. Sir Roman a visitou há dois dias. Tenho certeza de que ele já garantiu a segurança dela e de seus filhos.”
“Esses dois sempre foram tão frustrantes.”
Desta vez, Suzanne deixou escapar um leve riso. “A Baronesa não tinha pressa.”
“A cada dia que passa, Violet envelhece. Roman não.”
“Havia crianças envolvidas, Sua Majestade,” disse Suzanne, sabendo que Aries estava simplesmente se envolvendo nesse pequeno diálogo para esquecer dos problemas maiores por um momento. “Por isso, a Baronesa e o Cavaleiro Sir estavam levando seu tempo no cortejo.”
Aries permaneceu em silêncio, pegando um anel com uma pedra de rubi.
“Este parece melhor,” disse, experimentando o anel que nunca havia usado antes.
“É lindo, minha senhora.” Suzanne sorriu. “Ouvi dizer que Sua Majestade reuniu todos os joalheiros habilidosos do império para fazê-lo.”
“É de Abel?” Aries levantou as sobrancelhas, espiando Suzanne.
“Sim, Sua Majestade. Veio junto com todos os presentes que você recebeu dele durante o casamento.”
“Hah…” ela balançou a cabeça, levantando a mão e encarando o anel em seu dedo anelar. “É lindo, de fato.”
“Em Topia e Chivisea, os guerreiros adornavam suas armaduras com rubis para proteção. Alguns membros da realeza os usavam para se protegerem de infortúnios e doenças,” compartilhou Suzanne enquanto Aries levantava as mãos mais alto, encarando o brilho da pedra vermelha. “Acho que Sua Majestade deveria usá-lo.”
O canto dos lábios de Aries se arqueou. “Encontre-me um colar e brincos que tenham a mesma cor.”
“Sim, Sua Majestade.” Suzanne imediatamente começou a procurar pelas joias que combinassem com o anel. Não demorou muito para encontrá-las, colocando-as de lado, antes de ajudar Aries a tirar as joias que a imperatriz já estava usando.
Quando Suzanne terminou, Aries se encarou no espelho, acariciando o colar banhado a ouro que tinha pequenos pedaços de rubis nele.
“Não é muito grandioso?” Aries indagou, enquanto Suzanne balançava a cabeça.
“Grandioso é apenas adequado para a imperatriz.”
“Devo usar um maior, então?”
“O que você quiser, Sua Majestade. Todos podem esperar até você estar pronta.”
“Então vamos testar tudo.”
“Sim, Sua Majestade.”
Com isso dito, Suzanne teve que tirar as joias de Aries e substituí-las por outro conjunto. Elas fizeram isso repetidamente. Aries testou tudo, tomando seu tempo precioso como se não tivesse um compromisso marcado para receber o rei do continente.
Aries sabia que estava atrasada, mas ninguém do palácio do imperador veio até ela para falar sobre isso. Na verdade, nenhuma alma veio lembrar-lhe de sua tardança.
“Este parece simples,” Aries ponderou enquanto examinava o conjunto de joias que estava usando no momento. “Simples, mas elegante. Eu gosto.”
Suzanne apenas sorriu. Esse conjunto era o que Aries originalmente havia usado antes de testar o anel de rubi. A única peça que Aries não tirou foi o anel de rubi.
“Você acha que a cerimônia de recepção já terminou?” perguntou Aries, voltando seus olhos para Suzanne.
“Considerando que provavelmente esperaram pela sua chegada, a cerimônia foi provavelmente atrasada.”
“Então deveríamos começar tudo de novo?”
“Que tal eu preparar para você um chá calmante, Sua Majestade?” Suzanne sorriu sutilmente, sabendo que Aries estava simplesmente se exaurindo para ter uma desculpa.
Não comparecer à chegada de Máximo foi um grande gesto da imperatriz. Isso apenas significava que ela não gostava desse convidado e, assim, aqueles que eram apoiadores da rainha ficariam cautelosos com o distinto convidado do império.
“Seria ótimo,” disse Aries, fazendo o sorriso de Suzanne se esticar um pouco mais.
Com isso dito, Suzanne ajudou Aries a se sentar na poltrona perto da janela antes de sair para preparar um chá e alguns petiscos para a imperatriz. Quando Suzanne deixou Aries sozinha, ela virou a cabeça para a janela, deixando o silêncio reinar na câmara.
“Que incômodo.” Sua voz suave rompeu o ar parado, suas pestanas tremulando de maneira delicada. “Mesmo à distância, consigo sentir a tensão no grande salão. Espero que meu marido me perdoe por não estar lá para ouvir os disparates de seu amigo.”
Aries apoiou o cotovelo no braço da poltrona, descansando o queixo nos dedos. “Eu me pergunto… onde está aquele homem que afirmou ser minha alma gêmea? Devo forçá-lo a vir até mim?”