Capítulo 677: Não me teste, você.

“Eu me pergunto como seria o corpo dela sem todos esses tecidos?”

Uma poderosa rajada de vento soprou por Aries, mas ela manteve sua expressão severa. Quando o vento diminuiu, o som de corpos pesados caindo no chão ressoou um após o outro. Mas a multidão que diminuía não perturbava Aries, nem surpreendia Máximo e Abel.

“Ah!” o anfitrião recuou até cair sobre as nádegas, olhando fixamente para aquelas asas gigantes ensanguentadas que surgiram do nada.

“Eu deveria ter pedido sua língua.” Abel inclinou ligeiramente a cabeça para baixo, olhos fixos no homem à sua frente. “Ah, bem… seus olhos bastarão por ora.”

O canto dos lábios de Máximo se ergueu, limpando o corte em sua bochecha após o ataque de Abel com suas asas.

“Faz tempo desde que eu vi essas asas dos Grimsbanne,” ele refletiu, lambendo o sangue de seu polegar, olhos fixos em Abel. “Mathilda nunca usou as dela.”

“Considerando que minha irmã não se importa, não estou surpreso.”

Máximo avaliou o sorriso em Abel que não alcançava seus olhos ameaçadores. Seu olhar então se demorou naquelas asas belas e assustadoras que traziam dor e força iguais ao seu dono.

“Sua Majestade!”

Aries desviou os olhos de Abel e Máximo, pegando a multidão inconsciente no chão. Linhas profundas surgiram entre suas sobrancelhas quando ela notou que, fora da praça, algumas pessoas continuavam suas noites como de costume.

“Ah,” Aries olhou para cima, estreitando os olhos até que uma parede transparente surgisse à sua frente. “É assim que é.”

“Eu devo te elogiar, minha amiga.” Aries olhou de volta para Máximo quando o homem aplaudiu moderadamente. “Eu ouvi sobre o feiticeiro que você tinha ao seu lado. É uma surpresa que um feiticeiro e um Grimsbanne possam manter uma boa relação. Ele foi bem rápido para erguer essa barreira.”

Quando Aries olhou novamente para Máximo, ela o viu olhando ao redor com um sorriso. Durante todo esse tempo aprendendo o básico de bruxaria com Isaiah, Aries aprendeu muitas coisas com ele. Isaiah podia não apenas lançar um simples feitiço ou uma barreira protetora, mas também uma barreira que faria com que uma certa área se tornasse mais ou menos invisível.

De fora, provavelmente todos ainda estavam vendo o mesmo cenário do concurso. Ou talvez tenha mudado. Depende do que Isaiah fez para escondê-los. Isaiah era de fato incrível por sua reação oportuna e eficiente, mesmo estando no palácio.

“Eu queria passear pela capital por um tempo, mas quando eu vi você se divertindo tanto, eu não pude resistir.” Máximo manteve seu sorriso, sua expressão ainda pálida e sua aura fraca. Mas Aries não podia baixar a guarda, sabendo que esse homem havia deposto o trono para reivindicá-lo. Não qualquer trono, mas o trono do rei dos vampiros.

“Você não parece tão radiante quanto eu, porém.” Seu sorriso desvaneceu levemente enquanto ele suspirava. “Que triste.”

“Sua Majestade!”

De repente, a voz de Conan foi ouvida à distância. Quando Aries seguiu sua voz, tudo o que ela viu foi o fogo nos olhos de Conan, seguido pelo som de uma espada sendo desembainhada.

“Oh, olá, meu caro irmão,” saudou Máximo ao furioso Conan, que avançava em direção a eles.

No momento em que Conan empunhou sua espada, múltiplas sombras os cercaram, substituindo a multidão inconsciente por suas espadas erguidas. Mas isso não impediu Conan, nem os cavaleiros com ele que também apareceram alguns segundos após Conan.

Num piscar de olhos, a competição animada tornou-se sombria com toda a multidão original inconsciente no chão como resultado da explosão de aura de Abel.

Agora, a área consistia apenas de Abel e Máximo de pé um de frente para o outro. De um lado, pessoas vestindo capas e uniformes desconhecidos por baixo. Do outro lado, os cavaleiros reais liderados por Conan. Ambas as forças esperavam, observando o adversário, prontas para balançar suas armas ao menor sinal.

Se não fosse por Aries ser capaz de controlar uma boa fração de seus poderes, ela não conseguiria suportar o ar sufocante ao redor. E pensar que Abel não tinha lançado uma aura em Máximo e vice-versa. Até o anfitrião, que conseguiu superar a primeira explosão de aura quando Abel abriu suas asas para atacar Máximo, desmaiou.

CLASH!

Aries voltou ao momento atual ao som agudo do metal se chocando. Quando ela seguiu o barulho, viu Conan avançando em direção a Máximo com sua espada, mas outra pessoa bloqueou seu ataque iminente.

“Irmão, faz tempo que não nos vemos, mas parece que você não mudou nada,” gracejou Máximo antes da pessoa que bloqueou o ataque de Conan forçar Conan para trás. “Eu esperava que você tivesse amadurecido, pelo menos um pouco. Quero dizer, eu sei que tivemos nossos mal-entendidos, mas como você pode cumprimentar seu irmão doente desse jeito?”

Máximo então voltou seu olhar para Abel. “Eu acho que você também não mudou, meu amigo. Você ainda o mima demais.”

“Você também não mudou, Quarto. Ainda está cheio de suas típicas bobagens.” A voz de Conan tremia quando o fogo em seus olhos ardeu ainda mais. No entanto, antes que ele pudesse lançar outro ataque, a voz calma de Abel cortou o ar parado.

“Seu olho?” Abel ergueu uma sobrancelha; ninguém sabia se ele estava sequer ciente de seus arredores ou da presença de Conan, já que seu foco estava inteiramente no homem à sua frente. “Você sangrou primeiro, e já que entrou no meu império… essa taxa de entrada não é muito, estou correto?”

“Certo…” Máximo riu. “Eu quase esqueci disso.”

“Sua Majestade!” alguém de outra força se aproximou de Máximo por trás.

O último olhou por cima do ombro e sorriu. “Está tudo bem. Abel é meu amigo, e tivemos uma aposta. Se eu não arrancar os meus olhos, ele o fará. Essa é a aposta, e é minha culpa por baixar a guarda.”

Máximo então levantou lentamente os olhos para Aries, oferecendo-lhe um sorriso gentil. Mas, infelizmente, Aries manteve sua fachada inabalável. Ela sentiu pena dele no início, mas depois de aprender quem esse homem era, Aries não mostrou a menor piedade.

“Quão belo, de fato. Meu único consolo aqui é que pude vê-la antes de perder um olho,” murmurou Máximo, estudando o olhar inabalável em seus olhos iridescentes. “Agora eu sei por que você era —”

Máximo foi abruptamente interrompido quando a ponta afiada das asas de Abel de repente mirou no seu olho. Mas, para surpresa de Aries, ele conseguiu agarrá-la, embora arriscasse a palma de sua mão a ser cortada.

“Isso não está certo, meu amigo,” disse Máximo. “Eu ainda não terminei de falar.”

“Não me provoque, você.” Abel piscou com ternura, sua expressão séria. Talvez essa fosse a primeira vez que Aries via Abel não sorrir diante de seu inimigo. “Olhe para ela novamente ou fale sobre ela com essa boca suja, e eu acabarei com você aqui e agora. Talvez uma viagem para o continente seja um bom exercício depois.”